A Loba Ferida - Livro 3 da série Lobos do Sul

7 - O monstro

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— Clau, do que tu está falando?

Cláudia arrancou as mãos se levantando para se afastar dele, mas Gabriel deu um salto e levantou junto.

— Cláudia, o que está acontecendo? Me fala.

Cláudia focou o olhar nele e permaneceu um momento em silêncio. Apenas o observando. Gabriel também ficou quieto, apenas esperando uma reação dela, uma explicação, qualquer coisa. E teve uma reação. Num estalo, Cláudia desferiu um tapa no rosto de Gabriel que ficou sem reação. Enquanto Cláudia ficava cada vez mais histérica, Gabriel cada vez mais se via sem reação. Em nada parecia com o guerreiro lican que tinha sido toda a vida.

— Seu monstro! Era tu! Era tu o tempo todo!

— Clau...

— Como tu tem coragem de roubar a minha energia e me falar assim, com essa calma toda? Eu não acredito que todo esse tempo era tu.

— Clau...

— Tu tem ideia do quanto isso me prejudicou?

— Eu nunca faria nada para te prejudicar. Eu não tinha ideia que isso te prejudicava. Eu não sabia. Se soubesse eu teria parado imediatamente...

— Mentira. Tu falou que podia me sentir. Tu não quis saber. Ignorou se estava me fazendo mal ou não.

— Isso não é verdade. Não fala assim...

— Fica longe de mim! Seu... seu monstro!

Cláudia chorava enquanto gritava com ele. Gabriel tentava se aproximar para abraçar e confortar, mas era rechaçado.

— Fica longe! Não encosta em mim. Eu te quero longe mim e te quero longe dos meus sonhos também. Eu nunca te autorizei a pegar nada de mim. Tu tem ideia de quanta falta me fez a energia que tu me roubou?

— Não. Eu não tenho ideia porque eu não pensei...

— O que tu não pensou? Como nunca pensou que a energia que tu me tirava fosse me fazer falta? Ou pensou que eu fosse te agradecer quando a gente se conhecesse?

— Clau, vamos conversar com calma...

— Tira tuas mãos de mim. Eu não quero mais nada contigo. De ti eu só quero distância.

O coração de Gabriel apertou. Essas palavras doeram mais que qualquer outra dor que já tivesse sentido. Ele era um guerreiro lican, já tinha sido ferido diversas vezes em batalha e preferia qualquer um de seus ferimentos a isso.

— Cláudia, por favor, senta. Nós temos que conversar sobre isso para que eu possa entender...

— Eu vou sentar, mas vai ser longe de ti. Eu quero distância!

Cláudia se voltou para a porta e Gabriel, vendo que ela pretendia sair, correu se colocando entre ela e a porta.

— Cláudia, tu não pode sair agora. Não desse jeito. Eu não posso deixar.

— Tu não tem o direito de deixar nada. Já não bastou o que me fez todos esses anos?

— Mas eu não sabia que estava te fazendo mal. Eu te juro que nunca passou pela minha cabeça que pudesse estar prejudicando a minha companheira...

— Ah, não? Ok. Então, me diz como tu conseguia fazer isso e como tu fazia um ritual sem saber as consequências.

— Eu sabia que o ritual me ajudaria me dando mais energia e que me ligaria à minha companheira, mas eu não sabia que faria mal a ela.

— Não? Tu sabia só a parte que te convinha? Interessante que tu sabia que a tua companheira estava envolvida, mas não se preocupou se isso faria bem ou mal para ela. Ignorou essa parte.