BÔNUS HELENA

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Este Bônus é narrado por Helena, a mãe da Dani.

Se o mundo algum dia parou de girar esse dia foi agora.

Depois de vinte anos eu estava frente a frente com o Zé.

O que faço agora?

Fui casada com o Álvaro, pai do meu filho Maurício, que veio a falecer e logo em seguida conheci o José Antônio.

Eu nitidamente me lembro do primeiro dia que eu o vi.

Ele era um jovem alto dos cabelos negros e dos olhos apaixonantes.

Eu estava em uma pracinha com Maurício e Zé passeava com seu cachorro.

Maurício correu para brincar com o cachorro e eu corri atrás com medo que aquele Pastor Alemão "engolisse" meu filho!

Zé sorriu para mim e disse que o cachorro era manso.
Ele foi muito atencioso com o meu filho e a partir dali eu me apaixonei.

Sabe aquele ditado: "Quem meu filho beija, minha boca adoça".

Então.
Foi por aí.
Ele me conquistou.

E então começamos a namorar. Tínhamos muitos planos, sonhos e juras...

Mas um dia Zé Antônio chegou na minha casa eufórico.

Lembro-me perfeitamente das palavras:

Leninha! Eu consegui!

Conseguiu o que amor?

A vaga. Do intercâmbio. Lembra?

Olhei para ele gelada.

E você vai aceitar?

Claro! Essa chance é única! Vou estudar lá, melhorar meu Inglês e batalhar por uma vaga naquela empresa que te falei.

Ele estava muito animado mesmo.

E nós?

Nós continuamos juntos ué! Eu não vou morrer!

Mas eu tinha apenas vinte e um anos. Mesmo viúva, tendo um filho, já lecionando como Professora eu era uma menina por dentro. Com a mente confusa e cheia de inseguranças.

E foi aí que eu tomei a decisão mais besta da minha vida...

***

Este reencontro pegou todos nós de surpresa.

Eu e Zé então, nem se fala.

Hoje mais velhos, ele já com cabelos brancos, eu já com minhas rugas aparentes, mesmo assim, apesar de toda a maturidade, não sabíamos o que falar um para o outro.

Eu saí do quarto onde minha filha está hospitalizada secando minhas lágrimas.
Agora tinha certeza que teria que contar toda a verdade a Daniela.

Zé veio logo atrás e tocou meu ombro.

― Leninha, será que podemos conversar?

― Tem que ser agora? ― tento fugir, confesso.

― Um café. Prometo não tomar muito o seu tempo.

Descemos no elevador sem tocar uma palavra um com o outro e escolhemos uma mesa na cantina do hospital.

― Leninha, a única coisa que eu quero saber é porque você me anulou assim da vida da nossa filha.

Sua voz continua firme e serena.

Sonhos Roubados (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora