talento investigativo

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O capítulo vai ser curto de novo, gente.

Me perdoem 🙏

~Sly♡
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Liz olhava o teto da base. Deitada no chão, cercada por papéis e recortes, ela parecia miserável. Pequena demais.

A adolescente não se importava com as lágrimas que escorriam pelas laterais do rosto e encharcavam seu cabelo. Deus, ela só queria que aquilo acabasse.

A sala da irmã, completamente abandonada como se ninguém entrasse ali há anos.

Os meninos, desaparecidos. Não. Nao os meninos. A ordem inteira.

Liz estava sozinha, deixada para trás mais uma vez. Todo o mundo que ela conhecia era permeado pelo paranormal, e, mais uma vez, o Outro Lado arrancara tudo dela.

-- Como você aguentava isso, mãe... -- Ela falava para o nada. O zumbido das vozes em seu aparelho era baixo e constante, e ela nem se esforçava para tentar encontrar a voz dos pais.

Simplesmente deixava aquele ruído preencher sua cabeça e lentamente deixá-la insana.

Por que era essa a verdade. Liz estava enlouquecendo dia após dia, presa naquele estado indefinido entre Esse Lado e Aquele Lado. Sem ninguém saber, ela andava na divisa entre os dois mundos todos os dias.

Era algo perigoso, como atravessar um precipício andando sobre um barbante.

Por mais ou menos seis anos, ela tinha feito aquilo funcionar. Podia ignorar as vozes. Transmitir sua raiva para cadernos inocentes. Escuta-las individualmente se estivesse disposta. Mas estava enlouquecendo, mesmo assim.

Enlouquecendo por ter sempre um milhão de vozes que nem eram dela presas em sua mente.

Enlouquecendo por causa daqueles sonhos que ela sabia que não eram exatamente Só imaginação.

Enlouquecendo por que, de novo e de novo, acordava e descobria que o paranormal, o único jeito de viver que ela conhecia, tinha arrancado dela mais alguma coisa.

As vezes Liz se perguntava como seria ser uma criança normal. Ela nunca fora normal.

-- Liz... -- Ouviu a voz de alguém a chamando, tirando-a do transe em que sua mente mergulhara. -- filha...

A menina se ergueu de uma vez só, tirando o cabelo da cara, e estalou o pescoço quando virou a cabeça rápido demais.

A Sombra da mãe estava sentada na ponta da mesa, apoiando a mão no braço da Sombra do pai, que tinha ocupado um banquinho.

Parecendo meio perdida, Liz esfregou os olhos, afastando as lágrimas, e piscou. Ela estava realmente ficando louca.

-- Você não é louca, minha querida... -- Thiago sorriu carinhosamente e estendeu a mão, chamando a menina para perto.

Ela sabia que eles não estavam realmente ali. Eram apenas suas Sombras. Uma lembrança. Nem mesmo eram cem por cento sólidos. Mas mesmo assim Liz se ergueu e andou até os pais, e deixou que os dois espectros a abraçassem.

-- Tá tudo bem pedir ajuda, filha... -- Disse a mãe, fazendo carinho no cabelo escuro de Liz. Ela parecia se esforçar para que a filha a sentisse, para que sentisse que ela estava ali.

-- Você não tá sozinha, princesa. -- O pai segurou a mão dela entre as dele, determinado a ficar sólido o suficiente para toca-la. -- A gente tá sempre com você.

-- Agora... -- Elizabeth sorriu com carinho e empurrou um documento da mesa na direção da filha. -- Vamos olhar isso com calma. Fazer como a gente fazia quando você era pequena e sentava no meu colo pra ver minhas investigações, lembra? Vamos fazer isso juntas. Mais uma vez.

Liz conseguiu sorrir e segurou o papel que a mãe tinha estendido.

-- Juntas. Mais uma vez.

Os Que Ficam Pra TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora