Capítulo 7.

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Estávamos no carro a caminho do tal lugar misterioso que Artur pretendia me levar, eu estava cansada e com sono, emburrada com fome mas ainda assim contente por estar com ele. Já fazia quase uma hora de estrada por conta do trânsito na cidade, o cheiro de chuva que o vento trazia dava uma preguiça gostosa, mas mais gostoso ainda era a mão de Artur apoiada em minha coxa, enquanto ele manobrava o volante com a mão direita, o óculos aviador em seu rosto o deixava mais sexy do que já era. Seu dedo indicador acariciava a minha virilha com movimentos suspeitos, eis o arrependimento de usar um jeans apertado, fui pega de surpresa.

— Já pedi para você parar. — falei, afastei a mão dele e cruzei as pernas na esperança de conter o tesão entre elas.

— E eu já sugeri que tirasse a roupa, você vai ficar bem mais confortável. — ele me olhou, abriu um sorriso branco e colocou a mão no mesmo lugar de antes, desabotoou o botão na maior facilidade do mundo e desceu o zíper devagar.

— Estou com frio. — me fazer de difícil sempre fez parte da nossa relação, então agora não seria diferente, mas eu estava realmente com frio. A placa na estrada avisou que estávamos chegando em Nova Jérsei.

— O carro tem aquecedor e não será um problema esquentar você. Quer dizer, nunca foi. — ele passou a língua pelos lábios bem devagar, eu o desejava como nunca, como a primeira vez, queria sentir a sua língua percorrer o meu corpo, me sentir arder de prazer, me fazer implorar por Artur como uma alma desesperada querendo ser salva do inferno, porém, ele era o meu inferno, e eu não queria que ninguém me salvasse. — Estamos chegando, nossa, estou tão feliz!

Ele parecia bem empolgado e sorridente, paramos perto da praia em uma casa gigante, cercada por um jardim e árvores, ela parecia escondida e meio abandonada. Como um cavalheiro, Artur desceu do carro e abriu a porta, tirou as malas de dentro do carro e dessa vez eu fiz a cara de surpresa, ele planejou isso. O que a minha mala está fazendo aí, hein?

— Ah, eu tomei a liberdade de pegar as suas coisas que ficaram em Pembroke. — forçou um sorriso e me olhou. Eu continuava com uma cara de "aonde estamos e o que está acontecendo?", mas ele não entendeu e se direcionou até a porta.

Eu observei todos os detalhes, a cerca de madeira e o portão de ferro gasto e corroído pela maresia, a grama estava alta e um caminho de pedras nos guiava até a porta de entrada. Subi três degraus de madeira e ela rangeu, as folhas caídas sob a varanda mostrava o descuido e abandono do dono, mas era uma casa bonita. Ele estava perdido no meio do emaranhado de chaves e acho que as mãos trêmulas não ajudavam, Artur nunca teve jeito com chaves ou com portas, essa estava realmente dando trabalho, super emperrada.

— Eu não sei como conseguem. Abrir. Essa. Porta. — ele falou, sua voz em um tom de esforço enquanto ele fazia força e empurrava a porta, o sapato social deslisava na madeira até a porta de abrir de uma vez e ele escorregar para dentro.

— Uau!

A casa era tão linda dentro quanto fora, móveis antigos e um pouco empoeirados, o papel de parede azul era clássico e fazia um contraste belíssimo com o lustre de cristal bem no meio da sala de estar, lugar chique apesar da TV de tubo antiga e vintage.

— Isso aqui ainda está... perfeito, fascinante. — falou, apoiou as mãos na cintura e sorriu tão surpreso quanto eu. Tomou a liberdade abrir as cortinas das enormes janelas, um clarão tomou de conta da casa que não via luz a um bom tempo; pareceu que os anjos haviam descido do céu e espalhado a paz nesse lugar, eu me sentia bem, me sentia feliz e tranquila, sabe quando um cheiro nos traz uma lembrança boa de infância? Essa casa tinha esse cheiro. — É a casa da minha avó, meu bem. Da velha Bernardeth Evans.

— Por que tudo está fechado? Abandonado? Isso é fascinante, como você disse. — comecei a caminhar pela sala e passei o dedo pelos móveis rústicos, observei cada detalhe da madeira escura e os livros que estavam bem a minha frente em uma enorme estante. Fotos da família e de parentes que provavelmente já estavam mortos.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora