13 - Nasceu para mim

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1k 》AVISO: esse capítulo contém cena de teor sexual

— Gabriel, tu está querendo que eu vá para a cama contigo para salvar a tua alma? É sério isso?

— Clau, eu não sou mais o mesmo. Em questão de semanas eu me tornei outra pessoa e às vezes nem eu me reconheço. Desde que eu te conheci que eu só penso em ti e tu não sai da minha cabeça nem por um minuto. Eu estou distraído e descuidado, porque tu não sai da minha mente. O mais preocupante é que eu estou tendo momentos de surtos, eu tenho pequenas explosões de raiva que eu nunca tive antes e isso é sinal que eu estou perto... estou mais perto de me tornar um desonesto. Eu sinto isso.

Cláudia afastou o olhar, não queria olhar para ele — Isso não é justo.

— Cláudia, tu pode brigar comigo o quanto quiser, mas não pode negar e dizer que não sente a energia que existe entre nós e que nos atrai. Tu também se sente atraída a mim. Agora é a hora de deixarmos as nossas mágoas de lado e deixar os nossos corações mandarem, para que a gente não entre em um caminho sem volta.

— Gabriel — ela falou enquanto franzia e esfregava a testa — Tu está colocando uma responsabilidade em mim... Tu já parou para pensar nisso?

— Tu tem essa responsabilidade.

— Não tenho e eu não mereço...

— Tu tem essa responsabilidade desde antes de nascer — Cláudia ficou muda e apenas o observava enquanto explicava — Tu nasceu para ser a minha companheira, foi feita para mim. Por isso é a única que pode me salvar — como Cláudia permanecia em silêncio, ele continuou — Tu tem essa responsabilidade. É uma responsabilidade que tu tem com o teu companheiro e com o nosso povo.

— Teu povo — retrucou mal humorada.

— Nosso povo. Tu não foi convertida ainda, mas é uma mulher lican.

— Eu sou tua... — ela falou baixinho balançando a cabeça enquanto olhava para o chão.

— Cláudia...

— E o que eu preciso fazer é só dar para ti e o problema vai se resolver?

O coração de Gabriel doeu com a frieza e a distância com que ela falou. Doeu ainda por imaginar o que viria. Cláudia não era uma mulher fácil. Era uma mulher ferida e que ultimamente vinha sendo bastante dura com ele. Ela tinha o direito de ser dura com ele, mas ele também tinha seus direitos de companheiro. Cláudia já tinha tido bastante tempo para estar brava com ele, agora precisavam por um fim nisso. Por mais que quisesse desesperadamente toma-lá, ele não era o tipo de homem que tomaria uma mulher a força, mas estava decidido a fazer com que ela entendesse que precisavam se unir de corpos.

— Eu não posso te garantir que isso vá resolver o problema. Só resolveremos quando tu me aceitar. Espero que com uma relação sexual isso aconteça. Tenho certeza que o acasalamento ajudaria o nosso relacionamento. Mas uma relação sexual com certeza já pode me ajudar dando um alívio, isso vai ajudar a aplacar a escuridão que cresce em minha alma.

Cláudia baixou a cabeça ao mesmo tempo que levantava as sobrancelhas. As palavras de Gabriel eram inacreditáveis. Se ela já não conhecesse o povo lican, facilmente pensaria que ele estava querendo se aproveitar dela. Mas, àquela altura, já conhecia o suficiente daquele povo tão estranho para ver um fio de sentido no que ele dizia. Sentiu raiva por ter que ser sacrificada por aquele homem que tanto tirou dela. Mais uma vez ela seria a única prejudicada na história. Sentiu raiva pela responsabilidade que ele colocava em suas costas pela vida dele. Sentiu raiva porque sabia que a vida toda ele tinha se apoiado em um ritual do qual pouco entendia e agora pagavam o preço. Sentiu raiva porque as coisas nunca davam certo em sua vida. Ainda assim, pensou no que aconteceria se ele se transformasse em desonesto. Ela não se perdoaria por permitir que isso acontecesse.

A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do SulOnde histórias criam vida. Descubra agora