Prólogo

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Eu podia sentir meus pulsos amarrados atrás das minhas costas, meu corpo estava preso numa cadeira de, aparentemente, metal e havia uma venda tapando os meus olhos. Também havia um pano preso na minha mandíbula e eu pude sentir que estava totalmente desarmada.
Eu escutei vozes grossas ressoando por algo que parecia ser um corredor, passos firmes e algumas risadas irônicas.
Meu corpo se arrepiou quando uma porta foi aberta e um "uh" se tornou audível.

- Olha quem acordou...

Aproximadamente 24 horas antes:


Como sempre, eu acordei de 04:30am.

Levei 30 minutos para me levantar, arrumar a cama, tomar um banho gelado, me arrumar, comer uma maçã, tomar água e começar a correr pela cidade.
Los Angeles é um lugar muito cativante, se posso assim dizer e não faz muito tempo que eu me mudei para cá.
Eu sou Mahina Kambe, ex-agente da CIA.
Sim, esse nome é falso.
Fui "demitida" por matar um Comandante que tentou me estuprar, especificamente por bater nele até que ele morresse e fugir quando soube que eu iria ser penalizada por isso.

Acontece que aos olhos de uma criança, a CIA é uma agência poderosa, culta, honrável... Pobres crianças, mal sabem que aquele lugar é mais tóxico do que a própria Chernobyl. Há mais casos de corrupção - que obviamente não são divulgados - que a própria república brasileira, além da clara traição e ligação com algumas máfias consideradas perigosas.
Acontece que, obviamente, eu era A Melhor agente da CIA. Nunca falhei em sequer uma missão e eram raras as vezes em que um soldado do meu esquadrão era abatido.

Tive muitas propostas para subir de patente e ser chefe de alguma coisa, apenas assinando papéis, organizando missões, dando ordens e recebendo uma fortuna no final do mês, mas todas foram recusadas com elegância.
Sabia que essas propostas só eram oferecidas porque muitos queriam me ver fora do campo. Mas eu amava a ação.
Amava sentir o peso das armas, o calor dos trajes, a adrenalina nas minhas veias enquanto eu arriscava a minha própria vida.

Eu sei de coisas que nações entrariam em guerra para saber e agora mesmo, essa mesma adrenalina corre em minhas veias, porque se eu der um deslize... Boom! Eu morro.
As ordens são "mate-a". Simplesmente. Nenhuma lavagem cerebral, porque sabem que meu corpo podem ter mais segredos que a minha mente; nenhuma tortura, porque sabem que eu fui treinada para morrer em situações como estas; nenhuma segunda chance, porque sabem que eu poderia acabar com um departamento inteiro em 20 minutos.

Bem, eu ao menos tentei mudar de visual para ajudar no disfarce. Meus cabelos, que antes eram pretos, agora se viam platinados. Me enchi de tatuagens - não o suficiente para cobrir cada canto da minha pele, mas o suficiente para me deixar mais intimidadora do que uma agente deveria ser. Além de mudar meu estilo de roupa e várias outras coisas que me diferenciam muito da mulher que eu era.

Eu também moro sozinha.
Eu não sei quem são meus pais, se eu tenho irmãos, ou qualquer outra coisa que me ligue à uma família.
Só lembro de ser criada por uma mulher, uma mulher que eu sabia que não era a minha mãe, que trabalhava para a agência e me treinou desde que eu aprendi a andar. Uma mulher que foi assassinada e me deixou desprotegida.
Uma mulher que eu vou vingar.

Eu também não tinha nenhum amigo, nem um conhecido, ou qualquer outra pessoa que eu pudesse conversar.
Eu vivi viajando de lugar em lugar e dei um jeito para que nenhum rastro de Mahina Kambe fosse encontrado.
Muito menos os rastros da minha mais nova identidade.

Eu estou levando uma vida perigosamente tediosa como uma foragida.

Mas isso mudou quando a ex-melhor-agente-da-c.i.a, de apenas 26 anos, ficou com tesão e decidiu curtir na boate mais badalada de Los Angeles.
A Lux, claro.

