46 › Letal

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Nanami não foi para Kanagawa ao chegar no Japão; não, ele foi diretamente até Osaka, até o espião capturado que, assim como o homem que matou Iori, era um fantasma.

Após ter sido mandado para a Alemanha, um tipo de irritação estranha tomou o temperamento de Kento sempre que ele se via obrigado a falar com os Quatro. Nanami sentia raiva de Satoru por ter machucado S/n, mesmo que ela soubesse dos riscos, mesmo que ele mesmo não soubesse da história de Erwin... Era impossível olhar para os seus superiores — seus companheiros de longa data — e não enxergar as pessoas que ficaram paradas enquanto sua sweetheart era espancada, além do próprio Gojo, que foi responsável por aquela "punição".

E ele sabia que S/n aguentara mais. Aqueles socos foram dolorosos, ele apostava, mas não a feriram de verdade; não feriram o caráter e a mercenária que habitava naquela mulher — e isso era outra coisa que o deixava colérico. O que ela teve que passar para se tornar aquela máquina indestrutível, afinal?

Bem, o que quer que tenha sido, talvez se compare ao que ele estava prestes a fazer com o homem capturado. Ele iria extrair alguma informação. Definitivamente. Nem que precisasse descer até o inferno e atormentar a alma do espião depois que o matasse.

Assim que desceu do carro, Mikasa apareceu na porta do edifício de três andares, um pouco distante da cidade. A Ackerman vestia uma calça jeans e uma blusa regata branca, com uma jaqueta preta. Uma pistola descansava em seu quadril e a mão direita estava subitamente pousada sobre a barriga, quase distraidamente.

— Começou sem mim, Mikasa? — Perguntou, observando os nós dos dedos vermelhos.

— Ele me irritou...

Uma risada baixa foi ouvida, então Itadori apareceu, vestido um terno sem gravatas e com um sorriso leve demais para a situação. Seus cabelos claros estavam desgrenhado e suor escorria de sua testa. Ele sorriu para Kento, acenando e fechando os olhos assim que o viu.

— Todas as mulheres ficam agressivas assim quando estão grávidas?

Aquilo parou Nanami. Ele arregalou os olhos, mal podendo conter a surpresa; Mikasa e Itadori olharam para ele com se estivessem ainda mais surpresos. Aquilo, provavelmente, era mais emoção do que ele jamais demonstrou.

— Você... está... grávida?

O rosto da mafiosa ficou vermelho, mas ela acenou em confirmação.

— Isso é... incrível. — Ele disse, pausadamente. — Parabéns.

— Obrigada, Nanami. — A jovem se curvou levemente, mas ele apenas lhe direcionou um curto elevar de lábios que podia ser considerado um sorriso. — Venha comigo, vou apresentá-lo ao jovem Weistwood.

A última frase foi como um choque de realidade, ressaltando o motivo de ele ter deixado S/n na Rússia e ter voltado para o Japão. Eles não trocaram muitas mensagens nos últimos cinco dias, então a única coisa que sabia sobre a Reiss é que ela tinha saído de Moscou e que passaria mais de um mês viajando pelo país, com o intuito de intimidar uma organização chamada Semak.

Mas mesmo enquanto andava pelos corredores do prédio, ele não conseguia parar de pensar na vida que crescia em Mikasa. E em como Eren deve ter se sentido.

Como a maioria — senão todos — dos homens, ele sempre sonhara em ter filhos, embora, particularmente, não se dê muito bem com adolescentes. Mas um filho próprio é diferente; a ideia de ajudar no crescimento de outro ser humano, de ver os próprios traços em outra pessoa... Era fascinante. Simplesmente.

E, novamente, ele mandou esses pensamentos para o fundo de sua mente quando Itadori abriu a porta para uma sala com paredes de concreto cinza. No centro, havia uma cadeira de metal e um homem amarrado sobre ela — o nariz sangrava, provavelmente pelo soco de Mikasa; ele estava sem camisa e usava apenas uma calça de jeans preta.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora