24| Incontrolável

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AMBER

Me aproximo das pessoas que estão trabalhando em toda organização do meu estúdio. Eles parecem concentrados no que estão fazendo, mas ainda assim, sinto que tem algo faltando. Ou talvez seja apenas meu toc querendo atacar.

Verifico as paredes pintadas de preto, com quadros de algumas tatuagens que eu já fiz. Queria muito ter colocado a minha preferida – que são as borboletas – mas infelizmente, Dominic me freiou.  O que resultou na nossa primeira briguinha dois dias atrás. Admito que eu continuei discutindo apenas por prazer de irritar. Porque com cinco minutos de conversa com ele, eu já tinha entendido o motivo. Mas ainda assim, optei por não dar o braço a torcer por mais vinte e cinco minutos.

Rosy se aproxima de onde estou, com um sorriso simpático no rosto.

— Você tem alguma nova ideia? Sua cara parece entregar isso.

Sorrio com sua pergunta. Coitada dela, passei o último mês a irritando profundamente sobre cada coisa que era colocada aqui.

— Não. Estou adorando tudo. Você realmente é boa.

— Eu te disse que poderia confiar… Inclusive, acho que vou te entregar ele pronto com um pouco de antecedência…

Viro-me na velocidade da luz para observar atentamente suas palavras.

— Sério? — questiono, animada. Não vejo a hora de começar a trabalhar. Acredito que me sentirei mais próxima do que sou quando isso acontecer.

— Sim. Já pode começar a se preparar para inaugurar comigo. Quero uma tatuagem feita por você. — diz, super animada com isso.

No primeiro contato que tive com ela, fiquei com um pé atrás. Principalmente porque foi Dominic que me apresentou ela como sua amiga. Eu já tinha criado várias teorias de como eles tinham se conhecido e até sonhei com ela sem cabeça algumas vezes – não vou mentir – mas no final, percebi que ela era lésbica e apenas amiga dele. O que me fez suspirar aliviada e consegui gostar dela.

— Não sei se você merece.

Ela finge uma cara magoada ao ouvir o que disse. Isso me faz soltar uma risada alta. Meus momentos com ela, aqui, são muito bons.

— Estou brincando… É claro que farei. Espero que já saiba o que vai fazer. Odeio clientes indecisos.

— Isso não é um problema querida, eu já tenho em mente.

Semicerro os olhos para sua audácia ao me chamar de querida e ainda por cima me dar um empurrãozinho de leve, como se eu não fosse perigosa. Até parece que as pessoas esqueceram o que eu era. Na verdade, acabo de perceber que até eu me esqueci, afinal, coloquei um rótulo do passado.

— Bom saber.

Ela começa a falar sobre o que pretende fazer de tatuagem, tomando toda a minha atenção por um bom tempo. E isso me faz perceber que eu estou adquirindo novas amizades aos poucos, porque me sinto bem ao lado dela. E no fundo, é tudo graças a Dom e sua mãe. Eles me deram essa nova chance. Por isso, quando qualquer pensamento insano tenta passar pela mente, eu logo trato de o apagar. Não posso deixar o ódio me consumir.

Saímos um pouco para tomar um café ao lado do estúdio e ela segue tagarelando sem parar aleatoriamente, me fazendo rir a cada dois minutos.

Quando estamos em frente ao ambiente, a primeira coisa que chama a minha atenção pelo vidro é Dominic sentado em uma mesa mais afastada. Ele aparenta estar bem nervosos com algo, já que seus dedos não param de batucar na mesa. Estranho porque ele não me disse que estava aqui, tão perto do meu estúdio, mas rapidamente percebo o motivo. 

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