10| Paz... Ou não.

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A M B E R

Abro meus olhos e vejo a claridade do sol batendo no meu rosto. Os lençóis cobrem meu corpo, me dando uma sensação boa. A maciez dessa cama com toda certeza é uma coisa de outro mundo. E se alguém dissesse para mim, algumas semanas atrás, que eu estaria em um lugar confortável assim, eu diria que era loucura. Mas agora, parece ser o certo.

Me levanto da cama, alongo meu corpo e vou até o banheiro, me lembrando do sonho que tive com ele. Algo que vem acontecendo com bastante frequência. Isso é algo muito estranho. Porque eu não estou acostumada a ter noites de sono boas.  E quase sempre eu me drogava ou bebia para não ter pesadelos.

Desde que fui presa, terminei sendo “obrigada” a abdicar dos meus vícios e agora, mesmo as vezes sentindo um pouco de falta, parece que estou bem.

Não vou mentir e dizer que não procurei álcool aqui, porque eu o fiz, mas felizmente, Dominic parece ser o tipo de cara que não tem essas coisas em casa. Para a minha surpresa, mais uma vez.

Nossa conversa ontem foi esclarecedora para mim, mas me deixou assustada. Algo que não existia no meu vocabulário, mas agora, aparece com bastante frequência.

Desde que finalmente me senti livre daquele inferno, eu rotulei alertas na minha vida, como um sinal.

Alerta verde, eu estaria confortável com a situação.

Alerta amarelo, eu preciso prestar bastante atenção onde estou me metendo.

Alerta vermelho, eu já estaria sem controle da situação, e deveria correr.

E é isso que está me assustando mais que tudo. Eu pulei todos os alertas quando se trata de Dominic Walsh. Eu já estou no vermelho, e é aterrorizante, porque pelo o que eu me conheço, não vou conseguir frear mais isso, e o que vai acontecer pode ser um acidente trágico, onde talvez, não tenha sobreviventes.

Me olho no espelho do banheiro, sem corte no cabelo, com tintura graças a meu querido advogado. Meus olhos sem lentes foi algo que comecei a me acostumar também, e antes, odiava essa imagem, mas agora, não sei o que sinto. Mas sentimentos ruins perante a isso não existem mais.

Desço um pouco a visão para a tatuagem que tenho na clavícula.

Uma borboleta.

Idêntica às que eu fiz nos monstros que matei. E claro, a que fiz em minha irmã também.

Isso me faz voltar para uma época ruim, me lembrar porque sou fascinada nelas é agridoce. Sempre que eu olhava pela pequena janela do cativeiro, eu via uma. Como se fosse uma maneira estranha de me dizer que um dia eu sairia dali. Por isso, peguei ela como um ponto de liberdade, afinal, borboletas significam transformação e mudança. Algo que eu precisava e ainda preciso.

Sinto que depois dessa experiência que estou vivendo, minha vida nunca mais será a mesma. Fui jogada de paraquedas em uma vida incrível, ao lado de duas pessoas apaixonantes e que infelizmente não podem fazer parte da minha vida. Mas isso aconteceu e eu sei que agora, nesse momento, eles se tornaram uma prioridade para mim. De um jeito bem estranho. Um jeito que não sei definir, nem dizer em que momento isso ocorreu. Mas agora, eles são.

Me afasto da pia e vou tomar um banho. Quero ver se consigo pegar Dominic em casa ainda. Quero pedir a ele papéis e lápis para desenhar. Só agora consigo perceber como sinto falta de trabalhar com o que eu amo. Porque mesmo eu utilizando das minhas habilidades para algo ruim, também lucrava com isso pela noite. E eu necessito ocupar meu tempo com algo para não fazer nenhuma besteira.

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