13| Sem freio

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AMBER

Depois de permitir que ele me afete, mais uma vez, dou um jeito de sair de perto dele por um tempo. Dando a incrível ideia de ser a chefe de hoje. E eu não sei porque inventei isso. A única coisa decente que sei fazer é um prato brasileiro, que uma pessoa muito especial me ensinou e eu não sei se ele vai gostar. Que droga! 

Penso na possibilidade de ir até ele perguntar sobre, mas opto por não fazer. Afinal, estou fugindo dele. 

Pego os ingredientes que preciso para fazer o arroz com bife acebolado. Espero que fique pelo menos próximo ao dela. Tem que ficar. De uma maneira muito absurda, não quero estragar nosso jantar.

Coloco a água no fogo e vou temperar a carne, o que rapidamente faço. Logo em seguida, pego algumas verduras para fazer uma salada. E alguns minutos depois, vejo quase tudo pronto. Faltando apenas pôr a carne no forno. Assim que coloco, marco no relógio o tempo e vou até meu quarto tomar um banho rápido. 

Quando termino, me visto com uma das roupas novas que ele me deu. 

Ao me olhar no espelho, vejo que eu não pareço a Amber de um ano atrás. Nem um pouco. E eu não sei o que isso pode significar. Eu pareço alguém que está se acostumando com a rotina que foi criada tão rapidamente e isso não é bom. Eu sei que isso é passageiro. Eu nunca vou conseguir ser feliz. Eu sei disso. 

Balanço a cabeça negativamente, não querendo pensar nisso. 

Enquanto desço as escadas, observo ele conversando com Ian, que está com uma carinha de que acabou de acordar. Lindo.

Os dois me notam logo e se virão para me olhar. O sorrisinho de Ian é a coisa mais fofa que já vi. Ele parece estar sempre feliz e isso é muito bom. Estar perto de uma alma inocente e tão linda me faz bem e ao mesmo tempo mal. Tenho medo de fazer algo que o machuque.

— Tia… Papai disse que foi voxe que fez o jantar… — diz, me puxando de volta para a realidade.

Aceno positivamente para ele, com um sorriso singelo ao ouvir sua voz linda. Tudo nele me encanta demais.

— Legal!!!! — continua, super animado, como se isso fosse algo muito importante. 

Dominic observa seu filho e depois volta seus olhos na minha direção, em uma conversa silenciosa, que eu ainda não entendo.  

— Vamos comer? Acho que já está pronto. 

Ele acena para mim, concordando, parecendo sem palavras por algum motivo. 

Rapidamente coloco os pratos na mesa, enquanto Dominic coloca Ian em sua cadeirinha, perto de nós.

Cada ação dele parece ser extremamente interessante e isso está se tornando uma obsessão minha. Assustador pra caralho, eu sei. Mas é tão difícil não olhar e não admirar. Ter essa visão tão perto me deixa sem rumo por alguns pontos minutos sempre.

— O cheiro está muito bom… O que você fez? 

— O único prato que sei cozinhar… É brasileiro. 

— Legal… Já comi algumas comidas do Brasil. O tempero é incrível.

Me animo com suas palavras. Espero que ele goste do que fiz. Porque secretamente eu quero agradar e sei que isso não é bom. Mas foda-se por agora. Foda-se tudo. Nesse momento, eu só quero aproveitar esse momento que nunca mais se repetirá. Nunca vou ter momentos como esse outra vez. 

Observo atentamente quando ele leva a primeira garfada da comida à boca, esperando ansiosamente por uma resposta positiva. E pela sua cara, parece estar bom. 

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