A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do Sul

Prólogo

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Quase 30 anos atrás...

— Gabriel, tu vai mesmo fazer isso? — perguntava Eduardo preocupado.

— Vou. Se isso pode nos ajudar a nos proteger melhor, então eu vou tentar.

O Gabriel quer cometer uma loucura, pensava Eduardo.

Os bruxos eram criaturas assustadoras até mesmo para os licantropos. Sempre souberam que não deveriam confiar muito nos bruxos. Agora, os bruxos estavam se fazendo de amigos como agradecimento por terem salvo eles de um ataque dos desonestos. Os bruxos eram bons em se protegerem, mas daquela vez os desonestos orquestraram bem um ataque surpresa e se o bando de licans não tivesse chegado a tempo para ajudar, talvez os bruxos não tivessem sobrevivido.

— Vocês não querem encontrar suas companheiras? — perguntava o bruxo Zadish — Esse ritual vai ajudar vocês a ficarem mais fortes nas habilidades licans e ainda vai ligar vocês às companheiras, ficando mais fácil de encontrá-las.

Os homens licans, mesmo os que ainda não tinham encontrado suas companheiras, recusaram a oferta. Eles podiam ter ajudado os bruxos no ataque dos desonestos, mas isso não significava que confiariam neles. Não ao ponto de confiarem num ritual que envolveria suas habilidades de luta e até mesmo suas companheiras. Mas um jovem aceitou correr o risco. Gabriel ainda era um adolescente e estava começando a acompanhar o bando em algumas batalhas. Por ser jovem ainda e sem experiência, participava apenas auxiliando os soldados feridos, alcançando armas... mas o rapaz já demonstrava grande coragem e determinação. Ele decidiu que aceitaria a oferta dos bruxos. Se o ritual funcionasse, que bom, no futuro outros licans poderiam repetir o ritual. Se não funcionasse, apenas ele arcaria com as consequências de confiar naqueles bruxos. Houve discussão no bando, no Conselho de Guerreiros e até na família do rapaz.

— Eu não quero que tu faça isso. Eu sinto um aperto no peito só de pensar em te ver envolvido num ritual com aqueles bruxos — dizia a mãe de Gabriel, angustiada.

— Tu é uma mãe protetora, mas o Gabriel já tem idade para tomar as próprias decisões. Eu também não gosto disso, mas entendo que ele quer fazer isso pelo nosso povo. Eu já estou velho, mas, se ainda fosse jovem e sem companheira, eu o faria. Eu sei o que é sentir a escuridão crescendo cobrindo a nossa alma e saber que não podemos fazer nada além de torcer para encontrar a fêmea que vai nos salvar. Deixe o Gabriel fazer o que ele acha que é certo. É um menino correto, que só quer cuidar melhor do nosso povo e se proteger de se tornar um desonesto.

Então, sob os protestos de sua mãe, Gabriel se confiou ao ritual dos bruxos. Desde o primeiro ritual Gabriel sentiu suas habilidades melhorarem. Parecia ter mais clareza mental, até seu desempenho na escola melhorou. A cada ritual percebia como melhorava o seu desempenho. A capacidade de raciocínio rápido era excelente, um grande trunfo nas batalhas com os desonestos. Não era só o raciocínio que melhorava. Como os bruxos haviam dito, praticamente todas as habilidades de um lican eram acentuadas. O ritual deveria ser repetido de tempos em tempos, sempre que sentisse que suas habilidades não estavam mais tão fortes. Mas, sobre encontrar a companheira, Gabriel se viu na mesma situação que os demais machos licans - esperando...