Cap 11

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Fizemos nossos pedidos e não demoraram muito para chegar. Percebi que a Manuela falava pouco e ficava o tempo todo olhando para os lados, só depois entendi, ela tinha medo de lugares públicos por conta da família do seu ex. Se eles a vissem aqui provavelmente fariam um escândalo.

Nem pedimos sobremesa, ela não quis e eu achei melhor não insistir.

- Desculpa, eu não lembrava que você
não gosta de sair. - Disse já dentro do carro voltando para o nosso condomínio.

- Tudo bem, eu fui grossa com você. Devia ter te explicado. - Ela diz tirando o boné e me devolvendo. - Eu já passei muitas vergonhas em público quando eles me encontravam. Tive que deixar de frequentar todos os lugares onde eu ia, academia, mercado, até farmácia.

- Mas o que eles querem que você faça? Porque eles te perseguem tanto assim? - Perguntei e ela deu de ombros. - Não é justo você não poder seguir sua vida. Não poder sequer ficar com o seu cachorro.

- Eles querem culpar alguém. Querem acabar com a minha vida, querem ver eu tendo um fim igual ao dele. - Ela disse num suspiro. - Eu de verdade não sei.

- O quê vai acontecer se eles descobrirem onde você mora agora? - Perguntei e ela baixou a cabeça. - Mas não tem como eles saberem, né?

- Na verdade eu acho que é só mais uma questão de tempo mesmo. Até eles me seguirem do meu trabalho até o condomínio. Por enquanto quando eu vejo o carro de algum deles eu consigo desviar. Fazer um caminho diferente. - Ela virou de frente para mim no banco. - Você acredita que um dia desses eu precisei andar mais de 1:30 de carro fazendo outras rotas para despistar eles? Eles estavam me seguindo. Minha vida parece um filme.

- Isso não é engraçado, Manu. - Eu disse sério enquanto ela ria.

- O quê você quer que eu faça? Chore? eu já chorei, já implorei para eles me deixarem em paz. Não adiantou.

- Isso não é certo. - Disse batendo no volante do meu carro.

- Lucas, tá tudo bem. Eu já entendi que só vou ter paz quando eu ir embora de São Paulo. Só estou relevando até agora por conta do meu emprego. Eu trabalho lá há 6 anos, entrei como estagiária, cresci lá dentro e não queria abandonar assim. - Ela disse fazendo carinho nos meus cabelos.

- Eu não quero que você vá embora. - Disse a ela apertando meu maxilar.

- Eu também não quero. - Ela disse e me abraçou de lado.

Vizinha - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora