45 › Pai

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— S/n, eu...

— Por favor. Eu vou te chutar se você não levantar.

Ele engole em seco antes de segurar a barra da camisa, levantando-a em uma lentidão tortuosa. Meus olhos se focam nas faixas que circundam seu abdômen quando ele sobe a peça até a altura do peito. Encaro seu rosto, que está mais tranquilo do que deveria.

— Fomos interceptados no caminho para Vladimir. Levei dois tiros, sendo um de raspão. Reiner está no hospital, mas Sukuna e Suguru estão bem. Dois outros morreram.

As informações são como bombas jogadas ao meu redor, mas me forço a me manter ereta e concentrada. Foco.

Ele poderia ter morrido.

Eu mesma já tentei matá-lo, mas agora é diferente.

— E porque, aparentemente, não pretendia me contar?

— Não achei que seria necessário. — Erwin abaixa a camisa.

— Pois fique sabendo que eu escolho saber quando você estiver entre a vida e a morte, seu... asno!

— Asno? — Erwin se segura para não rir.

— Pare! — Bato o pé no chão, voltando meus olhos para o tronco enfaixado.  — E quem fez isso?

— Organização Semak. São como uma quadrilha consideravelmente influente que nem eu posso domar. Eles se separam em grupos, são cerca de 3 mil pessoas que se mantém em alguns pontos dos arredores de Moscou. — Erwin gira o pescoço, articulando-o. — Eles odeiam a máfia e o poder que temos sobre o governo. E apesar de serem relativamente poucas pessoas, são meticulosos.

Meu cérebro começa a processar as informações. Na verdade, coisas aleatórias vêm em minha mente.
Depois de o que parecem ser dias, ergo o olhar até Erwin novamente.

— Vou caçá-los.

— Como é que é?

— Só preciso de seis semanas. Vou matar todos e trazer informações para você.

— Nem em mil anos que eu deixarei você correr tanto risco! — Ele exclama, movimentando os braços como se não tivesse tomado dois tiros.

— Desculpe mas eu não pedi sua permissão.

— Desculpe mas não me importo que você me odeie, mas não vou deixá-la cometer suicídio.

Levo minhas mãos aos cabelos, respirando fundo da maneira que posso.

— Erwin. Eu posso fazer isso. E eu quero fazer isso. Quero me manter ocupada durante algum tempo, fazer algo útil! — Ele balança a cabeça negativamente. — Porra, Ackerman, me escuta.

— Não. Me escute você. — O tom autoritário me faz piscar duas vezes. — Você não é mais uma criança, sabe do que estou falando. Você é boa mas não é imortal. Não vou arriscar sua vida. Não posso fazer isso. Está pedindo demais.

As próximas palavras são proferidas no calor do momento, mas uma parte de mim está disposta a cumprir a promessa por livre e espontânea vontade.

— Me deixei cuidar desses filhos da puta e eu prometo que aceito herdar essa porra de máfia e ser Chefe disso quando você estiver a sete palmos do chão.

Erwin me olha como se eu tivesse acabado de xingar cada membro da nossa família.

— Você não pode me chantagear dessa forma.

— Pai. — A palavra o faz se empertigar. Sei que não é justo fazer isso com ele, mas fazer coisas perigosas sempre foi um tipo de terapia. — Não estou pedindo sua permissão mas também não posso fazer isso sem ela. Um mês e três semanas é só o que te peço.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora