Capítulo 14.

386 32 7
                                    

— É, mas eu pedi para ir embora primeiro! — Caio justificou, levando uma mão até o rosto.

— Mas eu avisei, eu tentei avisar, era para ser uma noite de negócios. — o copo de whisky jamais era deixado de lado, enquanto Artur falava plenamente e se impondo com razão.

— O quê?! — Tyler franziu a testa, quase deu um pulo da cadeira de rodas. — Você disse que queria ir embora depois da décima dose, e você esqueceu dos negócios quando a primeira dançarina apareceu.

— O quê? — gritei, repetindo a primeira indagação do meu ex, mesmo confusa com os três patetas falando ao mesmo tempo, consegui compreender bem as palavras que saíram da boca de Tyler. Olhei para Artur, que colocou o copo sobre a bancada da cozinha e roeu a unha, mais sonso do que nunca. Acho que o meu olhar ele já conhecia, suspirei e não hesitei ter uma DR na frente do meu irmão e do meu cunhado.

— Pensei que havíamos combinado de não dedurar o outro. — Artur passou por Tyler, deu um tapinha de agradecimento irônico em seu ombro, e se aproximou de mim.

— E você combinou de me enganar. — abri um sorriso, bati palma e olhei fixamente para os três. Que lealdade, hein?! — Parabéns, eu podia esperar isso dos dois, menos de você, Caio. Quando ia me contar?

— Te contar o quê? Sossega, criatura. — meu irmão revirou os olhos, arrancou o curativo da mão e deitou a cabeça sobre os braços na mesa.

— Eu passei a noite inteira em um hospital cuidando de um bebê enquanto vocês três enchiam a cara com prostitutas do lado. — levantei do banco e caminhei até a sala.

— Eram dançarinas, meu bem. — Artur quis me corrigir, mas não dei muita importância. O que passava pela minha cabeça era a cena de um ano e pouco atrás, Artur deitado no chão ensaboando duas garotas de lingerie.

— Não importa. Eu não quero meu irmão metido nos seus negócios, não me importo se o seu bar tem coisas ilícitas e prostitutas, desde que você o frequente para administrar, não se divertir com os seus clientes. — peguei a minha bolsa em cima do sofá, olhei pela janela e os meus pais estavam voltando da praia junto com a minha avó, olhei para o meu noivo antes de subir as escadas e ouvi Caio cochichar algo com Tyler.

— E imagina se ela soubesse que usamos cocaína e fizemos uma orgia. — falou em tom que eu conseguisse ouvir mesmo estando no andar de cima. Dei meia volta, repreendi o meu irmão com o olhar enquanto esperava uma explicação sem dizer nenhuma palavra.

— Claro que é uma brincadeira, Chloe. — Tyler revirou os olhos e eu subi. Fui para a imensa suíte, tirei a roupa que cheirava a hospital enquanto me direcionava ao banheiro que funcionava apenas a banheira com água gelada. Eu me sentia perdida em um daqueles filmes que a gente acha que vai entender o começo, mas já nos primeiros minutos não estamos entendendo nada, e o final fica em aberto nos deixando ainda mais confusos.

Em um dia descobri que sofri um aborto, fiquei noiva, a minha afilhada nasceu e o meu noivo começou a agir como agia antes: o solteiro desapegado que entra no meio das primeiras pernas que se abrirem.

Respirei fundo e molhei o meu corpo com o líquido inodoro e incolor congelante, me imaginei na faculdade, trabalhando e ainda me lamentando pelo pé na bunda que Oliver me deu no passado. Ouvi a porta rangendo e logo se fechando, eu estava de costas para ela e isso me aliviou, estava tão cansada e com a cabeça tão cheia sem querer ao menos ouvir as desculpas esfarrapadas de Artur.

— Soube que seu irmão passou mal. — a minha mãe falou do lado de fora do banheiro.

— É... eles saíram para beber essa noite. — dei um sorriso de canto, terminei de me molhar e me levantei, apanhei a toalha e fui de encontro com a minha mãe, ela estava parada em frente a porta do quarto e parecia pensativa.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora