A Professora Ruiva

Dezenove de Agosto

- VINTE E TRÊS!

Laura falava mirando seu próprio reflexo no espelho de seu quarto. 

A morena estava contente, ansiosa para a noite. Era sexta feira. A jovem tomou seu banho, colocou seu coturno de cano baixo, uma calça montaria preta, uma regata soltinha branca e uma jaqueta preta jeans. As sextas a moça sempre usava uma roupa mais despojada para ir trabalhar. Os cabelos longos da morena estavam soltos. No lábio havia um batom nude e nos olhos, apenas rímel.

_ Mãe? Tá aí? -  A jovem falava em tom alto enquanto descia as escadas. 

Ao chegar na cozinha viu uma mesa farta de café da manhã e sua mãe com Otávio sentados observando a jovem. Ao lado de dona Vera havia uma pequena caixa que parecia uma embalagem de joia. 

_ Bebê da mamãe está ficando mais velha!! - Dona Vera disse se levantando e abraçando a filha. 

Otávio fez o mesmo. Deu um abraço na menina e afagou seus cabelos lhe desejando felicidades. 

_ Filha, comprei uma coisa para você e, sinceramente, espero que você goste. Não tem como trocar se você não gostar. - Dona Vera dizia enquanto entregava a pequena caixa para a filha. 

_ Mãe, não precisava. Olha esse café da manhã incrível. Só isso e a companhia de vocês já era o suficiente. - Laura dizia enquanto segurava a caixinha que a mãe lhe entregara. 

_ Vamos!! Abra logo, filha. 

_ Mãe, o que é isso? - Laura olhava boquiaberta para dona Vera.

 _ Olha ali fora!

Na caixinha havia uma chave e não um relógio ou um par de brincos como Laura pensava. Pela janela a jovem via na garagem uma Harley Davidson Sportster Forty-Eight vermelha e dois capacetes pretos fosco. 

_ PUTA QUE PARIU, MÃE!! Eu não estou acreditando. - Laura deu um pulo no colo da mãe e a abraçou puxando Otávio para abraçá-lo também. A jovem sabia que Otávio havia ajudado a mãe na compra porque ele sabia que a jovem pretendia comprar uma moto futuramente. 

_ Laura, mas assim, precisa ter juízo. Estou te dando, mas tenha muito cuidado!

_ Mãe, caralho, eu te amo!!! Agora preciso ir. Estou atrasada já para o trabalho e  vou bem estrear minha moto. - A jovem pegou as chaves, os documentos, amarrou o segundo capacete na moto e saiu. 

No caminho sentiu seu celular vibrar mas só conseguiu abrir a mensagem ao chegar em seu trabalho:

torpedo: Hey, baby!! Felicidades. Não vejo a hora de te encontrar. Vamos no Azucar, que tal? Te pego no trabalho? Beijnhos. Lana.

Laura sorriu ao ler a mensagem mas não respondeu. Entrou no elevador e, ao sair, sentiu o celular vibrando. "Caraca, Lana, você é imediatista mesmo" - Pensou a jovem ao pegar o celular novamente. 

torpedo:  Laura, tudo bem? Desculpe o mau jeito. Feliz aniversário para você! Espero que aproveite esse seu dia que, apesar de o céu formar uma tempestade imensa, ainda é seu dia. Aliás, parafraseando Renato Russo, a tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos. At.te Luísa. 

Laura sentiu sua boca secar enquanto lia a mensagem de Luísa. O coração da mais nova batia na garganta. 

torpedo: Luísa!! Que surpresa. Vou comemorar meu aniversário de noite. Você está convidada! At.te Laura. 

Laura apertou o celular no peito enquanto o sentia vibrar novamente com a resposta da mais velha.

torpedo: Infelizmente hoje não poderei. Tenho um compromisso com Ricardo de noite! Fica para a próxima, pode ser? Vou entrar para dar aula. Até de noite! beijos

Laura desmanchou o sorriso ao ver o nome de Ricardo na mensagem e nem se deu ao trabalho de responder a professora. Encaminhou um torpedo para Lana confirmando a comemoração e disse que iria de moto ao local. Esperaria por Lana lá. 

Não demorou muito para Paula ir cumprimentar a amiga. As duas não conversaram a sós desde a festa que Laura foi cobrir com Suzana. 

_ Olha se não é a aniversariante do dia!! - Paula disse abraçando Laura e lhe entregando uma caixa de chocolates. 

_ Mulher!!! Eu amo esse bombom. Você nunca erra! Perfeita! Sensata! - Laura dizia em  tom brincalhão enquanto abria o chocolate - Ganhei uma moto e um chocolate, o que mais eu quero da vida? 

_ Uma moto?? Caralho!! 

_ Sim, minha mãe me deu de presente. No almoço a gente sai pra comer e eu te levo na minha garupa. 

_ Sai fora, se a Suzana me vê na sua garupa ela me bate - Paula vivia fazendo piadas sobre o fato de Suzana ter uma queda por Laura -  Vai me dizer que não aconteceu nada no resort? Vocês duas no mesmo quarto.

_ Aconteceu. Mas não foi com Suzana! Ela nem está falando comigo. 

Laura contou toda a história para a amiga que ficou embasbacada com todo aquele acumulo de informações. 

_ E foi isso o que aconteceu!! 

_ Pelas barbas do profeta, Laura!!! Quanta mulher no mesmo enrosco.

_ Barbas do profeta?? Quantos anos você tem? 80? - Laura falava divertida para a amiga. 

O dia correu normalmente sem grandes surpresas. Suzana deu um buquê de rosas para Laura apesar de não estar falando com a jovem. A morena não entendia muito bem o que se passava com Suzana, mas sabia perfeitamente que era porque a jovem havia dormido em outro quanto enquanto as duas cobriam o evento. 

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POV LUÍSA

Hoje é o aniversário da Laura. Estou aqui parada no estacionamento da universidade olhando meu celular e pensando nas mensagens que acabamos de trocar. Que saco, por que o Ricardo tinha que agendar essa confraternização justo hoje?  Ontem ele me disse que todos da empresa estariam lá e que seria importante que eu fosse. Eu nem trabalho com ele. Arrg... 

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A professora deu suas aulas normalmente mas, sempre pensava no quanto queria ir à confraternização de Laura. Confraternização essa que a ela nem sabia o endereço.