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Chapter 2: the hunt - parte 1

L U C I E N

[a caçada – parte 1]

A TENSÃO ERA QUASE PALPÁVEL naquela mesa, todos estavam mais brancos que papel e mal respiravam, pareciam em transe, como se não acreditasse que alguém conseguisse quebrar a barreira de Velaris.

Em pelo menos cinco segundos todos começaram a agir, sifões brilharam, espadas bradaram e poderes cantaram, era sufocante estar na mesma sala que os seres mais poderosos do mundo. Lucien queria se encolher até virar um mero pontinho de fogo. Excesso de poder solto em um momento de nervosismo o lembrava de Tamlin, e isso definitivamente não era uma boa lembrança.

Azriel, como se percebendo o temor que percorria seu corpo ereto — lutando para não diminuir na cadeira e começar chorar - apareceu ao seu lado, simplesmente surgiu. Suas sombras começaram a se agitar, correndo de seu mestre e se enrolando nos pulsos do ruivo, a consistência gelada - como névoa - subiu pelos braços de Lucien como se o acalentasse.

O espião corou fortemente, o que Lucien achou — secretamente — muito fofo. Rhysand se ergueu de súbito e todos pararam a comoção de pegar armas.

— A barreira foi quebrada — após essa sentença o Grão-senhor correu para a varanda, levando Mor consigo e Feyre logo atrás, eles abriram as asas içando vôo e atravessando em seguida. Cassian levava Nestha e Azriel ficou para levar Lucien.

Amren ficaria para cuidar da Casa e Elain não podia fazer nada de importante, já que... bom, ela não fazia nada mesmo.

Azriel pegou na cintura marcada de Lucien, se deliciando mentalmente com o contato, mesmo que interrompido pelas suas luvas de couro, as quais seguravam seus sifões. O ruivo se agarrou ao pescoço do espião, que em poucos momentos estava no ar, indo cada vez mais rápido em direção ao buraco na barreira, que todos haviam sentido quebrar.

Eles chegaram ao local que parecia ter sido revirado ao avesso, um enorme pedaço de terra estava desprovido de neve em formato de círculo, o espaço que havia sido aberto na magia era grande o bastante para passar um Illyriano com as asas abertas, algumas árvores estavam quebradas na direção contrária, como se um furacão tivesse passado por ali.

Todos ofegaram perante a visão, qualquer que fosse o ser que havia feito aquilo já estava em Velaris.

{...}

Rhysand havia lhe avisado que fizeram rondas por toda a cidade e não encontraram nem o rastro de cheiro do invasor, por isso supuseram estar na Cidade Escavada, e iriam precisar de Lucien para isto, pois como ele era Emissário poderia o procurar mais rápido e sem ser notado, já que circular pelo salão e conversar com as pessoas fazia parte de seu trabalho.

Era uma espécie de baile para saudar a chegada dos Grão-senhores, que na opinião de Lucien só são senhores no título, porque é óbvio que se algo acontecer na cidade será muito difícil eles ficarem sabendo. Sinceramente, ele ainda não sabe como Keir não tomou a Corte dos Pesadelos para si, um golpe de estado em um governo que quase não tem supervisão é relativamente simples, ainda mais quando tem apoio do povo que parece ser imensamente desgostoso com Rhysand no poder.¹

Certo que ele é o Grão-senhor mais poderoso, mas não pode fazer nada contra uma revolução que teria apoio das massas, dos militares e da elite, tudo isso traria muitos problemas políticos para a Corte Noturna e a enfraqueceria o suficiente para ser atacada e talvez tomada por um governante com pensamentos expansionistas.². Pode ser que o medo que ele impôs em todos daquele lugar fosse o suficiente para mantê-los.

Mas isso são questões diplomáticas demais para se pensar em um final de semana, é o que concluiu enquanto terminava de fechar o corset branco com detalhes em dourado, logo colocando algumas argolas nas traças laterais, um piercing central no lábio inferior, alguns brincos nas orelhas pontudas. Lucien pegou um potinho marrom decorado com pinturas renascentistas e o abriu, passando um pincel fino pelo pó dourado, contornando os olhos marrons avermelhados, tornando-os mais felinos. Seus lábios estavam avermelhados pelo leve pigmento e as maçãs acentuadas por iluminadores.

Ele se sentia bonito, fazia muito tempo que isso não acontecia.

O macho ruivo havia sentido que precisaria se arrumar mais, como um instinto e tudo naquela roupa era milimetricamente calculado para o favorecer.

Lucien saiu de sua casa, terminando de amarrar uma adaga na cintura, que fazia parte de seu trage e combinava com o corset. Ele chegou a casa de Feyre no horário certo, nem um minuto a mais e nem um minuto a menos. Bateu na porta e esperou por volta de três segundos até um Illyriano coberto de sombras atender.

Ele ficou prestando atenção não reações de Azriel - mesmo sem saber o porquê - e a cara que ele fez foi impagável.

Primeiro, o espião o olhou de cima a baixo com a boca entreaberta, nem piscava. Depois engoliu em seco alto o suficiente para que Lucien escutasse. Então passou a encarar cada detalhe de seu rosto com as bochechas coradas.

— V-você — ele parou de falar, fechou os olhos e respirou fundo, como se estivesse se repreendendo por gaguejar, então aquele sorriso sarcástico voltou - você está lindo, Luci

— Gaguejou é? Não sabia que minha beleza o afetava tanto, querido — Lucien proferiu as palavras como se fossem mel, e estas alcançaram o alvo, já que por um momento Azriel vacilou o tronco

— N-não afeta

Lucien 1 × 0 Azriel

— Claro que não — respondeu com ironia, sendo correspondido com um sorriso nervoso — Vai me deixar entrar, ou prefere me guardar em algum lugar, alegando que eu me perdi?

— Olha essa não é uma má ide... — ele foi cortado por Lucien, que empurrou seu corpo e passou para casa, deixando um Azriel risonho atrás

Oh, seria uma noite mais divertida do que ele pensava

¹ Faço uma breve referência ao golpe de Getúlio Vargas, que tomou o poder na Revolução de 1930

² Aqui eu cito o tipo de governo de Hitler, que foi o que eu me inspirei para montar o da Outonal

o estilo do corset do Lucien:

fanart linda do meu bebê:

27/11/2021