𝐴𝐺𝐸𝑁𝑇𝐸 𝑆𝐸𝐶𝑅𝐸𝑇𝐴 - CONCLUÍDO

C A P Í T U L O 2 4

DEVIL

— Não! — Grito, correndo até o carro de Melinda e me deparando com o veículo vazio.

Me ajoelho no chão, sentindo meu peito doer quando vejo pequenas poças de sangue se destacando na terra. Mais a frente encontro a vegetação amassada e ao lado a arma de Melinda caída.

— Eu juro que vou matar aquele desgraçado — Pego a arma dela e sem esperar que Sam e Matias me sigam eu vou até o meu carro, querendo entrar nele e ir atrás de Tobias, não importa que eu não saiba onde ele está, eu irei vasculhar até no inferno se preciso for.

— Se acalme, Devil, não adianta dirigir que nem um louco pela cidade, você não sabe onde ele pode está — Sam segura meu braço, me fazendo soltar-me com agressividade do seu aperto —  Porra Devil!

— Ninguém vai me impedir de procurar por ela — Rosno entre dentes, serrando os punhos — Não vou deixar Melinda nas mãos de um homem nojento como Tobias, eu me recuso a ficar de braços cruzados.

— Você vai entrar nessa porra de carro e vai para casa, Devil, você está me entendendo bem? Agir como um descontrolado pode pôr a vida dela em risco. — Me viro furioso para Matias, calmo de mais para a situação em que nos encontramos, o que me leva a  duvidar da sua lealdade à profissão.

— E o que você sugere?

— Esperar até que Tobias entre em contato — Diz calmo, olhando a hora no celular — Algo me diz que isso será o melhor que possamos fazer.

— O que? — indignado e completamente fora de mim, eu agarro Matias pela camisa e sem me importar  com nada, empurro ele com força contra a lataria do carro — Você está escutando a merda que tá falando? Que porra de delegado você é? EU NÃO VOU FICAR SEM FAZER NADA QUANDO O MELHOR QUE EU POSSO FAZER É IR ATRÁS DELA.

— Não me faça jogar você atrás das grades...

— Que se foda ! — Solto ele, passando as mãos com agressividade em meus cabelos — Nada vai ser capaz de me impedir de ir atrás dela, então isso quer dizer que você pode me prender, mas não será o bastante.

Entro no carro, disposto a sair cantando pneu e deixar aquele delgado filho da puta comendo poeira, mas para minha surpresa, Sam está com as chaves nas mãos.

— Eu dirijo, ou então nada feito.

Xingando e claramente insatisfeito com toda essa situação, eu passo para o banco do carona e espero que Sam tome o lugar de motorista e que siga com o plano de deixar Matias comendo poeira.

(...)

Ando de um lado para o outro, desejando fazer Sam cuspir sangue por ter agido como um filho da puta e ter me trago para casa, me obrigando a ficar aqui de braços cruzados como um idiota, fazendo um grande sacrifício para não mandar Matias sair da minha casa.

Não suporto sua presença, mas o que mais perturba é o fato dele insistir para que ficarmos aqui esperando que Tobias entre em contato.

— O que te faz pensar que vamos receber uma ligação dele? —  Matias olha para mim, não escondendo o desprezo que sente por mim.

— Minha experiência me diz isso, e além do mais, o FBI está na cola dele, está claro como água que ele quer usar Melinda para negociar. — Ergue uma sobrancelha de forma irritante, para depois voltar sua atenção para o celular.

Deixo a sala a passos agoniados e vou até meu quarto, sentindo uma sensação boa me invadir quando sinto o cheiro do seu perfume em minha cama. Me sento sobre o colchão macio,  e frustrado levo as mãos aos cabelos, puxando-os com força, na esperança de aliviar toda essa apreensão que me nocauteei como um lutador de boxe.

