A tarde ensolarada não combinava com o cemitério vazio em New York, o lugar feito especificamente para as pessoas que se foram com o blip
Íris andou pelas lápides, Natasha a havia contado o exato lugar onde ir e ela encontrou. O nome de Melina, Alexei e Yelena eram vizinhos, era estranho os ver ali, doloroso.
A mulher se sentou no chão com as pernas cruzadas, tirou o celular do bolso e American pie soou pelo lugar
"Now, do you believe in rock 'n' roll
Can music save your mortal soul
And can you teach me how to dance real slow?
Well, I know that you're in love with him'Cause I saw you dancin' in the gym
You both kicked off your shoesMan, I dig those rhythm and blues"
Íris cantarolou a musica com os olhos fechados, apenas relembrando dela, de Yelena e de Natasha dançando e cantando de forma desengonçada, aquilo foi caloroso ao seu modo.
Permaneceu em silêncio por uns minutos no lugar, não sentiu que havia algo para ser dito para "seus pais" ou para sua irmã, não sentiu que tinha o direito de proferir alguma palavra.
Os dedos caminharam pelo nome de Yelena, algo como saudades queimou em si, saudades de um relacionamento que nunca aconteceria.
Se xingou internamente por não ter ido ao seu apartamento quando pôde.
O medo a impedira de viver e agora não sabia se ainda merecia esse direito.
{sugiro colocar a música agr}
Íris se levantou e andou de forma despreocupada para o outro lado do cemitério, apenas olhando as lápides e calculando a idade de cada morto por Thanos e de certa forma, por ela.
Crianças, adultos, idosos.. bebês...
até que encontrou:
Sargento James Buchanan Barnes
1910—2018
Passou os dedos pela lápide antes de se sentar na grama verde
— oi — disse tentando se convencer que não era louca por fazer isso — você conseguiu ser morto pela uva passa, que merda — comenta sentindo que ele riria daquilo se estivesse ali — já tem três anos e tanta coisa aconteceu... eu consegui destruir a hidra e a sala vermelha, acho que agora foi pra valer, fiz da vida deles um inferno, como prometi — diz se permitindo dar um leve sorriso — fiz um calculo rápido e eu devo ter uns 107 anos, o que significa que você teria 111.. tem tanto tempo que eu parei de contar — suspira abraçando os joelhos — no campo de batalha, eu jurava que sentia todos vocês, como se não tivessem morrido — ri melancólica — minha mente estava uma merda, passei 5 meses no estado Yeva, não me surpreenderia que fosse alucinação. ainda dói pra cacete, sabia? —.
Ela parou uns minutos para olhar o lugar ao seu redor, percebeu que muitos a observavam sentada em frente à lápide, mas não se importou.
— minha missão terminou, Bucky — ela conta — não tem mais ninguém me caçando, mas eu ainda não me sinto melhor, fiz tantas coisas horríveis como Íris, que não restou muito de minha alma, sinto muito não ser mais a pessoa que conheceu... acho que ela não existe mais, vai por mim, você não me reconheceria hoje — diz honesta —... vou pedir por um julgamento... para não ser mais vista como fugitiva, não muda o que aconteceu, mas eu vou poder ir no shopping, o que parece legal, não que eu realmente mereça algo, mas quero tentar fazer as coisas certas — falou da novidade — e eu comprei uma casa também — disse nervosa tirando o celular do bolso — foi um borboletario nos anos 90, fica na Noruega e é bem afastado, fica no meio da floresta — mostra as fotos da casa branca de dois andares em meio as árvores — não tem um lago, mas passa um rio pouco atrás, faz um barulho legal e tem pedras, avisando por experiência própria que são escorregadias.. e a minha cozinha é uma cúpula de vidro, o que é a minha cara, não é? — se permite sorrir com a animação de um pouco de estabilidade — consegui umas pessoas para reformar o lugar, meus investimentos estão bem à propósito — comenta — estou pagando a faculdade de algumas das meninas que resgatei, agora tenho que me preocupar em não deixar o dinheiro faltar, o que é novo, passei tanto tempo me preocupando apenas com estar viva no dia seguinte, não que falte dinheiro, acho que nunca vou usar tudo daquela conta exagerada, talvez seja só ansiedade minha— suspira — ... elas são legais, as garotas, estou tomando cuidado para não me apegar, não quero que se sintam presas ao passado e ao que eu posso representar, quero que tenham vidas, que sejam livres e humanas — diz honesta passando a mão na grama verde viva — estou tentando dar para elas o que eu nunca tive, tem um playground na casa— conta
— na verdade eu vim me despedir — fala olhando as próprias mãos — vou pensar em você cada dia e cada segundo da minha vida, mas eu preciso pensar em mim também — limpou uma lágrima de seus olhos — eu parei de usar o nome "Carter".. estou recomeçando, estou usando "Dagny", é um dos meus nomes de batismo, significa "novo dia", achei adequado — comenta — desculpa não ter te salvado, você caiu do trem e depois virou pó, o que é uma merda e minha mente nunca estará leve por isso, mas vou fazer o que gostaria que eu fizesse... vou começar uma vida, vou dançar na chuva, vou assistir reality shows e vou cozinhar coisas estranhas que eu achar na internet — permite as lágrimas pingarem — as Khardashans estão vivas à propósito, só falando para você não se preocupar — ri, mas um soluço interrompe o som — me desculpa — sua voz embargada pelas lágrimas soa como um sussurro — desculpa ter fugido por tanto tempo, desculpa não ser mais o alguém que você conheceu e me desculpa por já sentir que é hora de seguir em frente — os dedos fazem um caminho pelo nome dele — obrigada por me amar e por me ensinar a ser uma pessoa — disse encostando a testa na lápide, a voz como um sussurro confuso pela emoção — você vai sempre ser o amor da minha vida, Buchanan — permite as lágrimas descerem sem cerimônias — merda, eu acabei de perceber que sou uma viúva de verdade — comenta, uma ponta de humor perceptível em meio á dor — eu te amo — fala decidida — por isso vou embora e vou te deixar partir também, que os portões dourados se abram para você — encostou os lábios no mármore frio — god natt solskinn, vakker og grusom ting — disse em Norueguês ao se levantar, os soluços audíveis e nada discretos.
"boa noite, raio de sol, coisa bonita e cruel"
dor.
ela sentiu a marca que Bucky deixara nela
humanidade
Algo que dificultava cada respiração, fazendo seus pulmões arderem
esse era o tão famoso Luto
por um momento ela desejou simplesmente parar de sentir
Não haviam respostas para ela, nenhum filósofo, poeta ou deus que entendesse a bagunça onde havia se enfiado.
se sentiu sozinha, tanto fisicamente, quanto mentalmente.
A crueldade daqueles três anos voltaram como um soco no estômago.
seu próprio carma
lembrar.
sentir.
sobreviver.
Íris se culpou por nem mesmo ter uma mecha de cabelo dele para carregar consigo, não havia muito além de memórias que provassem que o amor da sua vida caminhara por aquela terra.
Ela quis voltar, quis sentar naquele lugar e não sair mais, mas não se permitiu olhar para trás, andou em passos falhos até onde havia notado Steve em meio as lágrimas que distorciam sua visão.
Steve não disse nada, apenas a acolheu em um abraço e ela chorou como nunca havia chorado antes, se permitiu sentir, se permitiu tornar humana de verdade.
continua...
posso ou não ter chorado escrevendo isso, garanto que a música piora tudo rsrs
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Aurora // Soldado Invernal {livro 01}
Fiksi PenggemarO que ninguém sabia, era que antes da guerra, a Hidra e a KGB já tinham um projeto em comum. A teoria dos grandes números diz que quando uma ação é feita repetidas vezes, gera uma certa porcentagem de variáveis. A jornada de Íris de deixar de ser um...