Atenção: Esse capítulo pode causar desconforto. Se, por algum motivo, em algum momento se sentir incomodado, por favor não continue a leitura.
_🐲_
Existe um muro de aço e concreto no limite do que chamamos de esperança e o que dizemos positividade. Ser otimista, não é o mesmo que ser esperançoso.
Vamos tentar avaliar isso de outra forma. Veja bem, Kim Taehyung era um garoto otimista, mas não era esperançoso. Hobi era esperançoso, foi otimista um dia, mas não era mais. E eu, estava sentado há metros do chão, balançando minhas pernas sobre o muro de aço e concreto, estagnado entre os dois lados, porque nunca aprendi a ter nenhuma das duas opções.
Meu pai era um homem incrível, e o motivo de eu pensar isso se deve ao fato de ele ter entendido como equilibrar as duas formas de pensamento. Ele era otimista quanto à vida, esperançoso quanto ao futuro, por mais que sua vida não fosse das melhores e seu futuro fosse tão nublado quanto o meu.
Um dia antes de morrer, eu pude escolher entre ficar em casa, ou visitá-lo no hospital. Acho que foi a única vez em que eu tive a faísca mínima, o gosto breve, do que seria a esperança.
Eu esperei chegar no quarto e encontrá-lo de olhos e braços abertos, me aguardando, e pensei em cada palavra que diria. Contaria sobre Hoseok, sobre Wings, sobre RM e os muros que pichamos na última noite, sobre como o cabelo da mamãe estava ficando mais macio graças ás dicas da senhora Jung. Conversaria sobre o que faríamos quando ele saísse dali.
Bom. Eu não encontrei nada disso.
Eu não encontrei seus braços abertos, porque seus olhos estavam fechados. Não pude conta-lo tudo o que queria dizer, porque tinha medo de que ele não me pudesse ouvir. Não conversamos, porque ele não podia respirar sozinho.
Eu quis chorar, mas não o fiz, porque foram necessários poucos segundos para que eu decidisse que não era meu pai naquela cama de hospital.
Não era meu pai naquele quarto. Não era mais.
Eu o perdi um dia antes de as máquinas apitarem para anunciar sua morte de madrugada.
Eu nunca mais me permiti criar esperanças outra vez, porque significava o mesmo que fundar expectativas. E expectativas são apenas propulsores para a queda.
Yeonjun foi um dos culpados por me ajudar a assassinar cada grama de expectativa que criava, antes mesmo de se instalar de vez em meus pensamentos. Eu acho uma grande ironia então, o fato de que eu estava tão ansioso, na expectativa de receber sua ligação do dia.
Já passavam das sete quando olhei o celular pela última vez antes de me encolher, atrás do banco onde Hoseok estava, para que Seokjin e Namjoon pudessem entrar também, depois de deixarem as bicicletas no suporte na parte de trás do carro.
— Nenhum de vocês têm carteira, não é? — Seokjin comentou. — O que acontece se pegarem a gente?
— Não vão pegar a gente. — Hoseok disse.
— Na melhor das hipóteses. — Taehyung riu baixinho.
— Quem escolheu essa playlist? — Namjoon franziu o cenho.
Me remexi ao seu lado, um tanto desconfortável. Minha coluna doía, e minhas juntas ardiam. Minha cabeça implorava por descanso.
— Foi você, não foi? — Ele encarou, sorrindo. — Seu gosto não mudou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A.U.T.E.N. - Estrelas e Dragões | Taeyoonseok | Concluída
Fanfiction•|CONCLUÍDA|• Min Yoongi teve tudo. Teve tudo o que poderia desejar de uma infância feliz, ao lado das melhores pessoas que já teve o prazer de encontrar, mesmo estando em uma cidade tão pequena como Mency. Acontece que, para ele, a pequena cidade t...