16 - Preciso de um beijo

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Pela manhã, Gabriel desperta e se surpreende ao perceber que está na cama de Cláudia e ela está ao seu lado. Quis se virar para ela, quando sentiu uma dor aguda na região do ombro esquerdo. Olhou para baixo e percebeu o emplastro. Foi quando recordou da batalha do dia anterior. Tinha sido ferido e, pelo jeito, gravemente. Olhou novamente para Cláudia dormindo ao seu lado e se perguntou se ela o tinha cuidado. Daria qualquer coisa só para voltar um pouco no tempo e ver ela o cuidando. Não tinha dúvidas de que sua companheira o cuidaria. Ela poderia ser difícil de lidar, mas ainda assim era sua companheira.

Cláudia despertou sentindo os dedos de Gabriel passando pelo seu rosto.

— Gabriel, como tu está?

— Eu estou bem. Só com um pouco de dor, mas vou ficar bem, meu anjo.

— Eu vou te dar o remédio que o Odilon deixou.

Cláudia já falou levantando da cama, ignorando os lamentos de Gabriel lhe pedindo que ficasse. Se aproximou dele com um comprimido para dor enquanto deixou um chá sendo preparado na cozinha. Gabriel tomou o remédio oferecido por sua companheira sem tirar os olhos dela. Nem lhe importava que remédio fosse, se era ela que lhe oferecia, tomaria. Chegou a pensar que não teria sido tão ruim ser ferido.

— Daqui a pouco nós vamos ter que trocar isso aí — ela disse apontando para o emplastro.

— Como quiser, minha companheira — respondeu sorrindo, o que ela lhe respondeu com um sorriso obviamente irônico, essa era a sua Cláudia.

Ainda cedo, alguém bateu na porta. Cláudia se apressou a abrir quando a potente figura de Rodrigo surgiu na soleira.

— Como ele está?

— Está bem. Ele acordou a pouco e já comeu alguma coisa. Pode ir lá ver ele — ela disse dando espaço para que aquele homem grande pudesse passar em direção ao quarto.

Cláudia evitou entrar no quarto enquanto Rodrigo estava lá, claramente aquele lican não gostava dela e, sendo amigo de Gabriel, até podia entender o porquê. Os homens se protegem e provavelmente aquele homem a culpava pelo sofrimento do amigo. Mais uma vez, os problemas de um relacionamento caíam sobre os ombros da mulher como se fosse a única culpada. Só entrou no quarto para recolher a louça do café da manhã que Gabriel a tinha feito tomar junto com ele e foi rápida, evitando olhar para Rodrigo.

Rodrigo não pode ficar muito tempo, porque precisava ir trabalhar. Militar do exército, precisava estar às 10h no batalhão. Antes de sair, Rodrigo parou na porta.

— Ontem à noite.. Eu não devia ter falado contigo daquela forma.

— Não tem do que se desculpar. Ele é teu amigo. Se fosse alguém com quem me importasse, provavelmente eu reagiria da mesma forma. Está tudo bem, de verdade.

Rodrigo se surpreendeu mais uma vez com aquela fêmea. Será que ela se importava mesmo com Gabriel? Sendo companheira dele era isso o que se esperava, mas não era o que ela tinha demonstrado até então.

Após a partida de Rodrigo, Cláudia voltou para o lado de Gabriel, sentando na cama para conversar.

— Ele é sempre sério assim?

— É — Gabriel riu — É o jeito dele, mas é uma ótima pessoa. Eu gosto de ter ele por perto. Sempre foi um bom líder e um bom amigo também.

— Ele é teu amigo. Ele estava bem preocupado ontem à noite. Foi bem intimidador.

— Como assim?

— Ele foi intimidador e eu entendo, o amigo dele estava mal. Pensei que ele ia avançar em mim se eu não dissesse que ia cuidar de ti.

A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do SulOnde histórias criam vida. Descubra agora