Cap 56

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Quando soube que eu estava inocentada imediatamente pedi demissão do meu emprego, arrumei as malas e comprei passagem de volta para o Brasil. Era eufórico saber que eu voltaria para casa.

O policial me acompanhou e o primeiro lugar que fomos quando chegamos ao Brasil foi a delegacia. Se me perguntarem se eu tinha medo de que tudo fosse uma armadilha e me prendessem assim que eu chegasse lá, a minha resposta seria sim, mas ainda sim valeria a pena ter 1% de esperança que eu teria minha vida de volta.

Me mostraram todos os documentos com as provas, a decisão do juiz que me inocentava do assassinato do Eduardo, o processo que condenava o Arthur e o Sargento Souza juntamente com todos que trabalharam com eles, tudo era perfeito demais, eu dava pequenos beliscões nos meus braços e pernas o tempo inteiro porque simplesmente era difícil demais de acreditar que tudo isso é real. Eu ainda acreditava que eu estava dormindo naquele moquifo nos EUA e que acordaria no dia seguinte.

Quando eles me liberaram na delegacia eu não tinha para onde ir. A verdade é que a única coisa que tenho agora é a minha liberdade pois não tenho família, nem amigos, nem o Davi, nem trabalho. A única coisa que tenho é o Lucas e nesse momento não faço ideia de onde ele está.

Minha única alternativa é ir para a empresa onde eu trabalhava, meu chefe me ajudou tanto, tenho certeza que ele não vai me desamparar nesse momento.

- Manuela, o que você faz aqui? Que cabelo é esse? - Ele questionou rindo.

- Eu tô livre. - Disse mostrando para ele cópia da decisão que me inocentou.

- Meu Deus, é sério? Eu fico tão feliz por você. - Ele disse olhando para aquele papel eufórico.

- Eu também estou muito feliz e para completar a minha felicidade só preciso do meu cargo de volta. - Eu disse e ele riu.

- Eu preciso falar com a chefia maior, mas acho que eles não vão se opor a isso. - Ele disse e eu fiz uma dancinha em comemoração. - E para onde você vai agora?

- Eu não tenho para onde ir ainda. - Disse e fiz uma careta.

- Você pode ficar hoje lá em casa. Minha esposa vive perguntando de você.

- Obrigada, mas eu queria mesmo é ficar com meu namorado.

- E porque você não vai?

- Eu não sei onde ele está morando e eu queria fazer uma surpresa. - Disse desanimada, até que algo surge na minha mente. - Tenho uma ideia.

- Manuela... - Ele disse com receio.

~.~

Ponto de vista: Lucas

Eu estava em casa jogando vídeo game com o Mauro, nesse momento gostamos de manter o foco e sequer conversamos, qualquer distração nos incomoda, mas hoje por algum motivo não coloquei meu celular no silencioso e na última curva do jogo de corrida o mesmo tocou me desconcentrando e fazendo com que eu errasse.

- Ah que droga, Maurinho. - Gritei enquanto bati com força no sofá da sala.

- Você vai atender? - Mauro perguntou.

- Agora vou, né. - Disse atendendo o mesmo. - Alô. - Disse praticamente num grito.

- Alô, é o Lucas? - A voz séria de um homem questionou do outro lado da linha.

- Sim. Quem é? - Perguntei ainda irritado.

- Aqui é o antigo chefe da Manuela. - Ele disse e ao ouvir o nome dela meu coração disparou, é impossível não pensar no pior.

- Você tem alguma notícia? - Disse tentando disfarçar para o Mauro não perceber, ele detesta qualquer assunto que venha da Manuela, ele acha que eu corri risco ao me relacionar com ela.

- Ela mandou alguns papéis para mim dos EUA, tem uma encomenda para você também. - Ele disse e eu fiquei ansioso.

- Mas você sabe o que é?

- Não, tá dentro de uma caixa. Não quis abrir porque é seu.

- Tem razão. Eu vou buscar. Que horas eu posso ir? - Perguntei.

- Hoje as 20hrs se tiver tudo bem para você. Eu mando meu endereço por mensagem. - Ele disse, eu concordei e por fim ele encerrou a ligação.

- O quê é? - Mauro perguntou.

- Um amigo meu recebeu uma encomenda por mim e eu preciso buscar. - Respondi.

- Que amigo? Você nem tem mais amigos além de mim. - Mauro disse com seu jeito sutil.

- Oh Maurinho, claro que tenho. - Disse ainda com o coração disparado. - Vamos jogar mais uma partida porque logo eu vou ter que sair.

- Tudo bem. - Ele disse.

Eu mal podia esperar, vindo da Manuela poderia ser qualquer coisa. Fico ansioso só de imaginar. O quê eu queria mesmo é ter ela de novo comigo, não consigo me imaginar com mais ninguém desde que a conheci, ela reúne todas as características que eu gosto em uma menina, bonita, engraçada, simpática, coração bom... Só a única coisa que eu nunca imaginei era uma vida tão complicada, mas até isso eu gosto nela.

Estacionei em frente ao endereço que o cara me deu, era uma casa grande, mas não tinha luxo, nem nada disso. Mas era bonita. Toquei a campainha e logo ele veio atender.

- Você é o Lucas? Pode entrar. - O homem disse.

- Cadê a minha encomenda? - Perguntei olhando ele fechar a porta, até sentir algo pulando nas minhas costas e ouvir uma voz familiar.

- Está aqui. - Ela disse e nesse momento eu pensei que pudesse estar sonhando.

Vizinha - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora