Capítulo Oito

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Por aqui eu não tenho medo.

Passamos a madrugada conversando e meu irmão me contava entusiasmado como era delicioso viver em uma cidade interiorana.

Isso aguçou a minha curiosidade e por isso me coloco de pé cedo visto meu short jeans e uma camiseta branca e saio para contemplar a cidade.

Meu irmão mora em um bairro em expansão na "Cidade do Petróleo".

Por isso resolvo não usar nenhum meio de transporte. Vou caminhando com os meus melhores pensamentos e eles me levam até a Praia dos Cavaleiros.

Mesmo morando no Rio de Janeiro, nunca morei tão perto da praia.

E poder caminhar até chegar pertinho do mar é um grande privilégio.

O sol não está muito forte por isso sento na areia e fico a observar as aulas de surf de algumas crianças.

Me pego dando risada sozinha com algumas peraltices dessas crianças fofas.

Como é boa a pureza das crianças.

― Oi Dani!

Tomo um susto! Quem deu liberdade para ele me chamar de "Dani"?

Faço careta e coloco a mão próxima aos olhos para tentar cobrir a luz dos raios solares para olhar para cima.

― Bom dia Lucas.

― Bom dia e aí tudo bem?

Lucas senta-se ao meu lado.

― Tudo.

Sou sucinta e continuo a fixar minha atenção na alegria das crianças no mar.

― Passeando?

Silêncio.

― Acabo de sair do plantão. Aí passei em casa e peguei minha bike para das umas pedaladas! ― diz Lucas, apontando para a bicicleta presa em um poste da orla.

Balanço a cabeça positivamente demonstrando o mínimo de interesse.

― Pelo jeito você gostou das aulas de Surf.

Que bom que ele percebeu que eu não estou nem aí para a presença dele.

― Interessante.

― Eu conheço quem ministra essas aulas. Olha ele ali! ― Lucas acena para um homem na água que retribuiu ― Théo é o nome dele, ele é meu brother.

― Bacana.

― Ele trabalha com crianças carentes, ele tem uma ONG. O cara é um exemplo a ser seguido.

Pela primeira vez Lucas conseguiu "ganhar" um olhar meu e isso o instigou.

― Você gostaria de conhecê-lo?

― Um dia.

― Por que não agora?

― Agora não. Tenho que ir.

Antes que Lucas pudesse falar algo mais me levanto, limpo a areia do short e saio andando.

***

O final de semana chegou ao fim e como prometido eu tenho que me despedir do meu irmão.

Em frente ao seu prédio, Mauricio me ajuda a colocar minha mala no carro.

― Sinto que você não quer ir.

― Não mesmo. Aqui eu sinto que me encontrei sabe...

― É este lugar tem uma paz inexplicável.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora