2k 》AVISO: esse capítulo contém cena de aborto
Gabriel e Cláudia se amavam como um casal apaixonado. A rotina em casa era praticamente a mesma, mas o clima era totalmente outro. Ele saia para trabalhar e vinha para almoçar com ela. Cláudia continuava se negando a cozinhar, mas já aceitava ir para a cozinha desde que ele fosse junto. Era maravilhoso cozinhar com Cláudia. Gabriel amava cada minuto que passava com sua companheira e cada coisa que faziam juntos. Sabia que estava parecendo um adolescente apaixonado, mas não se importava que os outros rissem dele. Era ele quem ia para casa se banquetear na boceta encharcada da mulher mais bela do Refúgio. Os outros que rissem.
A energia da casa era outra. Gabriel voltou a ser o homem equilibrado e racional de antes e Cláudia parecia a mulher alegre e graciosa de antes. Agora, a única discussão entre eles era sobre ela ter que continuar dentro de casa e sem o celular. Não era porque estavam bem que Gabriel seria tolo de arriscar perde-la. Era consciente de que sua companheira não tinha o menor senso de autopreservação, cabia a ele fazer de tudo para protegê-la.
Agora que tinham camisinha em casa, ela exigia que usassem sempre. Gabriel não gostava disso, mas nunca reclamava. Sabia que o dia de terem crias chegaria e não seria bom discutir isso com ela por enquanto. Amava a Cláudia generosa que tinha se revelado. Na cama, Cláudia se entregava sem reservas. Fazia tudo o que ele pedia. Sim, pedia. Não se atrevia a lhe dar ordens, muito menos a ser hostil com ela. Conhecia o suficiente de sua mulher para saber que era melhor assim. Daria um braço para nunca mais ter que lidar com a Cláudia intransigente outra vez. Manteria a Cláudia generosa e lidaria com essa fêmea para que ela lhe desse crias. Já podia até imaginá-la correndo pela casa enlouquecida atrás das crianças.
Certo dia, Cláudia se queixou de cólica. Ela não costumava ter tanta cólica, mas tinha tomado a pílula do dia seguinte e sabia que seu corpo ainda devia estar desregulado. A pílula do dia seguinte é capaz de desregular o corpo da mulher por semanas e até por meses. Não tinha em casa nenhum chá bom para cólica e não quis pedir algo para a farmácia. Deitou com uma bolsa de água quente torcendo para que ajudasse, mas parecia não estar funcionando.
— Anjo, tem certeza que não quer que eu vá na farmácia?
— Tenho. Eu não costumo ter tanta cólica, mas isso ainda deve ser efeito daquela pílula. A minha menstruação está atrasada. Isso vai passar e essa semana eu devo menstruar.
— Tu nunca mais vai tomar essa pílula. Como tu toma uma coisa dessas? Tu sabia que seria assim?
— Não. Eu te falei que nunca tinha tomado antes. Eu só sabia que era forte porque amigas minhas já tinham tomado.
Na madrugada, Cláudia acorda com uma forte dor na barriga. Tentou continuar deitada, mas a dor era tanta que sentia lhe rasgar algo por dentro. Tentou levantar, mas o arrependimento bateu forte, sentiu como se tivesse levado uma facada. Continuou deitada se retorcendo de dor. Sentia um líquido saindo da vagina. Esticou o braço para acender a luminária e passou a mão no meio das pernas. Sentiu o coração subir na garganta quando viu os dedos sujos de sangue.
— Gabriel! Gabriel!
Gabriel acordou assustado com Cláudia o chamando. Instantaneamente pode sentir a agonia da companheira.
— Clau, o que foi?
— Acho que eu estou abortando.
Gabriel deu um pulo na cama, seus olhos saltando para a pequena mão suja com sangue. Ele puxou a coberta e o rosto de Gabriel se traduziu em terror quando visualizou a quantidade de sangue no meio das pernas de sua companheira.
Tentando ter todo o cuidado do mundo, Gabriel pegou Cláudia nos braços para levá-la para o carro. Cada gemida de dor que saia daqueles lábios doía em Gabriel como uma chicotada. No hospital universitário, foi confirmado o aborto e Cláudia foi levada para expelir o feto. Gabriel odiou ter que deixá-la apenas com o médico e a enfermeira, queria ficar ao lado dela o tempo todo, segurar a sua mão, deixá-la saber que estava ali por ela. Naquele momento a racionalidade ameaçava abandoná-lo, não entendia porque o hospital não permitia que o companheiro acompanhasse a mulher em um momento como aquele. Somente depois de um tempo que parecia horas sem fim, que o médico chamou Gabriel.
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A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do Sul
WerewolfLivro 3 da serie Os Lobos do Sul SINOPSE: Gabriel é um dos maiores guerreiros licans, considerado um dos homens mais inteligentes e ágeis do bando de Rio Grande, além de ser um grande estrategista e sensitivo. Como lobo beta, ele é o segundo no coma...