Preciso encontrar Melinda ou então receber um maldito sinal de vida daquele filho da puta fumante, qualquer coisa ja é suficiente para que eu consiga ter uma idéia para onde ele possa ter levado ela. Soco o colchão inúmeras vezes quando penso em uma Melinda desmaiada, com o corpo banhado de sangue e com vários hematomas, infelizmente é assim que Tobias gosta de ver as mulheres. Como um doente ele se banqueteia com o sofrimento feminino.

Preciso encontrá-la e me recuso a ficar aqui impaciente, aguardando uma ligação que pode não acontecer, porém mesmo assim Matias insiste para quê fazemos isso.

Pego minhas armas, escondendo-as em lugares estratégicos, que são de fácil acesso caso eu sofra um ataque surpresa. Visto o colete a provas de balas, encarando meu reflexo no espelho e tudo o que vejo é um homem com sangue nos olhos, determinado a encontrar a mulher que chegou como um furacão em sua vida e que agora está a mercê de um velho nojento, capaz de matá-la sem pensar duas vezes.

— O que acha que está fazendo? — Matias deixa o sofá em um pulo e vem até mim como um touro raivoso, soltando fumaça pelas narinas infladas. Solto um gargalhada amarga e sem ao menos dar conta das minhas ações, eu torço seu dedo idiota apontado para mim, fazendo o desgraçado rugir de dor— Filho da puta!

— Você sabe muito bem o que estou fazendo — Rosno em aviso, empurrando ele para longe de mim e vendo Sam se aproximar, ficando em alerta — Estou indo atrás de Melinda e não vou parar até revirar cada canto dessa cidade, porque ao contrário de você, eu não sou  um covarde que vai ficar aqui de braços cruzados.

— Você pode pôr tudo a perder! Você acha mesmo que está sendo fácil para mim ficar esperando? Minha vontade é a mesma que a sua, mas eu trabalho com estratégias, não com o coração.

Me aproximo dele mais uma vez, ficando cara a cara com um homem  fraco e mesquinho, que não aceita o fato de que não tem nenhuma chance com a mulher que ele deseja e por causa disso está agindo como um imbecil, jogando o profissionalismo de lado, deixando que o pessoal interfira no profissional e essa sua atitude mesquinha sim pode pôr tudo  a perder.

— Você é uma vergonha para o FBI. O que eles vão pensar quando souber que você está agindo como filho da puta apenas porque levou um pé na bunda? Pensa um pouco, cara, você é um delgado do FBI, tem centenas de agentes a sua disposição, que estão aptos para tudo, basta apenas que você seja homem e profissional o bastante para acioná-los e ir salvar Melinda, uma das suas agentes também, então enquanto você não escolher agir como um homem, cabe a mim fazer tudo sozinho, mas uma coisa eu te garanto. Eu vou achá-la, nem que para isso eu precise ir até o inferno.

Deixo a sala a passos decididos ao som de xingamentos, tanto de Sam quanto de Matias, dois homens idiotas, que não fazem a mínima ideia do que estou sentindo por saber que Melinda está correndo perigo. É como se tivesse uma mão dentro de mim, apertando cada vez mais forte a meu coração à medida que as horas passam e eu continuo sem qualquer notícia, então não, eu realmente não posso ficar aqui de braços cruzados esperando por uma maldita ligação.

Quando entro em meu carro, eu saio cantando pneu, não sabendo ao certo para onde devo ir, tudo o que sei é que preciso encontrar Melinda e apesar de não fazer a mínima ideia para onde Tobias pode ter a levado, eu não deixou a motivação fugir de mim, preciso dela do meu lado agora e isso basta para que eu rode toda a cidade, fuçando cada canto, até porque Tobias é um rato e fazendo jus a sua espécie nojenta, ele é capaz se esconder em qualquer lugar, até mesmo no inferno, mas isso não é páreo para mim, um homem loucamente apaixonado, disposto a absurdamente tudo para encontrar a mulher amada.

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