Quando cheguei lá, a música "Talk Dirty" tocava em um som prazerosamente alto. No meio, Lúcifer dançava animadamente com algumas garotas e eu decidi me aproximar.
Meu vestido preto de cetim, dançava no meu corpo enquanto eu descia as escadas apressadamente até o próprio diabo.

- Kit Kat! - Ele brincou, aproximando-se de mim com um sorriso.

Ele me chama de Kit Kat porque o próprio Lúcifer me fez o favor de limpar qualquer documento existente sobre Mahina Kambe e substituiu por Katrina Rintarou, uma jovem modelo que ganha dinheiro com parcerias de lojas, aplicativos, e todas as outras coisas que sustentam as patricinhas atuais.
Portanto, Kit Kat era meu novo apelido para Katrina.

- Oi, seu diabinho.

- À quê devo a honra dessa visita? Pensei que estivesse curtindo as suas "férias" pelas Maldivas.

- Oh, isso foi três meses atrás. - Cerrei os olhos, ironizando. - E aqueles foram os melhores dias da minha vida, você é um espetáculo!

- Claro, eu sou uma divindade.

Eu gargalhei, vendo Mazekeen se aproximar e encher um copo de uísque para mim. Como sempre, ela usava roupas coladas e sexy's dando um ar intimidador à mulher.

- Maze, eu senti sua falta!

- Oh, sim, ela é quase tão boa quanto eu. - Lúcifer riu ao meu lado.

- Eu também senti a sua, Kitty.

- Hmm... Kitty... Você é tão quente que parec-...

- Ter sido feita no inferno, né?! - Uma voz diferente completou e eu me virei para ver de quem se tratava.

Eu não o conhecia.
Ele também tinha cabelos platinados e olhos tão azuis que eu jurei ver um mix do céu com todos os oceanos existentes. Maxilar marcado, lábios róseos, aparentemente com um físico invejável e um ótimo gosto para roupas.
Vejamos aqui o meu alvo para esta noite.

- Gojo! - Lúcifer exclamou. - Quando você chegou?

- Faz alguns dias. - Ele respondeu com um sorriso bobo. - Não vai me apresentar a sua amiga aqui?

- Katrina, este é Gojo. Gojo, esta é Katrina. Já se conheceram, já podem transar, a minha suite está disponível! - Ele bateu palminhas, depois de beber todo o líquido de um copo cheio de uísque. - Eu vou indo, tenho trabalho à fazer.

- Tchau... - Eu disse, mesmo sem qualquer sinal do diabo, que simplesmente desapareceu. Eu não havia percebido, mas em algum momento, Mazekeen também foi embora.

- Então... Katrina, você quer dançar? - O platinado ao meu lado perguntou e eu o examinei um pouco antes de aceitar.

Nós fomos até o centro da boate e começamos a remexer o corpo. Gojo mantinha suas mãos nos meus quadris enquanto eu rebolava de costas para ele; ele foi rápido em deixar a boca próxima ao meu ouvido e meus braços, automaticamente, se estenderam até o seu pescoço.

- Você veio sozinha, Katrina?

- Está flertando comigo ou planeja me sequestrar? - Retruquei, ironicamente.

- Confesso que planejo sequestrá-la. - Ele fez uma careta engraçada. - Mas quero te beijar ou até mesmo foder você antes disso.

Eu ri internamente.
Já que estava ocupada demais beijando o platinado externamente.
Meus dedos acariciavam a sua nuca e uma das mãos dele subiu para o meu pescoço, conquanto eu impulsionava meu corpo para trás maliciosamente.
Apenas um giro foi necessário para que finalmente ficássemos de frente um para o outro e suas mãos ásperas começassem a tocar a minha coxa exposta.

- Lúcifer disse que a suíte dele está desocupada... - Gojo refletiu, entre o beijo. - Qual tal se-...

- Sim.

Só isso foi necessário para que ele me puxasse pela mão e me guiasse até o elevador.
Quando as portas se fecharam, o homem me pôs contra a parede de metal e me beijou fervorosamente.
Eu estava excitada e inebriada demais por toda aquela pegada que eu não soube quando ou porquê um sedativo foi injetado no meu pescoço.
A última coisa que eu vi antes de ficar inconsciente foram aqueles olhos azuis, também podendo ouvir um "eu sinto muito, gatinha".

Após isso, escuridão.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora