Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 2

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(𝑴𝒐𝒏𝒕𝒔𝒆𝒓𝒓𝒂𝒕 𝑾𝒉𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒎𝒐𝒓𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)
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(𝑴𝒐𝒏𝒕𝒔𝒆𝒓𝒓𝒂𝒕 𝑾𝒉𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒎𝒐𝒓𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)---❀---

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Segunda da fila.

Bom... Já é um começo.
Prefiro não perder o meu voo por causa dessa fila interminável.

Sem querer, olho para o lado, vendo mais uma vez o Daryl conversando com o segurança. Eles agora estão sérios.

De repente, o Daryl aperta a mão de seu suposto amigo e se vira em minha direção.
Mais rápido que tudo, eu me viro, voltando a minha posição de antes.

Espero que ele não tenha me visto.

Viro somente os olhos para o lado e vejo o Daryl vindo em direção onde eu estou, no corredor atrás. Com seus passos lentos e músculos avantajados.

Bebo de forma calma meu suco para um disfarce maior.

Percebo agora que ele não está mais na pista de trás e está vindo em minha direção.

Merda! Mil vezes merda.

Decido sair daqui, posso entrar na área de embarque quando o meu avião estiver pronto para levantar voo.

Puxo minha mala com precisão e a arrasto em direção a pista de trás, me distanciando.

Caminho de forma elegante, sem perder a postura.
Um óculos agora seria a chave final para o meu disfarce nada disfarçado.

De repente, eu sinto um puxão em minha mala, como se alguém estivesse a segurando.

Olho para trás e puxo a mala ao mesmo tempo, vendo com irritação o Daryl retirando as mãos da mala.
Ele conserta seu corpo e sorrir de forma travessa.

Esse sorriso. Esse sorriso me irrita.

Como da primeira vez que nos vimos, ele me analisa por completo. Sua atenção pode estar em minhas roupas, ou no meu corpo, ou em minha postura elegante.

Fiz aulas de etiqueta quando eu tinha 13 anos de idade.
Minha mãe me estudou e me treinou para ser um modelo perfeito de inspiração. Eu nunca a decepcionei nisso.

A Savannah também fez alguns meses, mas no final chegamos a conclusão que nos momentos tensos, sua postura desaparece de forma automática e isso vinha do seu próprio corpo.

Diferente de mim, que em qualquer momento, me lembro da minha postura. Isso diz muito sobre quem sou.

Resmungo e volto a puxar a minha mala.
Rapidamente o Daryl se posiciona ao meu lado. Eu paro instantaneamente e o encaro.

___ Você parece com pressa. A área de embarque não é ali? ___ Ele aponta para trás, exatamente onde eu estava.

___ Pois é... eu estou fugindo de você. Agora, sai da minha frente.

___ Tem muito espaço aqui, majestade. ___ Ele zomba, fazendo gesto com as mãos, como se mostrasse todo o espaço do chão.

Eu suspiro derrotada e abaixo a alça da minha mala com ignorância.

___ O que você está fazendo aqui? ___ Pergunto.

___ Meu amigo trabalha aqui.

Provavelmente é o segurança que não gosta de trabalhar. Ele parecia bastante confortável, enquanto jogava conversa fora.

Encaro-o com insistência. Ele dá um passo a frente.

___ Como está a sua irmã?

Faço uma careta e volto a olhá-lo.

___ É... vocês a magoaram, então não conte que ela esteja bem.

___ Eu? ___ Ele faz uma expressão triste.  ___ O Jasper a magoou, eu não.

___ Ah, mas é claro, você é o anjinho da história. Nunca erra, nunca faz coisa errada.

___ Olha só... você me conhece bem.

Seu jeito com as palavras... Ele... Eu simplesmente não gosto.

___ Bom... Agora que você sabe que é um metido irritante, eu vou indo nessa. ___ Digo nervosa.

Puxo a alça da minha mala e tento voltar a caminhar, mas as mãos do Daryl agarram meu braço com força e me puxam.
Eu o encaro com desaprovação. Antes de me soltar do seu aperto, eu observo o formato dos seus lábios. São realmente convidativos.

Quem ele pensa que é para me tratar desse jeito?

___ Que isso? ___ Eu puxo meu braço de volta.

Parece que a minha resposta ao seu aperto o deixou surpreso. Aposto que quando ele faz isso com outras garotas, elas gargalham ou, se jogam em seus braços de excitação.

___ Eu nem te conheço.

__ Mas eu te conheço o suficiente para dizer que você não quer entrar nesse avião.

Ele parece bem fiel em suas palavras, mas ele não pode decidir por mim.

___ O que? Você não sabe nada da minha vida.

___ Montserrat, Montserrat, eu sei de muitas coisas. ___ Ele sorrir de forma maliciosa.

Curioso ele saber o meu nome... mas não vem ao caso, seu irmão deve ter lhe dito, assim como a minha irmã me disse que tipo de cara ele é.

___ Daryl, Daryl, eu também sei de muitas coisas. Coisas mínimas, sabe. Como... o quanto você é um idiota nesse mundo.

Passo por ele resmungando e sigo meu caminho de volta até a porta de embarque.
Paro por um momento, pensativa.

Me viro para trás e vejo o Daryl na mesma posição, parado, com seu olhar de analista.

Sem querer, meus olhos encaram seu corpo estrutural, sem deixar muito na cara que estou o observando.

___ Por que você está dizendo isso? Você nunca trocou nem duas palavras comigo.

___ Só estou dizendo o que uma pessoa que tenha trocado mais de duas palavras contigo diria.

Em outras palavras, não vá embora!

Ele me lança uma piscadela travessa e se afasta, seguindo seu caminho para fora desta área.

Parada no mesmo lugar, eu olho para os novos aviões chegando na pista, dizendo a mim mesma que um daqueles irá me levar para o meu novo recomeço.

Antes, eu me perguntava o que tinha de tão especial aqui, na Flórida. Mas me perguntando agora, eu posso responder que tudo. Eu vim para cá por um motivo. Eu decepcionei os meus pais por um motivo.
Aquele e-mail super hiper mega importante que mandei para o maior hospital psiquiatra do litoral caiu na caixa de SPAM por um motivo.

Por um motivo...

Mas algo martela em minha mente. A gente sabe que é hora de partir quando já não há mais tempo pra ficar. A gente sabe que é hora de abrir mão quando tudo escorre pelos dedos.

Mas por que abrir mão de algo que tem um motivo?

Aliás, um motivo bem certo, pra mim.

Esses motivos importam. E sei que eu indo embora, eles vão deixar de ser motivos, vão virar lembranças.

Lembranças passadas que deixei escorregar pelos meus dedos.

𝑃𝑅𝐸𝐶𝐼𝑆𝑂 𝐷𝐸 𝑀𝐴𝐼𝑆 𝑇𝐸𝑀𝑃𝑂 𝑃𝐴𝑅𝐴 𝑇𝐸 𝑂𝐷𝐼𝐴𝑅 (𝑅𝑜𝑡𝑎 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora