09| Alerta vermelho

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A M B E R

Ao decorrer da minha vida eu aprendi que não deveria deixar ninguém ver as minhas reações. Eram elas que podiam me levar para o fundo do poço, mas infelizmente, tudo que eu tinha como regra parece ter ido por água abaixo no momento que pus meus olhos em Ian - e no seu pai -, a coisa mais fofa que já vi.

Ele é tão lindo e carinhoso que é impossível não sorrir o tempo todo ao lado dele. Sem contar no fato dele ser muito fácil de se acostumar com estranhos. E olha que eu deveria ser considerada não somente uma estranha, mas também alguém para se ter medo. Mas ele parece não ter noção do que eu sou – assim como seu pai –, e no fundo, isso me faz bem. Ver alguém que não tem medo, ou nojo de mim. Mesmo que seja uma criança. É uma sensação divina.

Observo a interação que a babá tem com ele, e não sei porque, mas não gosto dela. Não troquei mais que duas palavras, e ainda assim, tem algo que meus instintos gritam ser errado. E eu preciso que isso seja coisa da minha mente.

Continuo olhando para os dois na minha frente, avaliando cada ação sua com ele. Uma mão errada e ela vai se arrepender de ter tocado nele.

Posso sentir daqui que ela está muito tensa, porque provavelmente ela sabe quem eu sou e o que eu andei fazendo por aí.

Não consigo tirar meus olhos dos dois e faz muito tempo que não me sinto assim. Talvez seja a vontade de querer matar alguém me consumindo por dentro. E eu sei que não deveria pensar assim, mas é bem maior que eu.

Escuto a porta sendo aberta, o que faz eu me virar para ver ele entrando.

Não posso negar que ele é alguém muito interessante de olhar.  E quando ele está no modo advogado poderoso. Por Deus, é quente demais. E eu sei que não deveria pensar dessa forma sobre ele, mas é impossível não fazer. Ainda mais depois daquele olhar intenso que ele me deu alguns dias atrás.

— Boa noite!

Sua voz suave me pega mais uma vez desprevenida. É como uma melodia muito boa de ser escutada. Daquelas que você repete mil vezes.

Ele sorri para mim e depois vai até seu filho que rapidamente corre em passinhos lentos na direção dele. Nunca pensei que veria um pai ser tão amoroso com um filho, como ele. É algo incrível e que sempre vou ficar boba ao ver.

Vejo a sonsa se levantar do tapete e dizer algo próximo a Dominic. Claramente para eu não ouvir. Interessante.

Ela logo se afasta, pega sua bolsa em cima da mesa e sai, sem me dirigir uma única palavra.

Estalo meu pescoço e continuo observando ele brincar com Ian, que não para de sorrir em nenhum momento. E com certeza esse sorriso é um dos mais lindos que eu já vi. E quando seu pai sorri também, uma sensação boa toma conta de mim ao ver essa cena. Parece ser tão bom ser feliz assim.

— Quando você faz isso é para tentar intimidar as pessoas?

Continuo olhando para suas costas, até vê-lo se virar e me encarar com sua imensidão escura. Acho que os olhos dele poderiam facilmente ser comparados com uma noite estrelada. Consigo vislumbrar tanta coisa só olhando para eles que chega ser assustador. Ultimamente tudo isso que eu sinto relacionado a ele é.

— Talvez. Observar as pessoas atentamente faz parte do que eu sou. Se sente incomodado com isso?

— Não. Mas a Ana sim. Ela cochichou antes de sair que você está a deixando assustada.

— Nossa, não era a minha intenção. — falo, levando minha mão até o peito, com minha expressão doce.

Solto um sorrisinho de lado, tentando amenizar um pouco mais a minha expressão, mas acho que dá errado.

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