Capítulo 5- O que pode dar errado ?

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DANDARA SCHILLER

No dia seguinte, Nicole e eu caminhamos pelo agitado e barulhento mercado, enquanto ela me presenteia com ideias para conhecer a cidade.

—  Corte a ideia número 3. Eu não
estou com nenhuma vontade de ir à um bar chique beber martinis de dezesseis dólares onde homens como Paul usam ternos caros, para esconder seu lobo interior. Vim aqui para focar em novos objetivos e na minha carreira.

Nicole para e, com um gesto dramático, levanta seus óculos estranhos.

— Certo, e por que diabos não pode se divertir também?
— Porque, olá, a diversão provavelmente vai envolver homem querendo alcançar minha calcinha e eu acabei de ser largada no altar! Eu não estou exatamente com um humor de homem.
— Bem, para a merda Paul. E Foda-se os homens. Nós vamos ao bar para se divertir.
— Eu ainda não acho que seja uma boa ideia.
— Besteira. Isso é uma ótima ideia. — Ela sai pisando firme, sugando com raiva seu shake de gérmen de trigo orgânico.

Ela para em um corredor de produtos naturais e alcança as prateleira com grãos.

— Vai distrair sua cabeça e tirar o bosta traidor dos seus pensamentos.
— Nicole, em dois dias eu terei uma entrevista com o responsável por minha residência. Eu prefiro focar em me preparar. —Digo e ela me olha, incrédula.
— Dan, você é a mulher mais inteligente e equilibrada que eu já conheci. Foi a primeira da sua turma. Você vai passar por uma entrevista besta. Vai passar por tudo isso. E você sairá mais forte. Você me ouve?

Eu assenti e fechei brevemente os olhos, não porque eu estava pensando em suas palavras de incentivo, mais para a preparação. Ela me desgastaria até que eu concordasse, e então nós terminaríamos saindo, para algum lugar. Conhecendo-a bem, seria em algum bar elegante e com muitos homens.

Homens com o mesmo DNA desgraçado de Paul.

— Não, vamos ignorar a maldita luta que você tem em sua cabeça. Vamos sair hoje à noite. Eu tenho tudo pronto.

Suspirei. Eu realmente não tinha força para ir contra sua insistência.

— Sim, senhora.
— Isso aí. Este momento fodido em que você está acabou. Estou cansada dessa merda. —Ela sorri feliz, seguindo para o caixa enquanto eu empurro nosso carrinho com as compras logo atrás.

De volta à casa, organizamos tudo nos
armários. Depois do almoço, eu me sentei em frente ao computador para estudar um pouco mais sobre as informações do hospital. Não sei ao certo quanto tempo permaneci concentrada, mas lá fora a tarde já se despedia e a noite dava seus primeiros sinais.

— Hora de se arrumar —Nicole gritou
quando puxou meus ombros por trás atrás, fazendo-me ofegar e saltar.
— Merda, mulher, você me assustou.— Eu me virei para uma Nicole perfeitamente elegante, e seus profundos olhos azuis riram de mim como se ela estivesse feliz consigo mesma por me pegar desprevenida.
— Esse era o ponto. Você já sabe o que vestir?
— Já estou vestida.

Nicole ergue as sobrancelhas e me dá um daqueles sorrisos com uma ponta
de Meu Deus, sério?

— Você está brincando, não é?

Eu olhei para o meu corpo, observando as calças jeans e camisa roxa de mangas compridas com babados nela.

Eu não acho que eu estava mal.

— O que há de errado com minhas roupas?
— De jeito nenhum. Vem. — Ela agarrou meu braço e me levou para minhas roupas.

Não protestei já que eu realmente não me importava. Ela me empurrou para o pequeno banco que estava próximo do armário e eu olhei conforme ela jogava sobre a cama minhas roupas.

— Merda, Dan. Isso é uma bagunça infernal. Você deveria organizá-lo por cor- Ela diz.

Eu ignorei suas palavras, esperando que ela escolhesse alguma coisa logo.

— Isso! — Ela disse muito feliz. O sorriso no rosto dela era tão grande que deveria machucar suas malditas bochechas.

Eu sorri de volta, mas o meu sorriso estava longe do brilho do seu.
— Pare com isso. É seu recomeço, e você estará se divertindo em breve. Saia desse humor agora! —Ela acenou uma saia preta que provavelmente era muito curta para minhas curvas e uma blusa na cor safira que envolveria meus peitos, segurando-os bem e dispensando o uso do sutiã.

Eu não discuti, só agarrei as roupas e troquei bem na frente dela. Eu não conseguia esconder meu mau humor. Era como um véu preto cobrindo-me, chupando toda diversão fora de mim. Eu não podia escapar dele e eu não gostava dessa falta de controle rastejando dentro de mim. Puxando a saia para cima, eu joguei a blusa, deslizando meus braços nas mangas, em seguida, amarrando-a em torno do meu corpo. Eu costumava amar esta camisa porque Paul disse que realçava o azul dos meus olhos. Agora, era apenas uma triste lembrança dele e do que poderia ter sido.

Um assobio baixo saiu do meu lado.
— Você está quente! — Nicole
exclamou, batendo palmas e saltando para cima e para baixo como uma garota da escola.

Esta seria uma longa noite.

— Pensei que iríamos a algum bar aqui perto —Digo quando vejo um taxi esperando na porta.
— Eu tenho planos melhores. —Ela diz.

Eu ergo as sobrancelhas.

— Devo ter medo dos seus planos?

Minha irmã me dá um sorriso malvado de volta enquanto entra no taxi. Meia hora mais tarde, paramos na frente de um grande prédio preto com um letreiro em letras néon piscando. Se eu estivesse à procura de algum pau aquele teria sido um lugar perfeito, mas eu não estava. Eu tinha muitos problemas por causa de um pau para me preocupar com orgasmos estúpidos.

— Nicole Schiller, por que estamos aqui?
— Porque você precisa de alguma emoção em sua vida—Ela me informa com um sorriso malicioso.— Que melhor maneira de tirar o porco desgraçado do seu sistema que um show particular?
— Strippers? Este é o tipo de emoção que você acha que eu preciso?— Pergunto incrédula.— Você disse que não teria homens e eu não preciso ver um pau para esquecer o que o filho da puta do meu noivo fez. Eu realmente não preciso nunca mais ver um pau. Na verdade, eu estou com ódio de todos que carregam um.

Ela suspira.

— Dan, por favor! Deixa de ser
quadrada! Já estamos aqui. Nem venha tentar voltar à trás. E verdade seja dita, você não vê um pau diferente do maldito porco estúpido já há algum maldito tempo, você provavelmente tem que digitar no Google a palavra pênis para descobrir as diferenças.
— Nicole! — Eu repreende abismada —Você só tem dezonove anos sabe? Não deveria falar como se fosse a deusa do sexo.

Nicole riu, agarrando meu braço e
puxando-me para entrada do clube. Quando entramos, ela ficou muito feliz com a cena.

E eu...

Eu não faço ideia de como fiquei.

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