12 › S/n Ackerman Reiss

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Erwin Ackerman


Eram duas horas da madrugada e o sono não vinha.

A xícara de chá quente esfriava na minha mão gelada e meu pescoço estava começando a doer por passar minutos com a cabeça apoiada no pulso, olhando para o nada e pensando em tudo o que aconteceu no meu passado conturbado.

Pensando na minha pequena Ackerman e na grande, destemida e falecida Reiss.

Identifiquei a presença de Konan pelo som de seus passos — estes que eram tão calmos quanto o vento sussurrado no exterior da mansão. Endireitei a coluna e soprei à borda da xícara, bebericando o líquido que me lembrava mais um dos Ackerman's. A mulher apenas sentou-se ao meu lado, no balcão da cozinha e suspirou, me encarando.
Ela usava uma blusa regata, preta, e um short curto e de algodão da mesma cor, as olheiras se destacavam em sua face e o cabelo estava uma bagunça.

— Yahiko não está te deixando dormir? — Eu provoquei. 

— Se você não fosse meu chefe, eu te daria uma resposta apropriada. — Eu ergui as sobrancelhas, puxando o canto dos lábios. — De qualquer maneira, nem eu, nem você conseguimos dormir... Quer me falar sobre ela?

— Você já sabe da história, Konan.

— Não de todos os detalhes. É deprimente te ver definhando dia após dia por causa dessa sua filhinha-...

— O nome dela é S/n Ackerman Reiss.

— Achei que "S/n" fosse o nome que os Quatro-Você-Sabe-Quem tivessem escolhido.

— Eles escolheram. Historia recomendou. Eu indiquei.

—  ...O fato é que Historia está de olho nela, não há o porquê dessa paranóia toda. Se algo estivesse errado, a sua outra protegida já teria nos avisado.

— Historia não recebe tratamento especial por ser minha sobrinha, você sabe bem disso. — Eu retruquei.

— Tanto faz. — Konan revirou os olhos. — Vamos, conte-me, talvez isso possa ajudá-lo a entender os próprios pensamentos, emoções e essas coisas.

— Hmpff, tudo bem. — Eu respirei fundo antes de começar a falar. — Muitos anos atrás, eu era "aluno" de um dos representantes da Yakuza, no exterior, que cuidava da Eurásia¹. Sendo assim, éramos designados para cobrir o território russo e tenho que dizer que isso não acabou nada bem... — Tomei mais um fôlego. — Acontece que entre essas visitas à Rússia (aprendendo tudo o possível para um dia me tornar chefe do meu clã e representante dele na Tríade, esta que Sakura e Mikasa comandam hoje), eu conheci uma mulher.

— E tenho que dizer, a Haruno está fazendo um ótimo trabalho.

— Sim, de fato-...

— Vá, continue. — Ela balançou a mão.

— Eu me apaixonei por essa mulher e pouco tempo depois descobrimos que ela estava grávida. — Vi a mafiosa cerrar os olhos para mim, apoiando-se na própria mão, com o cotovelo na bancada. — O nome dela era Sarah Reiss²... E ela tinha uma irmã mais velha, uma que comandava a máfia russa depois da morte do pai das duas; por isso que estávamos lá, naquele momento, era um período de desestabilidade e mudança para os russos, mas eu não consegui agir em nome da Yakuza quando descobri que Sarah era uma Reiss. Sua irmã, Lara Reiss³, é a mãe de Historia e foi, por algum tempo, a maldita guardiã de S/n.

— Como ela se tornou guardiã da S/n na CIA se ela fazia parte da Máfia Russa? E como você simplesmente deixou que ela vivesse lá?

— Uma coisa de cada vez, Konan. — Eu esfreguei os olhos, revirando as lembranças na minha mente. — Lara era uma informante importante da CIA para a sua própria organização e quando ela viu que sua irmã mais nova estava grávida, ela enlouqueceu. A própria Lara havia tido uma filha meses antes da barriga de Sarah se tornar impossível de esconder, esta filha sendo a Historia.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora