Levantei em um susto, respirei fundo e por alguns segundos não conseguia puxar o ar. O quarto estava totalmente escuro e eu me encontrava nua com um Artur adormecido ao meu lado. Eu sempre tive sonhos sem nexo, mas nesse pesadelo parece que as coisas se encaixavam.
Sangue, muito sangue, uma mulher de preto e de rosto coberto, Aaron Evans com um bebê chorando no colo e Artur com outra mulher.
Levantei e fui até o banheiro, lavei o rosto e me apoiei na pia, tentava me convencer que aquilo havia sido antes um sono ruim e que estávamos seguros em casa, Aurora estava bem, Aaron estava morto e a polícia e os advogados estavam cuidando do resto. Olhei para a aliança em meu dedo e isso me confortou, saber que finalmente eu e Artur estávamos juntos e a minha família apoiava isso.
Eles foram embora no fim do dia, logo após o meu irmão se recuperar da ressaca e eu me resolver com o meu noivo que pagou o almoço em família em um restaurante à beira do mar. Mas aquela imagem não saia da minha cabeça, era como se fosse uma premonição, como se algo de ruim estivesse prestes a acontecer e eu não podia fazer nada. Sabe quando você cai em um sonho e não consegue levantar e nem correr? Era assim que eu estava.
— Meu Deus, eu agradeço tanto por tudo, mas me protege, protege a gente. — falei comigo mesmo, enquanto vestia uma roupa e caminhava para fora do quarto. A casa ainda me assustava com as fotos dos finados Evans pela parede, mas eu não queria acordar Artur.
A TV estava ligada e Tyler assistia a algum programa de idiota que passava às quatro da manhã, balancei a cabeça e fui até o sofá, sentei ao seu lado.
— Sem sono também? — perguntou.
— Tive um pesadelo que foi... horrível! — respondi, pegando uma almofada e colocando no colo. — Tinha uma mulher rodeada de sangue, ela tinha uma arma, então aparecia o seu pai com um bebê no colo, o seu irmão estava com outro mulher e...
— Deve ser a sua consciência falando que o bebê que você perdeu não é do Artur. — Tyler me encarou, eu até pensei que ele estivesse brincando, mas era isso que ele queria.
— Me poupe, Tyler. A gente sempre se preveniu e, além do mais, o médico falou que era super recente, impossível, era do Artur! — mal sentei, mas já estava levantando para ir embora e ele segurou com força o meu braço.
— Você só fala assim porque não quer aceitar o que tivemos e os sonhos que compartilhamos juntos! — reclamou, e eu também não olhei para trás, só queria sair de perto dele. Ele estava tão insuportável, obcecado, só falava em nós dois e parecia não se conformar. — O bebê. O bebê do seu sonho, o bebê que você perdeu era o nosso filho e você sabe disso! No seu sonho ele estava com o Aaron porque é isso que deve estar acontecendo, a alma podre dele deve estar vagando com o nosso bebê por aí.
— Que bebê? — olhei para trás, Artur estava em pé na escada e com um olhar nada agradável. — Que bebê, Chloe?
— Artur, eu... — respirei fundo e fui ao seu encontro, eu sabia que não havia chances do bebê ser de Tyler, mas eu ficava confusa.
— Você contou o nosso segredo ao Tyler? Nós prometemos que seria algo nosso! — antes que eu pudesse me aproximar ele se afastou, terminou de descer os degraus e levou a mão até o queixo.
— Eu não contei, quer dizer, eu acabei falando porque estava precisando desabafar. — me expliquei, olhei para Tyler que só nos observava. — Tyler!
— Porra! — Artur gritou. — Desabafar, Chloe? Desabafar depois de todas aquelas promessas? Desabafar com o Tyler? Eu não me incomodo que converse com ele, mas odeio que quebrem as promessas que me fazem.
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Meu Amado Vizinho
Romance• Livro 3 • Continuação de "Meu Inesquecível Vizinho" +18 Recomeçar depois de todo o cenário horrendo de morte seria uma tarefa difícil para todos os envolvidos naquela tarde. Mas apesar e depois de tudo, Chloe e Artur estavam juntos, finalmente. D...