□cap 40□

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Bucky fez por Íris o que ela não teve forças de fazer, ele pegou o desenho de Magnus, as partituras que estavam guardadas no piano e a caixinha com cristais e runas que descansava sobre a lareira de pedra destruída e os colocou na própria mochila, ele carregaria por ela um pouco do peso daquela casa.

Ao perguntar se poderiam passar a noite alí ela negou, as memórias das noites naquele lugar deveriam ser boas e calorosas, ela e Magnus na cama beliche, a mãe cantando canções de ninar e conforto, não a casa destruída, ela manteria algo daquela coisa bonita em sua mente.

Eles conseguiram um quarto em uma pousada pequena mais para o interior da cidade, Bucky deixou ela dormir primeiro e Íris não parecia ter forças para lutar contra o cansaço de seu corpo e apenas dormiu.

Ele ficou lá sentando na poutrona observando a respiração dela subir e descer, pronto para a acordar no primeiro sinal de um pesadelo, mas não aconteceu, ela e Alpine dormira a noite inteira, a primeira vez que ela fazia isso em 70 anos.

No mundo dos sonhos Íris estava confortável, a voz de sua mãe acolhia sua alma quebrada para algo bonito e caloroso.

O início do frio chegou naquela noite, Íris não se dera conta que era solstício, o dia mais longo do ano antes dos meses de escuridão, a noite polar chegava à cidade nórdica.

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A manhã seguinte não parecia uma manhã, o sol saia preguiçosamente lá fora, o frio permanecia intacto.

Íris parecia melhor quando acordou, estava disposta a conversar e fazer comentários sobre tudo, cantarolou repetidamente uma melodia que Bucky sentia conhecer enquanto tomava banho.

O trio desceu para o café da manhã que a pousada oferecia e os olhos dela brilharam quando ela viu a comida conhecida, tudo alí era sua cultura, tudo era confortável, havia muito que ela não se sentia assim.

— Bucky isso é Skolebrød — disse colocando o pãozinho no prato dele

— Skobrød?— tentou pronunciar

— Skolebrød — ela corrigiu — significa pão de escola, é um doce tradicional, minha mãe fazia muito para nós — explicou comendo um pedaço — é como eu me lembro, isso é a minha cultura—.

— isso realmente é bom — ele diz provando um pedaço do mesmo.

— é, não é?— ela afirma sorrindo.

Bucky se maravilho com a culinária do lugar, Íris apresentava cada prato de forma detalhada, ainda com as muitas lembranças de sua mãe que contava as histórias e os mitos sobre os mesmos.

Antes de sair da pousada, Íris ainda conseguiu a receita de muitas das coisas que os dois comeram, mais um tesouro para sua mala de viagem.

Quando ela propôs fazer uma pequena trilha para um fiorde onde ia quando criança, Bucky não se opôs, algo naquelas terras era chamativo e mágico pare ele, ele sentia como Íris se encaixava naquela terra encantadora e bonita, era óbvio ao olhar para ela que alí era seu berço, que ela herdara a beleza daquelas montanhas e daquela paisagem.

O cheiro de pinheiros era forte no ar, eles já tinham pegado dois serenos fortes no caminho, Alpine não saia do casado de Bucky nem arrastada.

— ei— Íris sussurrou para ele o segurando. Ele avistou a rena que andava pela floresta maravilhado. Bucky olhou para Iris, por um momento pensou que era um delírio da sua mente o grande animal que andava pacificamente tão perto deles, mas ela também olhava adimirada para o bicho.

A rena ao perceber que era observado, saiu correndo para a floresta densa.

— isso era um cervo?— ele perguntou ainda admirado

— uma rena — Íris corrige — pela civilização não são mais tão comuns, mas andavam pelo meio da cidade quando eu era pequena — conta continuando a andar pouco a frente dele — são bonitos, não?—.

— muito — ele responde.

Depois de mais alguns minutos de caminhada eles chegaram a beira do fiorde, a água azul convidativa encheu os olhos dos dois junto a brisa fria

Íris se aproximou da água e se ajoelhou, contemplando a beleza e a violência do mar, ela lançou um olhar para Bucky, um convite para ele fazer o mesmo.

Ele se ajoelhou ao seu lado receoso por fazer algo errado

— o que estamos fazendo?— Bucky perguntou

— falando com Nykr, o espírito das águas, estamos agradecendo pela água e pedindo segurança — ela explicou.

Bucky não fez objeções, apenas observou ela recitar algo em nórdico antigo, sentiu que era algo ancestral e bonito e hipnotizante, ele se permitiu fechar os olhos e ouvir o canto, sentir a brisa salgada e a magia que aquele lugar emanava, ele sentiu a diferença, quando o canto virou uma real prece e o vento ficou mais forte, o mar mais barulhento, os pássaros se agitaram e a areia sob seus joelhos parecia que os puxaria.

Quando acabou, ela se levantou e ele a seguiu, o silêncio preenchido pelos sons da floresta era bonito

— minha avó contava que Nykr havia aparecido para ela como um cavalo em um solstício, ele é um espírito metamorfo, — Íris conta — na época eu era cética com religião, até hoje sou de alguma maneira, mas amo nossa cultura, nossos costumes, nossos deuses, não há muito em que eu não acredite de certa forma, o universo é grande de mais para não se acreditar em nada —.

— o que significa o que você cantou?— Bucky perguntou curioso

— eu convoquei os espíritos e pedi proteção, paz, saúde e liberdade — falou ainda com os olhos cinza focados no horizonte.

Continua...

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Aurora // Soldado Invernal {livro 01}Onde histórias criam vida. Descubra agora