Capítulo Cinco

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Minha mãe balançava a cabeça positivamente para mim e como se fosse um mantra.

― Fica calma, filha!

Inclinei-me ainda mais no leito do hospital.

― Como você quer que eu fique calma? Eu fui sequestrada, amarrada e estuprada. "Tomo" um tiro, sofro um acidente de carro e agora descubro que esse aí é o meu Pai!

Quando sinto o ar novamente em meus pulmões, porem ainda ofegante e com o rosto em "brasas" percebo o que fiz e o que acabei de falar.

As lágrimas rolavam pelo rosto da minha mãe.

E Anthony manteve-se estático.

Olho para porta e Maurício está encostado na porta do quarto boquiaberto.

― O que você disse Daniela? ― perguntou Maurício, aproximando-se.

Que merda!

Encostei-me novamente na cama e olhei para o teto.

Um segurança e uma enfermeira entraram no quarto.

Pronto! Agora o hospital todo já poderia fofocar sobre a minha vida.

― Querida, você deveria ter nos comunicado que foi vítima de estupro. Você terá que passar por diversos exames. ― disse calmamente a enfermeira.

― Que exames? ― pergunto.

― Os sexualmente transmissíveis por exemplo.

― E o BETA HCG?

Olho para Maurício extremamente insatisfeita com seu questionamento.

― O que eu fiz para merecer isso...


Agora era só o que me faltava... Grávida do Roger. Digo do Roger que eu descobri ser meu irmão.

― Não vejo necessidade de exame de gravidez.

― Mas todos serão feitos. ― ordenou Maurício.

― Agora deixe a paciente descansar. - disse a enfermeira.

Todos saíram, mas Maurício permaneceu lá.

Ele me olhava. Mas eu tive dificuldade em encara-lo.

― Daniela, isso que você acabou de falar é verdade? ― insistiu Maurício.

― Sim. ― sou sucinta.

Maurício coloca as mãos cruzadas no topo da cabeça e vira de costas para mim.

Ele começa a dar alguns passos e eu sei o que isso significa: ele está chorando.

― "Mau"... ― o chamo baixinho.

Ele se vira e segura minha mão.

― Se eu tivesse aqui isso não teria acontecido! Foi um erro eu ter aceitado aquela proposta de emprego. Me perdoa irmã.

As palavras quase não saíram. Maurício soluçava entre elas.
E isso partiu meu coração.

― Não, não, não... Por favor! Para com isso, irmão! Você não é culpado de nada!

― Me perdoa.

― Por quê?

― Eu vou voltar para casa. E cuidar de você e da mamãe.

― Negativo! Você está proibido de desistir do seu sonho.

― Está decidido irmã.

― O pior já passou. E eu preciso te ver feliz e no seu trabalho.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora