12| Sequelas

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AMBER

10 ANOS ATRÁS

Alguns dias se passaram depois que Angelina me ajudou naquela estrada. Eu não confiava nela e muito menos em seu esposo, mesmo ambos me tratando muito bem. Até com um carinho que nunca tive na vida.

Eu sento toda vez que eles vem me ver que querem me perguntar muitas coisas, mas sempre evitam e eu gosto disso. Não estou preparada para falar nada e muito menos ouvir algo.

Nesse tempo aqui, tentei me recuperar das dores que estava sentindo no meu corpo inteiro, assim como também por dentro. Mas parecia impossível acontecer. Até que ela decidiu me levar até um hospital ontem.

Eu implorei a ela para não me levar, mas ela o fez, mesmo contra a minha vontade. E chegando lá, para minha completa surpresa, ela deu documentos falsos, com o meu primeiro nome, mas o sobrenome era uma incógnita para mim.

Os médicos fizeram uma bateria de exames em mim e no final, só entendi fielmente o quão aquele monstro tinha me quebrado ao ouvir as palavras que ela me disse com todo carinho, mas muita pena refletindo nos seus olhos.

Eu não poderia ter filhos, afinal, ele me destruiu por dentro ainda quando eu era muito pequena. Pelo o que entendi, os médicos disseram que não sabem como eu consegui sobreviver por tanto tempo, mas que agora, tudo ficaria bem.

Ter uma noção do que isso significava me deixou inerte. Por que eu não morri? Teria sido bem mais fácil.

Sinto em toda parte do meu corpo que tudo que eu vivi naquele cativeiro será lembrado por toda a minha vida e isso me faz perceber que eu fui tão destruída que talvez nunca mais consiga me reconstruir.

A notícia de não poder ter filhos me deixou completamente estagnada, porque eu sinto como se tivesse sido arrancado a oportunidade de algo que não faço ideia. E recordar disso só me faz querer voltar no tempo apenas para torturá-lo. Fazê-lo pagar por todo mal que me fez.

Respiro pesadamente tentando voltar meus pensamentos para a mulher que vem ajudando. Preciso tirar qualquer pensamento psicopata da minha mente ou enlouquecerei.

Acho que tudo que ela está fazendo por mim eu nunca esquecerei na minha vida, mesmo achando que ela não vai durar muito. Me sinto tão morta que não sei se serei capaz de me reerguer.

Escuto uma batida na porta e logo em seguida Angelina entra, com uma bandeja repleta de comidas que nunca tinha provado, mas eram muito boas.

Ela coloca em cima da cama e se aproxima um pouco mais, me fazendo recuar para trás.

— Eu trouxe para você. E oh, quero que saiba que agora você não está mais sozinha criança. Nunca. Poderá contar comigo sempre.

Ouvir suas palavras não me fazem sentir nada. Porque eu sempre vou estar sozinha.

Apenas aceno positivamente, evitando olhar novamente para ela. Ao perceber que não queria falar, ela se retira, me deixando sozinha novamente.

Fecho meus olhos, tentando evitar que as lágrimas saiam, mas é impossível. Não sei o que vou fazer daqui a diante, mas algo me diz que meu futuro está fadado a destruição.

E eu não me sinto mal com isso.

E eu não me sinto mal com isso

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