Capítulo 29-O medo faz parte da vida da gente.

867 104 18
                                    

JACKSON FREMONT

As seis horas e ponto eu estava buzinando em frente a casa de Dandara. Fazia quarenta minutos desde que ela voltou de sua corrida e era tempo suficiente para se arrumar. Alguns minutos depois ela estava entrando pela porta do passageiro.

— Bom dia. Esta de bom humor hoje? —Ela perguntou enquanto colocava o cinto.
— Por que pergunta isso?
— Faz alguns dias que você não me oferece carona.
— Eu tinha assuntos para resolver no hospital antes de iniciar o trabalho.
— Pois eu acho que você estava me evitando. — Ela diz.

Droga, eu não tinha percebido que minhas ações eram tão óbvias.

— Quais assuntos você precisava resolver?
— Por que você faz tantas perguntas?
— Nossa. Você não precisa ser tão rude. Estava apenas tentando conversar. — Ela olhou pela janela.

Suspirei. Esse ia ser um dia longo. Eu me afastei do meio-fio e dirigi para o hospital. Felizmente para mim, dirigimos em silêncio por um tempo depois disso. O trânsito estava tranquilo e conseguimos chegar à via expressa sem a alegre e matinal Dandara me enchendo com assuntos aleatorios. Quando passamos por sua sala, eu quase revirei de tédio ao ver o Dr. Miller em frente à porta com algumas flores. Eu tinha visto ele deixando ela em casa na noite passada e ela estava arrumada para um encontro. Isso foi suficiente para me irritar e me fazer mudar de ideia sobre não dar mais carona à ela. Mas agora vejo que o Ken Mulherengo não quer perder tempo em sua dança da conquista. Não havia como ele deixar escapar uma beleza como Dandara. Um olhar para seus impressionantes olhos curiosos e corpo assassino, e ele rapidamente a veria como a captura perfeita.

— Dr. Fremont. Bom te ver.

Com seus cabelos loiros, olhos azuis e estatura alta, Peter parecia recém saído de um comercial de itens para surfistas.

— Dr. Miller— Falei entre dentes.

De repente, eu queria dar um soco nele.

— Eu não sabia que você tinha um
interesse tão grande nessa área do hospital.— Digo.
— Ultimamente não me importaria de conhecer sobre doenças neorologicas melhor. — Ele deve ter visto a raiva em meus olhos. — Por que você parece que está pronto para me matar agora?
— Do que você está falando?
— Assim que eu disse que estava interessado nessa área, seu rosto se transformou. Há algo que você quer me contar?

Aquilo fazia um fogo subir por minhas veias, mas me recusei a jogar com ciúmes. Fazendo vista grossa, eu segui para minha sala sem dar a  resposta que iria me empurrar ainda mais para uma conversa estranha, em que eu o proibiria de chegar perto de Dandara sem uma explicação racional. Meus sentimentos eram complexos e Peter muito bom em reconhecer sinais de interesse.

Na minha sala eu tento me concentrar nos casos em tratamento que teria que lidar hoje enquanto evito Dandara. Isso funciona pela manhã e mantém todos da equipe ocupados. Mas no começo da tarde é inevitável tê-la longe quando vamos para o quarto de Joshua.

— Ei, meu paciente preferido. Como está indo seu dia? —Ela diz quando entramos mas ele não escutou.

Joshua estava sentado próximo da  janela, brincando com um caminhão de brinquedo.

— Filho— Sua mãe chama um pouco mais alto e nada.

Caminhei até ele, quando estava quase ao seu lado chamei novamente.

— Joshua?

Sem sucesso. Toquei em seu ombro e ele se virou assustado.

— Olá!

Ele sorriu ao me ver e eu me sentei ao seu lado.

— Tudo bem com você?

Assentiu sem dizer, como as crianças pequenas fazem.

Na batida do teu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora