Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 1

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(𝑫𝒂𝒓𝒚𝒍 𝑻𝒂𝒏𝒏𝒚𝒔𝒐𝒏 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)

(𝑫𝒂𝒓𝒚𝒍 𝑻𝒂𝒏𝒏𝒚𝒔𝒐𝒏 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)

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Isso não é um sonho, é a realidade.

Estou aqui agora, indo em busca de algo... de algo maior. Algo preciso.

Me levanto e puxo minha mala de rodinha atrás de mim, caminhando até a lanchonete mais próxima.

Está frio por aqui. Eu só queria um casaco de caxemira e 100 reais.

Meu voo sai daqui a 1 hora ou até mais, com um único destino: recomeço.

Me apoio no balcão de uma lanchonete bem colorida, colocando a mala em minha frente.
Pauso a música que estou ouvindo e sorrio para a atendente, que termina de ajeitar sua touca que cobre bem seus cabelos pretos.

___ O que vai querer? Hoje temos o especial de começo de mês. ___ Ela diz sorrindo, enquanto aponta para um prato super completo no cardápio.

Opto por não comer coisa pesada, posso correr o risco de vomitar no avião.

___ Fica pra próxima. Pode me dá um suco de laranja, por favor.

A atendente perde sua animação e vai até o freezer.
Ela estaria mais animada se eu tivesse aceitado esse prato maior do que eu.

Olho para os lados e vejo uma senhora ao meu lado, ajeitando com facilidade sua mala rosa e segurando em mãos uma caixinha transparente decorada, contendo doces dentro.

A senhora dos cabelos clarinhos e aparência apresentável se vira para mim, vendo que meus olhos estão em sua caixinha.

___ Foi o meu marido que me deu. ___ Ela diz baixinho.

Eu quase tenho que me abaixar para ouvi-la.
A senhora não é tão baixa, mas são minhas botas que estão me deixando um pouco maior do que já sou.

___ Somos casados a mais de 45 anos. ___ Ela diz satisfeita.

Eu aceno com a cabeça e olho para baixo, processando e engolindo esse enorme e estrondoso tempo.
Realmente, 45 anos é muito tempo...

___ Foi ele que fez os docinhos? ___ Pergunto, interessada em saber mais sobre sua história de casamento.

___ Sim. Sempre quando saio sem ele eu ganho esses doces. Ele diz que é para ele estar junto comigo, de algum jeito, nos momentos amargos.

___ É muito bonito.

Ignoro a senhora e volto minha atenção na lanchonete, vendo a atendente adoçando meu suco.

___ Você namora?

Me volto para a senhora e engulo um seco.

___ Não. Eu coloquei freio no amor depois que me decepcionei.

Eu estudei pra caramba e trabalho pra caramba, não mereço algo menor do que meu esforço.
Todos os caras que me envolvi me decepcionaram. Cansei de colecionar dias ruins e relacionamentos curtos.

Teve um em especial. Um carinha que eu estava saindo quando me mudei para a Flórida.
Mas ele só estava brincando com a minha cara, me fazendo de joguinho, eu acho. Eu não era tão importante para ele se preocupar dia após dia.

Apesar de todas aquelas juras... no fundo, eu já sabia que não ia durar.
Então... Como? Como que algo com tão pouco significado para mim me destruiu tanto ao cair fora?

___ O que você fazia nos momentos amargos? __ Ela torna a perguntar.

___ Eu terminava. ___ Digo de forma rápida.

A senhora olha ressentida para sua caixinha decorada e depois se volta para mim.

___ Posso ser um pouco contraditória, mas em todos os momentos amargos, eu me recordo dos momentos bons, onde eu me lembrava do porquê eu decidi começar.

Ele sorrir agradecida ao pegar seu café e depois acena para mim, puxando dessa vez sua mala com dificuldade e indo embora.

Pensativo...

Pego meu suco já no balcão e passo o dinheiro para a atendente.

Arrasto minha mala até o portão de embarque, tentando um sorriso.
Eu quero ir para a Nova Zelândia, mas ao mesmo tempo não quero, por não querer deixar as poucas coisas que construir aqui e as poucas amizades que cultivei.

Paro no meio do caminho e olho para a minha mala, esperando alguém me dizer que essa minha decisão é errada e que eu deveria voltar para a minha mansão em Jacksonville.

Ignoro esses pensamentos e volto a caminhar até a porta que dá acesso a pista dos aviões.

Dando poucos goles em meu suco, eu espero pacientemente na pequena fila do portão, onde um segurança de terno e de tamanho mediano confere algo nos documentos de cada passageiro.

Meu avião não vai sair agora, mas quero entrar logo, assim não corro o risco de correr para fora do aeroporto.

Sendo a terceira da fila, eu começo a observar cada pessoa ao meu redor, vendo crianças chorando por medo e por quererem um doce das lanchonetes. Vendo casais se despedindo, enquanto choram pela dor da partida. Grupos de amigos rindo alto, por estarem viajando juntos.

E eu... indo para uma viagem sozinha, com segundas intenções de interesse particular.

Alguns seguranças passam por mim, dizendo algo em seus walkie-talkie. Um grupo de seguranças se encontram mais a frente, se cumprimentando de forma divertida e rápida.
Olho para cada porta de entrada das pistas e vejo duas pessoas em particular. Um deles é um segurança, que está conversando com um homem mais alto, de cabelos lisos e escuros.

Os dois parecem contar um tipo de piada maliciosa. O homem dos cabelos escuros se vira, me deixando de boca aberta.

Daryl Tannyson.

Ele se apoia na grade de forma sensual e observa cada pessoa passando por ele, para ser mais exata, cada mulher que passa por ele.

O que ele está fazendo aqui?

Nunca tive um certo tipo de diálogo com ele, mas conheço o seu tipo. Minha irmã me falou muito sobre ele. Como ele é desinteressado nas pessoas, como ele as usa por interesse próprio e como ele não tem sentimento.

O tipo de cara que eu odeio.

Mas não posso negar, ele exala uma sensualidade e um charme que é bem difícil de se encontrar por aí.
Seus olhos são verdes e não consigo me decidir se são bonitos ou bonitos demais.

Continuo o observando, vendo ele e o segurança sorrindo para cada mulher que passa. Pelo jeito, eles estão conseguindo a atenção que querem, já que algumas mulheres sorriem enquanto passam.

Nego com a cabeça e volto minha atenção para o portão de embarque que estou.

Merda! Essa fila não anda.

___ Eu realmente não queria ter que partir, mas é o que me resta nesse momento. ___ Diz uma voz chorosa em minha frente.

Inclino um pouco a cabeça e vejo uma garota ao lado de um homem mais velho. O homem a segura pelos ombros, tentando uma animação.

Assim como essa garota, eu acho que não estou bem.
Minha cabeça está gritando.

"Tudo bem não está sempre bem".

Digo comigo mesma, tentando me animar.

"Está tudo bem, Montserrat. Todos nós temos as nossas fases, e em algumas delas estamos vulneráveis, fracos e sem nenhum caminho".

Estou tentando cuidar de mim agora. Se a gente vive correndo, uma hora a gente cansa.

Mas o cansaço serve para descansar, não para desistir.

𝑃𝑅𝐸𝐶𝐼𝑆𝑂 𝐷𝐸 𝑀𝐴𝐼𝑆 𝑇𝐸𝑀𝑃𝑂 𝑃𝐴𝑅𝐴 𝑇𝐸 𝑂𝐷𝐼𝐴𝑅 (𝑅𝑜𝑡𝑎 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora