Capítulo 5.

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— Eu preciso de você, que droga! — falei, segurando o telefone na altura do rosto e observando Artur se enxugar no banheiro. — Eu recebi uma mensagem.

— Que mensagem? Chloe, você prometeu me contar tudo! — ele cerrou os olhos e me olhou sério, encarou a câmera tão de perto até eu poder ver os respingos de água em seu nariz.

— A sua irmã, com certeza era ela! Logo quando você saiu do aeroporto, ela está me seguindo ou alguém está, mas ela sabe aonde estou, Artur. E disse que eu não estou segura. — caminhei pelo quarto e voltei a roer a unha, observei de relance Tyler junto com o fisioterapeuta na varanda. — O Tyler também recebeu uma mensagem.

— Você esperou dois dias para me contar? Não acredito que contou para ele primeiro. — balançou a cabeça negativamente.

— Isso não é uma competição, tá legal? Você não precisa competir com seu irmão a minha atenção, pode parar de ser tão infantil? — sentei na cama e bufei, ele era tão fútil às vezes. — Pensei que também tivesse recebido algo.

— Não sabem aonde estou, e você deveria estar aqui. Mas faz o seguinte, eu deixei um celular no bar, as gravações com as ameaças do Aaron na ligação no dia da morte estão todas lá, quero que faça uma matéria sobre isso e publique. — ele me encarou e eu não conseguia acreditar que estava falando sério.

— Eu não quero mais problemas, Artur. Não posso entregar isso à polícia? — perguntei.

— Não, não pode. No bar tem um computador, com todos os arquivos da empresa desde que eu fiz um estágio qualquer lá, todas as teorias do Tyler, é muita coisa, Chloe. A gente tem que acabar com a revista pela raiz, mas você não entenderia um terço. — ótimo, agora sou burra. — Estou querendo dizer que é mais fácil você publicar as ameaças do meu pai do que expor as outras coisas.

— Mas isso não tem coesão, Artur. Como vão saber o motivo das ameaças sem saber da história? Eu não posso entregar uma matéria sem pé e nem cabeça. — revirei os olhos e bocejei, estava tarde, quase na hora de dormir, ajeitar a cama de Tyler e o fisioterapeuta já estava indo embora.

— Então você quer escrever sobre tudo? Tudo o que aconteceu? — perguntou.

— Eu não quero, mas escrevo se for preciso. — suspirei, eu estaria encrencada? Com quantos processos nas costas?

— Nunca pensei que diria isso, mas você precisa juntar a mamãe e o Tyler. — ele abriu um largo sorriso.

— Você está querendo mesmo nos proteger? — perguntei, com ironia.

— Não, estou querendo te dar inspiração para voltar a escrever e ser uma jornalista brilhante. Estou te dando uma matéria, a matéria sobre a minha vida. E com isso, você estará protegida, não se preocupe, a Abigail vai se sentir intimidada.

— Não posso fazer isso, não é sobre você.

— É sobre a minha mãe e o Tyler também, por isso você precisa juntar os dois, são testemunhas.

— Isso jamais vai acontecer. — eu ri, pensando no impossível. — Sua mãe jamais daria um testemunho contra seu pai e... você está imaginando o Tyler sentando tomando chazinho com ela?

— Ele não pode ficar em pé, não é? — Artur deu gargalhada. — Só convence o Tyler, fala sobre a revista, a sua ideia.

— A ideia é sua, Artur.

— Mas eu estou te dando, seja educada e agradeça.

— Isso não é uma brincadeira, Artur! — aumentei o tom de voz . — Eu posso morrer, ser sequestrada, sei lá, e você continua brincando. Eu continuo achando que você é um egoísta que quer fugir de todos os seus problemas. Quando resolver falar sério e realmente demonstrar o que sente, você me liga. Não... melhor! Você volta! — desliguei o celular e joguei sobre a cama, levei as mãos até o rosto e respirei fundo, ouvi a porta do outro cômodo bater e olhei para o lado, Tyler se aproximava e me olhava sem nenhuma expressão no rosto.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora