Capítulo Seis

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Em um pulo acordo.

Olho pela janela e o dia amanhece.

Ainda ofegante me sento na cama tentando recuperar a respiração.

― Meu Deus... ― digo, passando a mão pelo meu rosto suado.

― O que houve, filha?

Assusto-me com minha mãe entrando em meu quarto.

― Aquele pesadelo, de novo.

Minha mãe me abraça. E em silêncio ficamos ali.
Eu a entendo. Não tem muito que dizer. Apenas preciso de sua presença.

― Mãe, quando isso vai passar?

Não consigo segurar as lágrimas, com ela não preciso me fazer de forte, posso ser eu por inteira. Posso deixar as lágrimas lavarem tudo que me angustia.

― Filha foi só um sonho ruim. ― minha mãe segura meu rosto com as duas mãos. ― Ah "mãe" tá aqui! Sempre vai estar.

― Mas foi muito real. Sempre é muito real...

Com os minutos passando sinto-me aliviada.

Bebo um copo de água que está no meu criado mudo e deito novamente.

Minha mãe coloca o cobertor sobre mim, me beija a testa e faz um carinho nos meus cabelos.

― Vou ficar aqui até você dormir.

Com o cafuné de minha mãe, me sinto protegida.
Aos poucos meus batimentos cardíacos voltam ao normal e minha respiração também.
Assim adormeço.

Tem sido assim quase todas as noites desde o ocorrido.

Como um filme, toda aquelas cenas passam pela minha cabeça.

Sonho com a noite que quase morri nas mãos daquele louco!

Mesmo não querendo recordar tem coisas que não apagam.

***

O meu sono não dura muito.
Acordo novamente de um sono agitado.

Olho no relógio são oito da manhã.

Já se passou um mês desde o ocorrido.

Sinto-me "recuperada".
Sim, a ferida externa sarou, mas a interna ainda me causa alguns incômodos.

Esforço-me para levantar da cama, pois daqui a três horas tenho minha consulta semanal com a psicóloga.

Depois de muita insistência da minha mãe, resolvi aceitar que meu pai pagasse meu tratamento.

A primeira consulta fui reclusa, mas aos poucos venho vendo que o tratamento se tornou primordial e o responsável por eu dar pequenos passos.

Mas nem todo o zelo da minha família, o tratamento psicológico e os remédios receitados pela minha Psicóloga saram essa dor que sinto.

Claro que eu finjo muito bem.

Durante o dia faço de tudo para não transparecer para os que me cercam o quanto sofro. Pois não quero ninguém sentindo piedade de mim! Não estou aqui para ser a "garota que foi estuprada, a coitadinha".

Mas a noite... A insônia virou minha melhor companhia.

Levanto e tento não fazer muito barulho, se não Dona Helena entra igual a "um furação" em meu quarto!

Vou ao banheiro, lavo o rosto, e vejo no espelho como estou horrível.

Nariz vermelho, rosto inchado... Chorei e nem sei por que estou chorando... Talvez para aliviar essa dor aqui, mas ela não passa! Droga!

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora