Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 15

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(𝑺𝒂𝒗𝒂𝒏𝒏𝒂𝒉 𝑾𝒉𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒎𝒐𝒓𝒆 𝒏𝒂 𝑴𝒊́𝒅𝒊𝒂)
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Consigo beber todo o conteúdo de água da garrafinha e sorrio.

É... era só uma dor de cabeça, mas a minha amiga está lutando para tentar enxergar o letreiro a sua frente.

___ Estou ficando cega.

___ Não, você está bêbada.

Ela para por um momento, passa a mão sobre os olhos e se volta para mim.

___ É... Eu estou bêbada.

Lhe entrego uma garrafa d'água e ela bebe rapidamente.

___ Antes, quando eu ficava ultra bêbada, sempre terminava a noite chorando por algo idiota. ___ Comento. ___ Algumas coisas em exceção, coisas que eu sempre fui forte o suficiente para não precisar me importar. Ganhavam relevância nos meus momentos de distração.

___ Que merda. É por isso que não bebe mais como antes?

Confirmo com a cabeça.

___ Que merda! É difícil ter a mente limpa quando se convive diariamente com gente fodida da cabeça. ___ Ela esbraveja. ___ Não muito diferente de mim. Todos os dias eu tento ser o mais responsável possível. Eu ainda estou tentando, mas continuo insatisfeita.

Jogo a garrafa no lixo reciclável e suspiro pesadamente.

___ São tantos problemas pra enfrentar que ficar tranquilo por um tempo acaba sendo esquisito pra caralho. ___ Digo.

___ É, por aí.

Olho para a minha amiga e vejo que ela perdeu seu sorriso torto.
Alguns minutos de silêncio tomam conta do nosso espaço e me sinto inquieta.

___ Agora... você está bem, não está? ___ Ela pergunta.

___ Aham.

___ É isso que importa. Saber que, em algum momento, ficacaremos bem novamente.

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A Sirena me puxa mais uma vez para o primeiro andar, se animando com a ideia de dançar com sua batida preferida.
Me solto da sua mão e ela continua correndo, descendo as escadas.

Não quero ter que reviver um momento desconfortável outra vez.
Estou cansanda de ouvir desculpas mentirosas.

Preciso de um tempo sozinha...

Eu me sinto confusa em relação a tudo.

Desço as escadas de forma lenta, observando onde estou pisando e vendo se alguém não vai me derrubar.

Passo pela pista, vendo a minha amiga já agarrada com um homem de sua altura. Ele é bem magrinho e está com roupas florescentes, que brilham na luz negra.

Chego ao bar e peço mais uma garrafa d'água.
Quero acreditar que esse líquido irá trazer minha sanidade de volta.

Sinto um cheiro muito bom de perfume ao meu lado e viro para olhar o dono desse cheiro intoxicante.
Resmungo ao vê o Daryl ao meu lado, sorrindo para a atendente que está babando com o copo vazio em mãos.

Ele se inclina em minha direção e tenta pegar uma mecha do meu cabelo.
Eu recuo para trás.
Ouço uma risada abafada saindo de seus lábios.

Ele volta sua atenção para a atendente e sorrir para a mesma, que suspira agraciada.
Ela está agindo como a Savannah quando falava do Jasper, abobada.

___ Vejo que optou por não viajar. ___ Ele comenta sem me olhar. Seus olhos encaram as estantes de bebidas.

___ Não, não, eu ja estou lá em Nova Zelândia, curtindo os pontos turísticos.

Resmungo mais uma vez e pego minha garrafa, descendo do banco e indo até a pista de dança.
Momentos depois, eu sinto um aperto forte em meu braço e me viro, vendo o Daryl bem próximo a mim. Puxo meu braço de volta e o encaro com negação.

Quem ele pensa que é para me segurar assim desse jeito?

___ Nervosinha você, né?

___ Ah, não... Eu só não gosto... do seu estilo...

Ele olha para a própria roupa e depois me encara.

___ Não, idiota. O estilo de cara que você é. Não combina comigo.

Até mesmo com as luzes deixando o ambiente mais escuro, eu posso ver seus olhos claros me encarando com insistência.
Droga! Não posso negar, ele é muito bonito.

___ Eu nunca lhe fiz nada. ___ Ele diz de forma calma.

___ Não importa se você fez ou não, mas magoou a minha irmã. E o seu jeito me irrita.

___ Magoei? Eu não fiz nada.

___ Claro que não! Ah, nossa, você é um completo inocente, Daryl. ___ Abro minha garrafa e bebo minha água. ___ Vai, vai lá atrás das suas garotas, eu não estou afim de conversar com você.

Me viro para continuar o meu trajeto mas ele me segura, e dessa vez, me puxa contra si.
Eu tento puxar meu braço de volta, mas ele me dá um solavanco pra frente, me fazendo segurar em seus braços.

___ Algum problema, nervosinha?

___ Eu tenho nome, idiota.

Sua proximidade está fazendo meu coração bater mais rápido e minha respiração fica desregulada.

Deus... estou perdendo a minha postura de durona.

___ Meu único problema é você. Tenho coisas mais importantes para fazer.

___ Como o que? Fugir para a Nova Zelândia?

Nervosa e irritada com suas palavras, eu jogo meu corpo para trás, me soltando de seus braços.

Ele nem me conhece para dizer isso.

Olho para a minha garrafa e depois olho para ele.
Em um movimento rápido, eu entorno o líquido todo nele.

Ele faz uma careta e se afasta para trás.
Seus olhos se fecham em raiva e ele olha para a garrafa em minhas mãos. O objeto do crime.

Jogo a garrafa em seu peito e corro para longe da pista.

Algumas pessoas que estavam perto de nós me encaram enquanto corro para longe da pista.

Que garoto escroto.

Não julgo as palavras da Savannah sobre ele. Ele trabalha e é movido a arrogância.

Entro no quartinho da pegação e pra minha sorte, não tem ninguém.
Sento no sofá e coloco as mãos sobre o rosto.

Sou surpreendida com lágrimas escapando dos meus olhos e tento fazê-las parar.
Não posso acreditar que deixei aquele cara me fazer me sentir desse jeito, frágil.
Nunca chorei por causa de palavras de pessoas que odeio. Sempre sou forte para enfrentar, mas agora... Eu não sei mais o que está acontecendo comigo.

Devia ter ouvido meus pais, quando eles disseram que ir para uma cidade grande é sinônimo de decepção.
Uma filha já foi abatida, eu estou sendo afetada.

Eu realmente não sei como estou sobrevivendo a todos esses dias.

Quanto tempo deve demorar para poderem dizer que estamos bem e isso não ser uma mentira?

Ir em busca de algo melhor não é fugir!

𝑃𝑅𝐸𝐶𝐼𝑆𝑂 𝐷𝐸 𝑀𝐴𝐼𝑆 𝑇𝐸𝑀𝑃𝑂 𝑃𝐴𝑅𝐴 𝑇𝐸 𝑂𝐷𝐼𝐴𝑅 (𝑅𝑜𝑡𝑎 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora