Capítulo Nove

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Sinto-me muito bem adaptada.

Mudei de psicólogo, faz vinte dias que estou me tratando com uma nova médica no Hospital da Cidade, onde meu irmão trabalha.

E estou me sentindo muito bem.

Com a mesada que meu pai me enviou comprei uma bicicleta e é com ela que venho me locomovendo pela cidade já que deixei o meu carro em casa para a minha mãe.

E eu tenho gostado bastante de andar por ai de bicicleta, o vento nos cabelos e sensação de liberdade não tem preço.

A única coisa que tenho fugido nesta cidade chama-se Lucas.

Tento sempre desviar dele.

E tem dado certo,

Até agora.

― Daniela, você ainda não está pronta?

― Acho melhor eu ficar em casa. Eu não tenho o que vestir.

― Dani, vamos para um lual com os amigos do hospital, não é um baile de Gala!

Meu irmão me olhava quase indignado.

― Não sei...

― Vamos Daniela, você tem vinte minutos para se vestir.

Ele encosta a porta do quarto que atualmente eu chamo de meu em seu apartamento.

Olho para o meu confortável pijama que eu vestia e sinto que ele se sentiu ofendido de ter sido colocado de lado.

Procuro na mala uns dos poucos vestidos que eu coloquei nela e escolho um discreto com pequenas flores.

Olho para o espelho e faço uma trança embutida no cabelo. Por fim resolvo me maquiar. ― coisas que eu não fazia há tempos ― Quase dou um "Oi, como vai" para o rímel e o blush, afinal eu nem lembrava quando foi à última vez que usei isso.

Encarei-me no espelho e percebi que eu não havia esquecido apenas do mundo e também havia esquecido principalmente de mim.

― Este lugar tem me feito muito bem. ― digo para mim mesma.

Ao chegar à sala, Maurício me olha com cara de espanto.

― Que mulherão essa minha irmã!
Sinto meu rosto ficar corado.

― Está bom mesmo? ― pergunto apontando para o vestido.

― Está linda.

― Então vamos?

***

Chegamos à praia e já estavam todos lá.

Inclusive Lucas.

Quando ele nos viu, veio logo e abraçou Maurício.

― Só estava faltando você, meu camarada!

― Estava esperando essa princesa ficar pronta! ― Maurício apontou o polegar em minha direção.

― Fez muito bem! Você está linda Dani.

Lucas me cumprimenta com dois beijinhos no rosto. Sabia que por mais que eu fugisse esse encontro um dia seria inevitável.

― Obrigada.

― Vamos, estão todos ali. ― Lucas aponta e seguimos seus passos na areia.

Maurício nos apresentou a todos os seus colegas do hospital.
Enfermeiras, médicos enfim os mais chegados.

― A famosa Daniela! ― diz Saulo.

Saulo um homem alto, bonito e metido a galã. Daqueles que falavam cantadas baratas e de duplo sentido.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora