Capítulo Doze

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Meu corpo está trêmulo, mas finalmente estou na garagem do apartamento do meu irmão.

Minhas mãos estão agarradas ao estofado do banco quando eu abro os olhos.
Finalmente consigo respirar e saio do carro.

Olho para todos os lados parece que Roger ainda está nos seguindo e essa angústia no meu peito não cessa.

Ao sair do elevador o segurança me coloca ao seu lado e eu posso observar que ele ainda está com a arma em punho.

― Pode abrir a porta, por favor, Senhora Daniela.

Faço o que ele pede e antes de eu tranca-la ele já fez a revista toda do pequeno apartamento do meu irmão.

― Está tudo limpo.

Sinto-me em um dos piores filmes de ação que eu já vi.

Jogo a bolsa e as chaves no sofá e vou para o chuveiro.

Quando retorno a sala o segurança está ao telefone, e suponho, recebendo ordens do meu pai.

Olho para a janela e lá fora chove.

― Seus pais estão vindo para a cidade.

Ótimo!
O circo está armado.
***

Despertei assustada com a conversa acalorada na sala.

Demorei alguns segundos para me situar, mas reconheci os gritos da minha mãe quando em duas frases ela falou o nome do seu santo de devoção três vezes.

Sentei na cama, respirei fundo, passei a mão nos olhos e prendi os cabelos.

Vamos encarar.

Quando abri a porta do meu quarto todo o falatório cessou.
Só que antes de ir na sala, entrei na porta em frente ao meu quarto: o banheiro.
Lavei o rosto e escovei os dentes, e logo depois um breve período no banheiro, apareci na sala.

― Bom dia.

Olho em volta. Sou a única de pijama com temas infantis, mas sinto-me mais adulta para encarar a situação que qualquer um ali.

Minha mãe só chora e grita. Meu pai está petrificado e Maurício está sentado no sofá cabisbaixo como se tivesse sido derrotado em um jogo de tabuleiro.

― Filha, eu vim assim que pude.

― Você está bem? ― Dona Helena me abraça e levanta as mangas do meu pijama em busca de ferimentos ― Como aconteceu tudo isso?

― Eu acredito que o segurança que vocês colocaram na minha cola já contou tudo para vocês.

― Eu falei que alucinações não existem! ― pela primeira vez ouço a voz do meu irmão.

― É, o Roger está lá fora e pelo que vi ontem ele está disposto a me matar.

― Vamos a policia. Temos que prestar queixa. ― disse Anthony.

― Faremos isso hoje.
***

Só deu tempo de eu tomar banho e vestir qualquer roupa, pois a palavra da Dona Helena é lei.

Em menos de uma hora estávamos na delegacia da Mulher.

Apesar do tempo ocioso de espera, fomos bem atendidos, o caso foi reaberto e eu saí com uma medida protetiva em mãos.

Só que a última coisa que eu esperava era um enxame de jornalistas na porta da delegacia.
Foram tantos flashes que quase me cegaram!
Coloquei o capuz do meu casaco enquanto tentava fazer o caminho para o carro.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora