20 - A conversão

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— Clau, hoje nós vamos iniciar a tua transição. A minha companheira vai se tornar lican.

Gabriel estava animado. Pela proximidade de Cláudia com Clara, ele soube que Danilo tinha iniciado a conversão dela em uma praça da cidade. A praça Xavier Ferreira*, localizada na região central da cidade, em estilo neoclássico e cheia de monumentos e árvores centenárias, talvez fosse a principal praça da cidade. Talvez seja uma boa ideia converter Cláudia lá, pensou Gabriel. Cláudia praticamente não saira mais de casa, desde que ele a tinha levado para o Refúgio Lobo Di Gubbio.

Assim que caiu a noite e a grande Lua Cheia despontou, Gabriel e Cláudia saíram de casa e dirigiram até a praça. Era início da noite e ainda tinha um pouco de movimento, mas não muito por ser meio de semana. Sentaram na borda do Chafariz das Três Graças**, o chafariz é uma referência às três filhas de Afrodite, a deusa da beleza na mitologia grega. À noite não teria muita gente ali para ver eles.

— Clau, eu quero que saiba o quanto isso é importante para mim. Eu sonhei com encontrar a minha companheira a vida toda e agora tu está aqui, minha fêmea. Nós tivemos os nossos problemas e eu sabia que iríamos superar. Nós vamos ficar unidos para sempre. Nossas almas já estão entrelaçadas e agora tu vai se tornar lican como todos nós. Isso significa muito não só para mim, mas para todo o povo lican. Tu é importante para todos nós — ele falava enquanto acariciava o rosto dela, até que retirou do bolso interno da jaqueta uma antiga adaga de prata — Essa é a adaga cerimonial que foi abençoada pelos antigos através dos membros do Conselho. Eu vou fazer um pequeno corte para que tu possa tomar o meu sangue.

Ele puxou a gola da camisa para baixo e fez um pequeno corte perto da clavícula. Sem pensar duas vezes, Cláudia se aproximou e bebeu o sangue que saia dali. A sensação de ter sua companheira bebendo seu sangue, enviou chamadas por todo o corpo masculino e ele sentiu sangue se acumulando no membro entre as pernas. Esse era o efeito que Cláudia tinha sobre ele, mas agora estava muito intenso. Poucas coisas poderiam ser mais estimulantes do que sua companheira tomando seu sangue para ser como ele. Repetiram o ritual por 4 noites seguidas. Quando se deu conta do que fazia com ele, Cláudia tratou de provocá-lo. Enquanto tomava o sangue de Gabriel, Cláudia o tocava. Na última noite do ritual, Cláudia o tocou tanto enquanto bebia o sangue dele, que quase o masturbou ali na praça mesmo. Gabriel precisou tirar a mão dela do seu membro e lembrá-la de onde estavam. Sua mulher era fogosa e o desejava, se entregou ao ritual de conversão confiando totalmente nele, nada poderia alegrar mais um macho do que isso.

Em casa, Gabriel observava Cláudia na cama com a respiração ofegante. Ela estava quieta, mas ele sabia o que estava acontecendo, a transformação estava começando. Logo, sua companheira seria uma loba.

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Padre Júlio foi retirado da Igreja por Rodrigo e Roger. Gabriel não pode participar, pois estava cuidando da companheira que estava sendo convertida. Os licans chamaram o padre para uma conversa na frente da igreja e assim que saiu o jogaram para dentro de um carro, o levando para o local combinado com os vampiros. Era final de tarde e logo os vampiros despertariam para iniciarem o interrogatório. Rodrigo sentia a mão coçar de tanta vontade de iniciar os trabalhos com o padre.

Zico foi o primeiro a chegar. Ele era um dos mais velhos vampiros daquela região. Se aproximou olhando dentro dos olhos do padre.

— Padre, podemos fazer isso da forma fácil ou difícil. Como o senhor prefere?

— Não sei o que vocês querem, mas, por favor, não façam nenhuma bobagem. Deus a tudo vê...

Zico, Rodrigo e Roger interromperam o padre com uma gargalhada.

A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do SulOnde histórias criam vida. Descubra agora