Esperanças

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Pov. Autora

   A morte não é a maior tragédia do ser humano, é pior quando algo vital dentro da pessoa morre enquanto ela ainda está viva. Essa morte é certamente a coisa mais terrível e trágica – Daisaku Ikeda.
   É complexo explicar o que sentimos quando vemos alguém morto, principalmente, quando se trata de alguém que já vimos ou conhecíamos. Há uma espécie de compaixão maior com o luto, uma humanidade aguda que grita dentro da gente, nos fazendo sentir a perda daquela pessoa como alguém que realmente fará falta. Mesmo que você não conheça o suficiente, mas aqueles pequenos detalhes que passam despercebidos por nós, como a risada dessa pessoa, o olhar, o tom de sua voz e até mesmo a sensação da sua presença, acabam de alguma forma nos marcando.
   

Domingo, 08:00 hrs
Hillside Memorial Park Cemetery

    O sol luminoso e brilhante daquela manhã era como um enorme contraste naquela situação tão... preto e branco. Havia uma névoa acinzentada sobre a morte de Darla, sobre sua história e agora, sobre sua filha, Darbe. E essa névoa parecia ser, minimamente, compartilhada entre os demais presente ali, no funeral de Darla. Como um luto coletivo.
  

–...Santificado seja o vosso nome. Vem a nós, ao vosso reino...– as palavras do padre soavam distante para Chloe, mesmo com ele a alguns passos de distância.
   A ruiva observava o memorial de Darla, tão alienada que não percebeu que todos a sua volta rezavam junto ao padre, menos ela. Seus pensamentos vagavam melancólicos por suas lembranças, como a última conversa que teve com Darla.
   Ela conseguiu o que queria? Está em um lugar melhor? Está em um lugar pior?
   E agora? O que devo fazer? Como ficará Darbe?
   E se eu não conseguir adotar ela?
   O que eu vou fazer agora?
   E assim as perguntas rolavam por sua cabeça, uma atrás da outra enquanto ela sentia o rosto todo quente, e um desconforto no estômago, como um peso.
   

Amém! – todos disseram.
   E com todos me refiro a Aubrey e Jesse, que estavam ao lado direito de Chloe. Stacie, Amy, Flo, Jessica e Ashley que ficaram ao lado esquerdo da ruiva. E Darbe, que permaneceu de mãos dadas com Chloe, desde que chegará ali.
  Todos estavam de pé, em frente ao túmulo, debaixo de uma cerejeira que fazia sombra sobre eles, tapando o caloroso sol daquela manhã.

– Chloe? – a voz meiga de Darbe  chamou a atenção da mais velha que desviou seus olhos azuis para ela. – Você está bem?

  Chloe observa a pequena por alguns segundos.
  Ela não havia chorado desde que soube da morte da mãe, e se manteve calma até então, o que deixou Chloe um tanto confusa.
– Só estou pensando meu amor. – disse ela, se abaixando para ficar de igual para igual com a altura da menor – E você..? Como está? – perguntou sem motivação.

   A pequena sorriu de canto, com seus olhos brilhantes – Eu estou melhor. – e então, a garotinha voltou seu olhar para o túmulo, fazendo Chloe se colocar de pé novamente.
   Ela estranhava aquele comportamento. Talvez a ficha não tivesse caído, mais isso seria aceitável se tratando de outra criança, não de Darbe.
 

  Chloe sentiu uma mão em seu ombro. Olhou para trás e viu Aubrey com um pequeno sorriso fechado. Ela retribuiu, segurando gentilmente na mão da amiga.
   Aubrey mais do que ninguém sabia o que Chloe estava sentindo com tudo aquilo acontecendo de uma vez.
    Depois de algumas rezas e palavras a mais do padre, os presentes começaram a se retirar. Apenas Stacie e Aubrey permaneceram, e depois de Darbe pedir para ficar por mais algum momento, as duas se afastaram, preferindo deixar apenas Chloe e Darbe por ali.
    As duas sentaram-se na grama em frente ao túmulo, em silêncio a princípio. Chloe tinha as pernas cruzadas, segurando seu tronco com os braços, e Darbe, após alguns minutos, deitou com a cabeça no da mais velha.

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