25| Perigo invisível

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DOMINIC

Durante toda a minha vida eu nunca tive erros. Só que agora, eu estou fodidamente aterrorizado. E consequentemente, propício a errar.

Ontem, depois que mais uma ameaça chegou no meu escritório, não consegui mais raciocinar. E para piorar, foi algo tão real. Que meu coração parece ter congelado por alguns minutos.

Era uma foto de Ian e Amber completamente suja de sangue com um aviso que se eu não largasse ela, os dois iriam morrer.

A primeira coisa que eu fiz foi procurar por Petrus e Valentina, e por sorte, a ruiva estava na cidade, e como meu amigo não pode acompanhar ela por estar em uma reunião, ela veio sozinha. Conversamos sobre o que vinha acontecendo e se eles conseguiram algum avanço sobre quem poderia ser. Mas para minha surpresa, nada foi encontrado. A pessoa que estava fazendo isso era boa em se esconder. Porque até eles que podiam cavar nas câmeras da cidade não estavam encontrando, imagina eu, um mero civil.

Eu não sei exatamente porque estou escondendo isso de Amber, mas agora, tá se tornando impossível de lidar sozinho. E ver nos seus olhos dor e desprezo ao mesmo tempo me fez querer contar tudo. 

Não entendi porque ela agiu daquela forma mais cedo, mas foi algo relacionado ao fato de eu ter dito que não sai do escritório, o que não foi totalmente mentira, porque só fui me encontrar com Valentina, mas logo depois voltei para lá.

Tentei conversar com ela durante o resto da noite, mas ela me ignorou completamente, trancada dentro do quarto que dei a ela antes de termos algo. Como estava muito cansado, optei por deixar ela quieta até amanhã, mas depois disso, tentarei contar por partes o que está ocorrendo.

Mesmo minha noite sendo horrível por não ter ela ao meu lado na cama, consegui dormir porque o cansaço do corpo e também o emocional me venceram.

Ao acordar, com meu despertador gritando no meu ouvido, me levanto, tomo um banho e me arrumo para o dia que vou ter. Algo me diz que será muito difícil, principalmente pelo o quão nublado está lá fora.

Desço as escadas sentindo um cheiro bom vindo da cozinha. Assim que me aproximo, vejo Ian na sua cadeirinha tomando leite completamente concentrado e ao seu lado Sarah, paralisada olhando fixamente para Amber. Que negócio estranho. Como ela ainda não percebeu minha presença, não para de olhar e eu admito que estou até com um pouco de medo dela.

Meu filho a faz se desligar quando grita meu nome. E de uma maneira assustadora, seus olhos se tornam amáveis quando focam em mim. Seu sorriso largo demais me faz questionar porque isso.

Me aproximo dele, depositando um beijo em sua bochecha e dando um sorriso simpático para ela. Percebo que Amber não se mexe e sua postura fica um pouco rígida. Cogito me aproximar dela, mas prefiro não fazer com uma estranha aqui. Quero conversar a sós.

Pego uma xícara de café e levo aos lábios, brincando com Ian que parece adorar minha presença.

Vejo Amber se sentar em uma cadeira diferente da dos outros dias. Bem longe de mim, mas perto de Ian. Seus olhos não focam em mim por um longo tempo, mas quando o faz, vejo ali, um pouco da antiga mulher que conheci na prisão. Não gosto nenhum pouco.

Tento tocar na sua mão mas ela retira rapidamente, se levantando logo em seguida.

Sigo seu movimento, afinal, não posso começar o dia desse jeito com ela.

Ela beija o rosto de Ian, e diz algo no ouvido dele que sorri lindamente para ela, falando algo que me deixa completamente estagnado por alguns segundos.

— Também te amo mamãe.

Meu filho nunca chamou ninguém assim porque ele nunca teve uma, e agora, saber que ele considera ela a esse nível me faz ficar feliz pra caralho e mais, me faz perceber que eu não posso deixar nada estragar isso que estamos construindo. Muito menos meus medos.

Peço para Sarah ficar com ele e saio atrás dela, ainda consigo a encontrar na sala, com sua bolsa no ombro, pronta para sair.

—  A gente pode conversar?

Ela para no caminho, se virando na minha direção.

—  Não estou com tempo agora. Talvez mais tarde. Tenho algumas coisas para resolver.

Me aproximo dela, tentando quebrar o gelo enorme que existe entre nós nesse momento.

—  Eu não entendo porque você está com tanta raiva… Como você tem certeza que eu estava mentindo?

—  E não estava?

Seus olhos parecem duas adagas na minha direção, perfurando cada parte do meu ser.

—  Você me disse que não saiu do escritório, mas eu te vi no café com uma mulher… Quem era? —  continua. Seu tom de voz está muito ameaçador. Até parece que cometi um crime. 

Respiro profundamente, percebendo o motivo da sua fúria. Tudo isso é apenas ciúmes.

—  Era uma amiga de longa data, linda. Se você tivesse me perguntado ontem, te responderia.

—  E por que você não me disse que se encontrou com ela?

—  Não achei que isso fosse relevante.

Ela se vira, balançando a cabeça negativamente, claramente não comprando o que estou dizendo.

— Você não confia em mim como diz. Tem algo acontecendo que você não quer me dizer… —  sua voz embargada me pega completamente desprevenido. Jamais quis deixá-la desse jeito. —  Cara, você não tem nenhuma obrigação comigo. Se você não me quer mais, é só dizer.

Suas últimas palavras me pegam em cheio como uma batida de carro. Ela está confundindo tudo. Tento dizer algo mas sou interrompido por Sarah que entra no cômodo dizendo uma coisa aleatória.

Minha linda aproveita a situação e sai, me deixando muito mal ao ver a tristeza refletida nos seus olhos. Que porra! Preciso consertar isso com urgência.

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