Só nós duas

334 18 0
                                    


" Eu só quero sentir isso aqui..."

Los Angeles - 18:40

Pov. Beca

Eu sempre gostei de olhar o céu, principalmente de noite... O intenso azul escuro, sendo iluminado pela lua, intercalando os tons de azuis por entre as estrelas, que por sua vez, me parecem contar histórias discretamente. Com desenhos sub escondidos e um mistério impenetrável de inspiração. Prende minha atenção, minha mente... me faz querer largar tudo apenas para contemplar a beleza da noite. E me desperta algumas sensações, como um sentimento profundo de gratidão, ao mesmo tempo, uma solidão com gosto de saudade.
Assim, meus pensamentos se perdem, desfocado do trânsito barulhento desta noite de sexta-feira. Havia pegado um uber, e estava louca para chegar em casa. O dia havia sido cativante porém, muito corrido. Alex e eu tínhamos adiantado alguns compromissos para que eu tivesse o sábado e parte de domingo livre, especificamente para viajar a São Francisco com as meninas, para darmos uma mãozinha com a "reforma" da casa dos falecidos pais de Chloe. Ela havia viajado na quinta-feira (aproveitando o feriado de hoje) para resolver algumas coisas, e combinou de nos esperar para o sábado. Quando disse a ela que eu também iria, ela insistiu que não havia necessidade, e que eu deveria descansar, mais é claro que eu não dei a mínima para aquilo. Ela precisava de ajuda com a casa e eu jamais deixaria de estar lá, ao seu lado. Além do que, a última vez que tinha a-visto foi segunda-feira, e apesar de não gostar de admitir, eu estava com saudades dela. De sua presença. De seu corpo... E isso é uma coisa pela qual devo me acostumar. Eu acho. Não sei.
Enfim, as malas estavam prontas e as passagens reservadas. Eu teria uma noite longa de sono profundo e viajaria descansada.
Tudo o que eu queria na minha vida...
Observei o longo muro branco, as árvores não frutíferas que enfeitavam a calçada, até ver a entrada do condomínio.
- Obrigada moço, boa noite. Bom trabalho! - disse, saindo do Corolla cinza, antes de ouví-lo dizer "Eu que agradeço. Bom descanso".
Assim, segui para meu apartamento, cansada e com fome. Ao chegar em casa, tirei minhas botas de salto alto, o blazer e o cachecol cinza, os guardei em seus devidos lugares e me joguei em minha cama. A brisa fria que entrava pela varanda fez meus pés se encolherem um no outro.
Humm, vontade de ficar por aqui.
Meu celular vibrou no bolso do meu jeans com algumas mensagens que haviam chegado.
WhatsApp, e-mail, Messenger, Instagram... OMG.
Ser cantora e produtora era o meu sonho. Eu amava isso de não ficar longe do celular, e estar diariamente nesse meio musical, mas tinha horas... em que eu queria apenas me enfiar de baixo das minhas cobertas e não falar com ninguém, ou simplesmente, jogar meu celular pela varanda.
Não me encomendei em dar atenção a isso agora. Deixei o aparelho sobre a cama e fui até meu guarda-roupas. Separei um pijama preto com bolinhas amarelas, e segui para o banheiro. Pensei em tomar um banho de banheira, mais eu precisava de uma ducha - Sabe, lavar a alma? Então. Liguei o chuveiro e me enfiei debaixo dele.
Enquanto senti a água escorrer por entre meus membros, meus pensamentos se voltaram a ligação que havia feito com minha mãe, mais cedo. Ela havia operado a três dias, e tudo ocorreu bem. O próximo passo será a quimioterapia que começará logo. Ela parecia tranquila, mais sua voz me passou medo, escondido por trás de toda sua força, e aquilo era como uma agonia diária. Eu queria estar com ela, largar tudo e ficar perto dela. Porque embora eu ligue ou mande mensagens todos os dias para saber como ela está, sinto que não é o suficiente, sendo sua única filha. Por outro lado, ela tem meu pai, que está com ela e me incentiva a focar em minha carreira ( que sim, eu estava amando cada segundo ), dizendo que logo ela estará bem. E eu quero isso mais do que qualquer coisa.
Assim, respirei fundo, mantendo o pensamento positivo. Fiquei mais algum tempo ali, debaixo do chuveiro, até sentir meu estômago apertar de fome. Sai do box e me cobri com meu roupão novo. Ele era todo preto, e haviam desenhos de caveirinhas brancas, contornadas por um azul néon - Foi um presente que Emilly me enviou de São Diego.
Alias, estava morrendo de saudade da minha filha ;-;
Troquei algumas mensagens com ela, e Amy - que aliás, nunca mais parou em casa depois que começou a namorar um tal de Bumper. Logo após, comecei a preparar um sanduíche de presunto para eu comer. Iria me sentar no sofá para assistir alguma coisa na TV, quando campainha tocou.
Eu já levantei puta.
Quem, a essa hora veio atrapalhar meu descanso, minha privacidade e minha refeição?
Segui caminho até a porta, com passos rápidos e firmes, até abri-la e dar de cara com uma pessoa que... não era para estar na minha porta, não assim, do nada.

Secret Love Song - Bechloe Onde histórias criam vida. Descubra agora