12 - Dá um tapa nele

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— Nós ainda não descobrimos o que os desonestos e renegados estão fazendo em São Lourenço do Sul. Eles não estariam rondando a Cláudia por nada — Rodrigo ainda estava desconfiado das intenções dos desonestos. Não deviam estar interessados apenas na fêmea.

— Eles sentiram o aroma do Gabriel. Isso não explica o interesse deles nela? — questionou Roger.

— Sim. Explica o interesse nela, mas não explica porque deixaram ela viva. Também não explica aquele homem morto perto da igreja. Tem algo a mais aí. Os vampiros já disseram algo?

— Não. Eles têm algumas suspeitas sobre o que os renegados podem estar fazendo, mas nada concreto. Não sabem muito mais que nós.

— Que droga. Não podemos ficar no escuro desse jeito — Rodrigo sabia bem que os desonestos não costumavam ser piedosos. Não combinava com eles brincar com uma mulher lican e deixá-la viva, mas Cláudia era ligada à Igreja Católica e isso não soava bem. O homem morto também era ligado à Igreja — Gabriel! Gabriel! Dá um tapa nele — Gabriel andava distraído e isso começava a incomodar o alfa. Caso ocorresse uma batalha, temia que seu braço direito não tivesse o mesmo desempenho — Volta para a Terra. O que a Cláudia disse sobre isso?

— Tu sabe que ela não fala nada.

— Porra, Gabriel! Isso é importante. A vida dela estava em risco e pode estar ainda se aquele renegado tomou o sangue dela. O que está acontecendo contigo Gabriel? Dá um jeito nessa tua mulher e faz ela falar.

Gabriel suspirou apoiando as mãos nas coxas. Não brigaria com o alfa, ainda mais quando ele tinha razão. Cláudia ainda estava em perigo. O vampiro renegado que tomou o sangue dela poderia rastrea-la. Se quisesse chegar até ela, a encontraria  até mesmo no refúgio lican. Do jeito que estava abalado pela rejeição, Gabriel estaria em desvantagem numa batalha, isso significava que não conseguiria defendê-la se precisasse.

— Na verdade, os vampiros tem uma teoria interessante sobre o que os renegados podiam estar fazendo em São Lourenço do Sul e que explica eles não terem machucado Cláudia — Gustavo conversou com os vampiros junto de Roger e a teoria deles realmente fazia sentido — Eles perceberam uma mulher humana companheira de um lican e que não tinha sido reclamada. Como antes dela já tinha tido a Clara, as duas ligadas à Igreja, talvez a Igreja tenha a resposta que procuramos. Talvez a Igreja tenha alguma forma de identificar companheiras e é isso o que atraiu os desonestos e os renegados. Eles não mataram a Cláudia porque querem descobrir como encontrar as próprias companheiras deles. Os desonestos não sabem ainda como a Igreja identificou a Cláudia e eles precisavam descobrir isso.

Todos os licans se agitaram. Os guerreiros e os velhos licans estavam todos reunidos ao redor da fogueira e quando Gustavo falou a teoria dos vampiros, todos se agitaram e começaram a falar ao mesmo tempo. Encontrar a companheira era o maior sonho de todo lican. Não encontrá-la era o maior pesadelo, o que fazia com que alguns sucumbissem se tornando desonestos.

— Mas como a Igreja saberia que uma mulher é a companheira de um lican se nem nós podemos reconhecer a companheira de outro? O Bruno só identificou a Cláudia porque ela estava com o aroma do Gabriel graças a aquele maldito ritual que ele irresponsavelmente insistiu em fazer, mas isso não é normal. Não tem como a Igreja identificar nossas companheiras não reclamadas — Raul estava chocado com essa teoria. Nunca em todos seus anos de vida tinha ouvido algo assim.

— Mas a Clara não tinha o meu cheiro e estava com a Igreja — lembrou Danilo.
— Mas tinha a história daquele padre que tinha sonhos proféticos. Eles sequestraram a Clara ainda bebê. Então, em relação à Cláudia, essa teoria pode sim ter algum sentido — raciocinou Odilon.

A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do SulOnde histórias criam vida. Descubra agora