Sussurros do passado

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As coisas não faziam muito sentido.

Liz estava há horas sentada no chão, cercada de papéis que ela organizara meticulosamente. Ela e a mãe haviam transformado a ordem inteira em um enorme quadro investigativo, arrastando mesas pra longe e juntando todo o material possível.

Apesar disso, nada parecia se encaixar do jeito certo.

Todos os agentes desaparecerem de uma vez, sem deixar traço? Era estranho, mesmo para quem lidava com o paranormal.

Mas algo entre os documentos chamou sua atenção. Uma foto. Nada de muito extraordinário, se ignorasse o símbolo bem no meio.

Era um triângulo gravado na parede. Não parecia ser nada demais. Nem mesmo tinha cara de ser um símbolo paranormal. Mas o relatório da missão dizia o contrário.

O símbolo tem uma energia paranormal extremamente forte e antiga embora não saibamos para que ele serve.

Parece faltar algo, mas nossa equipe não encontrou nenhum meio de ativá-lo ou destruí-lo.

Talvez a parte mais surpreendente fossem outras fotos anexadas ao documento em datas muito diferentes das da investigação original.

As fotos variavam o lugar e a data, mas sempre havia aquele estranho triângulo.

Em algumas das fotos, ele tinha um brilho fraco e azulado. Em outras, era apenas uma marca na parede.

Aquele símbolo estava incomodando.

Era só um triângulo. Ou talvez fosse um delta, como o que se usava em matemática. Era uma letra do alfabeto grego não? Indicava a nossa letra D.

O relatório disse que era antigo. Seria possível que um delta fosse um simbologia ritual na Grécia antiga?

Uma memória no fundo da sua cabeça parecia desesperada para aparecer, mas ela não conseguia identificá-la. Aquele símbolo era familiar, e não era só por causa de aritmética.

-- Filha... -- Thiago tocou o ombro dela, chamando a atenção da adolescente. A mão da Sombra era fria e quase não tinha peso, um lembrete constante de que o pai não pertencia a esse mundo, mas, mesmo assim, Thiago dava seu jeito de mostrar que se importava, e ser carinhoso. -- Você tá aqui há muito tempo. Tem que comer, minha querida.

Liz olhou para a mãe, que estava com a cabeça afundada em documentos, claramente achando menos ainda que a filha.

Elizabeth suspirou e olhou para os dois Fritz que a encaravam.

-- Acho que uma pausinha não faz mal. -- Ela se levantou. -- Achou alguma coisa?

Enquanto subia as escadas da base da Ordem, Liz contou para os pais sobre sua suspeita, e mostrou a foto que tinha encontrado.

-- Acho que sei pra onde eu tenho que ir. Mas ela não vai gostar...

-- Ela não pode fugir de você pra sempre, minha querida.. -- Thiago sorriu para a garota. Ela se parecia cada vez mais com a mãe, embora o cabelo tivesse um tom levemente mais amarronzado que o de Elizabeth.

-- Bom, eu não gosto nada da ideia de você ir falar com ela.

-- Mamãe! -- Liz olhou para a Sombra. -- Achei que você já tinha superado isso.

-- E eu superei. Mas aí ela colocou você em perigo, não posso perdoar isso.

-- Sabe que não é assim... Eu é que fiz besteira... aquela pesquisa era muito importante pra ela -- Liz se sentou na beira da calçada, depois de roubar uma Coca-Cola de uma das geladeiras do bar. -- Bom, não é hora disso. É o que eu vou fazer e pronto. Eu preciso dela.

Luz bebeu um quarto da garrafa num gole só, e pousou o vidro ao seu lado antes de encarar o céu, muito acima, além dos prédios de São Paulo.

-- É hora de eu rever minha irmã mais velha.
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E eu volteiiiiiiiii!

Sentiram saudade? Kkk

Bom, o capítulo tá meio curto, não sei quando vou postar de novo, mas eu, eu não esqueci de vocês!

~Sly♡

Os Que Ficam Pra TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora