Cap 46

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Ninguém conversou no caminho. Eu olhava pela janela sentindo um grande nó na minha garganta, eu me sentia como um animal indo rumo ao matadouro.

Quando estacionamos em frente aquele prédio eu respirei fundo e contei até três, peguei minha roupa que estava dentro de uma mala junto com as maquiagens e desci.

Lucas segurou minha mão o tempo inteiro, ele estava nervoso e eu mais ainda. Ele tentava me apoiar, mas seu rosto era de pânico.

Davi bateu na porta e o homem abriu, nós entramos. Ele nos explicava o seu plano. A ideia basicamente era eu seduzir o homem e droga-lo, o suficiente para conseguir fazer ele falar.

- Eu preciso me arrumar. Com licença. - Pedi aos meninos indo em direção a um quarto.

O quarto era imundo, mas pelo menos tinha um espelho onde eu conseguiria me maquiar. Coloquei meu vestido e depois o salto. Meu cabelo já estava pronto, apenas soltei os cachos. Eu estava bonita, mas não conseguia me olhar no espelho. Não naquela situação.

Comecei a maquiagem, fiz um contorno bem marcado para ter a certeza que ele não iria me reconhecer, um olho bem escuro e bastante gloss. Ao me olhar no espelho suspirei pesado e finalizei minha produção com bastante perfume.

- Você está perfeita, Antonella. - O policial disse, Lucas apenas baixou a cabeça e Davi me olhou.

O homem colocou um microfone no meu sutiã, me deu um colar com uma câmera e um fone de ouvido bem pequeno que não podia ser visto, até porque meu cabelo cobria.

Entrei no uber e o policial perguntou se eu estava ouvindo, eu apenas fiz um sinal de positivo com a mão em frente ao colar. Ele entendeu.

Enquanto eu ia a caminho do local de uber, os meninos ficaram no apartamento me ouvindo e controlando as câmeras.

Cheguei em frente ao local cheio de luzes e me aproximei no segurança, ele perguntou meu nome enquanto segurava uma lista em mãos.

- Diz que o seu nome é Nina. - O policial disse no meu ouvido.

- Oi, meu nome é Nina. - Disse com um sorriso e o homem me olhou dos pés a cabeça. Era desconfortável isso.

- Pode entrar Nina, seja vem vinda. - Ele disse e abriu o caminho para eu passar. Revirei os olhos assim que passei por ele.

- Que porra é Nina? - Perguntei tentando não movimentar muito os lábios.

- É seu nome agora. Espero que tenha gostado. - O policial disse.

Fui até o bar e pedi uma dose de whisky, virei tudo de uma vez só. Estava precisando de um encorajador.

- Vai com calma. - O policial pediu.

- Preciso entrar na personagem. - Respondi.

- Antonella, tenta encontrar ele por aí. Ele é alto, cabelos pretos e vive rodeado de uns caras. - Davi disse.

- Ótimo, ele tem características de metade dos caras daqui. - Eu resmunguei alto o suficiente para ele ouvir.

Eu olhei em volta, provavelmente ele deveria estar em um camarote. De longe avistei um cheio de mulheres e homens de terno. Deve ser esse.

- Acho que encontrei. - Respondi.

- Vai até lá. Vai ter seguranças na porta, mas confio em você. - O policial disse rindo.

Eu subi as escadas que estava cheia de mulheres, ouvi alguma delas perguntando quem eu achava que era, eu ignorei, não estava aqui para brigar.

Quando eu ia passar pela faixa que separava o camarote da escada, fui barrada por um segurança. Tentei seduzi-lo, mas ele parecia irredutível, eu não poderia falhar nessa missão então comecei a falar mais alto, quem sabe assim chamaria atenção de algum deles.

Um homem se aproximou do segurança e falou algo no ouvido dele, o homem abriu a entrada para eu passar. Eu sorri para ele vitoriosa.

- Antonella, esse que deixou você entrar é o Rodrigo, funcionário dele. É como o braço direito dele. - Davi gritou no meu ouvido.

Eu me aproximei da grade do camarote e o homem que agora se chama Rodrigo veio atrás de mim, ele colocou a mão nas minhas costas e desceu até quase a minha bunda. Automaticamente eu virei de frente para ele.

- Você é linda, sabia? Nunca te vi aqui. - Rodrigo disse próximo ao meu ouvido.

- Você costuma vir aqui? - Perguntei a ele.

- Ele não, Antonella. O foco é o Arthur. - Davi disse no meu ouvido.

- Venho bastante e não me lembro de você aqui. Claro, eu lembraria de uma deusa como você. - Ele disse e eu sorri. - Você quer algo? Posso pegar um drink para você.

- Eu adoraria. - Ele disse segurando minha mão.

- Para de perder tempo com esse cara, Antonella. - Davi gritou.

Ele pediu um drink ao barman, ele falava comigo sem parar e eu fingia estar prestando atenção. O Barman entregou o drink.

- Não bebe nada do que eles te oferecerem. - O policial disse.

- Você não vai beber? - Rodrigo perguntou com um sorriso malicioso nos lábios, nesse momento eu tive certeza que essa bebida está batizada.

- Claro, só me diz uma coisa. Quem é o seu amigo? - Perguntei e apontei discretamente para o Arthur. Quando ele virou para olhar eu despejei parte da minha bebida no copo dele que estava sob o balcão.

- O Arthur? Ele é meu chefe. - Ele disse olhando para mim novamente, eu estava com o copo na boca, ele sorriu ao achar que eu estava bebendo.

- Você podia me apresentar para ele, né? - Disse com a mão no seu rosto.

- Porquê? - Ele perguntou desconfiado.

- Eu gostaria de conhecê-lo. Por favor, vai. Me faz esse favor. - Pedi com a mão sob meu decote.

- E como você vai me pagar esse favor? - Ele perguntou e lambeu os lábios.

- Sai de perto dessa cara nojento, Antonella. - A voz do Lucas berrou no meu ouvido.

- A gente pode se encontrar mais tarde para conversarmos sobre isso. - Disse e ele sorriu.

Ele saiu da minha frente e foi até o Arthur, ele conversou com ele por um momento e o mais velho me olhou, eu sorri e ele fez um gesto me chamando com a mão. 

- Boa, garota. - Davi gritou empolgado no meu ouvido.

Vizinha - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora