Capítulo Quatro

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O dia amanheceu e no horizonte tinha uma neblina bem espessa.

Do carro saía uma fumaça e mesmo batido na árvore ― para a minha sorte ― o lado do carona manteve-se intacto.

Olhei para Roger. Ele estava com a cabeça virada para o lado oposto.

E eu temi pelo pior.

Meu senso humano ainda me fez tocar em seu pulso por alguns segundos.
Passei a mão pelo seu nariz procurando algum sinal vital, mas foi em vão.

Eu pude perceber que este choque tinha sido fatal para Roger.

Eu me sentia tonta e meio desorientada.

Olhei para a camiseta que eu vestia, próximo ao meu quadril havia uma mancha de sangue.

Mas eu não sentia dor. Não sentia frio. Não sentia nada!

Eu só sentia uma enorme vontade de correr até a minha casa.
Vontade de ver minha mãe e meu irmão. Apenas isso.

Soltei o cinto de segurança e saí do carro.

Eu tentava correr, mas não conseguia. Então eu me arrastava, meio cambaleando pelo acostamento da estrada.

Realmente eu comecei a perder muito sangue agora.

Lembrei do meu irmão falando que o certo é pressionar a ferida, então foi isso que fiz. Onde tinha a mancha de sangue eu apertei o mais forte que pude e continuei a caminhar.

Não sei por quanto tempo caminhei. Só me lembro de um farol bem alto se aproximar e quase me cegar.
Uma mulher desceu do veículo e correu ao meu encontro.

― Menina, o que aconteceu com você? ― perguntou a mulher.

― Me ajuda. ― foi à única coisa que consegui dizer.

Minhas pernas falharam. E rapidamente um homem desceu da caminhonete e me apoiou nos braços.

― Gorete é o carro do menino Roger!

O homem me sentou no acostamento.

― Liga para "o socorro"! ― ele gritou.

O homem correu até o carro para verificar o que eu já sabia.

― O menino Roger "tá" morto! Temos que ligar para o patrão! ― ele parecia nervoso.

Foi quando mesmo um pouco desorientada eu liguei os fatos.
O homem reconheceu o carro do Roger, olhei e pude perceber era a mesma caminhonete que vi na casa onde eu estava.

Ele era o caseiro.

― Fica calma menina. - ele se dirigiu a mim e pegou o celular da mão da mulher que o acompanhava e se afastou.

― Eu preciso ir embora... ― digo.

― Você vai esperar o SAMU, pode ter se machucado internamente com a força dessa batida. Tente ficar tranquila. ― disse a mulher.

― Liga para minha mãe, minha mochila...

Só me lembro de segurar onde sangrava e fechar os olhos.

***

Acordei em um quarto branco. Uma enfermeira trocava meu soro e a outra aferia minha pressão. Cerrei os olhos e apesar da claridade do local pude vê-la.

― Ela acordou. ― disse uma enfermeira para a outra.

- Onde eu estou? – pergunto baixinho.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora