17| Misto de sentimentos

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AMBER

Assim que abro meus olhos, sou incomodada com uma claridade insuportável. O que faz eu os fechar novamente, na tentativa de me proteger dela. Respiro devagar, ao sentir uma pontada na minha cabeça. Escuto algumas vozes ao longe, e por isso, me forço a abrir os olhos novamente.

Vejo um homem de jaleco e uma mulher ao seu lado. Estranho, porque parece que já vivi isso. Mas logo me lembro do ocorrido. Foi tudo tão rápido que eu nem consegui exatamente entender o que aconteceu. Mas nitidamente alguém nos atacou de propósito. E isso, no meu ponto de vista, significa que foi por minha causa. Só pode ter sido.

— Onde está o Dominic? — pergunto, ainda grogue, mas muito preocupada.

Que nada grave tenha acontecido com ele! Não sei se suportaria carregar esse peso comigo. Ele e Ian se tornaram algo para mim que eu não consigo definir ainda em palavras. Mas eu sei que é forte.

— Está em outro quarto senhorita… Vocês logo poderão ir para casa. Mesmo sendo um acidente muito grave, um milagre divino permitiu que vocês saíssem intactos. Sem nenhuma sequela.

Sinto uma vontade de sorrir ironicamente ao ouvir ele dizer sobre milagre divino. Até parece que algum santo vai querer me proteger de algo. Talvez Dom, mas eu? Impossível.

— Posso vê-lo?

— Acho melhor não. Você precisa de repouso, mas amanhã, estará livre.

Bufo com sua resposta. Não sei se gosto da ideia de não saber, de fato, se ele realmente está bem. Só vou acreditar totalmente quando por meus olhos nele e ver que é verídico.

Ele anota alguma coisa em uma prancheta que está colocada na cama e se vai junto com a mulher, me deixando sozinha.

Me sinto tensa e um pouco dolorida. Não só na cabeça, mas também em algumas partes do meu corpo.

Não tive muito tempo de comemorar nem de entender o tamanho das ações que Dom fez por mim.

Ele me diz coisas que me fazem questionar se tudo que estou vivendo é real. Somente o fato dele dizer que não vai desistir de mim, e me olhar como se eu fosse alguém muito precioso, me deixa aterrorizada.

Eu fui bruta, tentei fugir dele e ainda assim, ele me devolve sorrisos, abraços e a porra da minha liberdade. Mesmo eu sendo uma desgraçada que mata pessoas. Isso é tão absurdo que não consigo aceitar e confiar 100% nele. Às vezes alguma coisa me diz que tem algo por trás disso tudo. Ninguém nunca se interessou por mim nesse nível, não quando sabe tudo que eu fiz. E ele sabe. E pior, me levou para perto do pequeno.

Meu Deus!

Eu realmente estou livre e com dinheiro suficiente para começar a minha vida em qualquer lugar que eu quiser. Mas é como se eu me sentisse presa ainda. Algo aqui me segura. E eu finjo não saber o que é. Não até nós dois conversarmos.

Olho para o teto, tentando não pensar sobre esse assunto. Não estou preparada para aceitar nada.

(...)

No outro dia, quando finalmente o doutor me libera, procuro por Dominic e o encontro no quarto, terminando de se vestir. Ele está com alguns arranhões no rosto, que me deixam um pouco apreensiva. Essa visão não me deixa bem.

Evito olhar para o outro homem na sala, que parece fazer o mesmo comigo. Seu olhar entrega perfeitamente o que ele acha sobre mim.

Assim que Dom se volta na minha direção, tenta me passar um sorriso de que está tudo bem, mas eu sei que não está. E eu sei que a culpa foi minha. Não sabia que tinha tantas pessoas contra até ver a comoção no julgamento.

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