E depois de um dia cheio de surpresas, estávamos ali só nós dois deitados na sacada e observando o céu estrelado, a brisa que o mar trazia era tão gostosa e deixava tudo com um gostinho de infância, os problemas sumiam ao lado dele, mesmo às vezes eu querendo arrancar a sua cabeça.
— E você se lembra daquela vez que tomou o laxante da vovó Amélia achando que era balinhas? — perguntei, rindo e com as mãos apoiadas na barriga, enquanto tentava entender a constelação. — O papai foi te buscar na escola depois da professora te dar um banho e colocar aquela roupa ridícula do achados e perdidos.
— Sim. — confirmou e caiu na gargalhada. — Sabe por onde anda aquela garota Emily?
— A que sempre me batia? — virei o rosto e encarei Caio, que estava com um largo sorriso no rosto e o pensamento parecia distante.
— Ela mesma! Lembro uma vez que entrei na biblioteca e ela estava pendurada em seu cabelo, atirei o livro do Mágico de Oz nela. — riu um pouco desconfortável, ele sempre me defendia na escola e odiava quando mexiam comigo. Coisa de irmão, sabe? Aquele lance que só vocês dois podem se xingar e se matar, mas caso o ato venha de terceiros, você é o primeiro a defender.
— Acho que foi embora para o Canadá ou algo do tipo. A justificativa dela para me bater era porque eu e os meus amigos a chamavam de "Emily Banana". — dei uma gargalhada alta lembrando do apelido tosco e sem sentido, mas eu apanhava de verdade.
— Você sempre foi meio chatinha, mas odiava o que as pessoas faziam com você. — suspirou. Sempre sofri bullying na infância por ser uma criança gordinha, a minha turma inteira fazia chacota e o meu irmão era o gêmeo legal, que foi mudado de turma quando quebrou o dente de leite de um garoto que estava me chamando de baleia no jardim de infância.
— É... você sempre me defendeu. — me aproximei um pouco mais dele e sorri de canto, o abracei forte e fechei os olhos. — E quando digo sempre, não é só quando éramos crianças, mas agora também.
— Não vamos falar disso, não é irmãzinha querida?! — insistiu, dando um leve soco em meu ombro. Eu tentava respeitar a sua decisão de não querer falar sobre a tarde em que Aaron Evans foi morto, Tyler quase bateu as botas e Artur foi baleado, mas eu queria falar sobre aquilo com Caio, me desculpar até o meu último dia de vida pelo que fiz ele passar. Apenas concordei e forcei um sorriso no rosto, ele agradeceu. — Olha só aonde estamos agora... falando sobre a nossa infância na mansão do seu noivo. Isso é engraçado.
— Ele pelo menos é o cara certo, tenho certeza disso porque foi o único que você não me fez passar vergonha. — dei uma risada, lembrando que de todos os caras que fiquei, Caio me fazia passar vergonha ou tirava sarro deles até nenhum querer mais ficar comigo. Talvez ele tivesse sido usado pelo destino para eu poder encontrar Artur.
— Você tem razão! — ele riu. — Você lembra daquele cara que você era apaixonada, e eu falei indiretamente que você tinha piolho?
— Meu Deus, eu chorei horrores! E eu nem tinha piolho. — sorri de canto, foi a minha primeira decepção amorosa, o garoto nunca mais quis me ver depois disso, meu irmão era ridículo.
— Mas eu te livrei, ele engravidou uma menina depois e se mandou com um sugar daddy.
— Quem se mandou com um sugar daddy? — Artur perguntou, adentrando a sacada e se encostando na grade de ferro.
— Ah, um cara por quem a Chloe era apaixonada. — meu irmão falou, deu pouca importância para o assunto, mas eu fiquei sem jeito.
— É o seu ex que vai casar? — o barbudo arqueou a sobrancelha e me olhou, levou o copo de whisky até os lábios e fez uma expressão curiosa.
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Meu Amado Vizinho
Romansa• Livro 3 • Continuação de "Meu Inesquecível Vizinho" +18 Recomeçar depois de todo o cenário horrendo de morte seria uma tarefa difícil para todos os envolvidos naquela tarde. Mas apesar e depois de tudo, Chloe e Artur estavam juntos, finalmente. D...