35 - Dissolva-me!

50 3 0
                                    

35 – Dissolva-me!

Alexandra estava se sentindo viva.

Frenética. Livre. Quente.

Ela olhou ao redor sem entender onde estava. No meio de pessoas vazias. Sendo tocada – sendo sentida – por estranhos com seus copos erguidos. Seus lábios tão franzidos e seus pulmões drogados.

Seu peito ardia – e então tomou mais um gole. E mais outro. A garganta em chamas, assim como seu corpo desprendido de ritmo – torcendo-se numa dança sem fim, sensual e íntima.

O cigarro entre os lábios – a língua tateando os lábios do cara a sua frente. Ele soprou fumaça para dentro dela – e a sensação foi tão delirante. Enlaçada aos ombros dele. Movendo-se no meio dos outros. A batida da música entrando por seus ouvidos, impulsionando-a a ir mais adiante.

O reggae sendo cuspido das caixas de som. O suor molhando a pele. A fumaça branca escapando por entre as narinas. O cheiro almiscarado de sexo. As meninas sendo fodidas bem ali. O cara cheirando seu pescoço, e ela sentindo as costas fortes dele. Puxou-o para mais perto. A música soando. Ditando os passos deles.

Seus olhos procuraram conforto nas luzes verdes e vermelhas do salão, mas o clima delirante era tão bom.

Alexandra mordeu a boca dele e sorriu satisfeita, quando estava sentada nas pernas dele. Descendo e subindo com a música ao seu lado. Ele tinha mãos ligeiras, que tateavam seu corpo lívido e relaxado.

Então foi tirada de tudo isso, quando alguém a puxou para trás, desvencilhando-a do homem de pele morena.

-Você está louca? – perguntou um rapaz de olhos azuis.

-Estou me divertindo – Alexandra olhou para ele. Seu irmão. Andrew. – Ou melhor, estava.

-É tipo de você, se meter nesses clubes de reggae da periferia – ele parecia aborrecido.

-A música era boa – ela disse.

-Fumou maconha também? – ele cogitou, olhando para a irmã, que estava bem relaxada para se preocupar com broncas. – Aquele cara poderia te arrastar para um beco e de estuprar por lá!

-Até que seria legal! – Alexandra ficou dançando nas pontas dos pés, rodopiando, enquanto os dois estavam caminhando pela rua. – Ser fodida com jeito, num beco!

-Você está chapada – Andrew falou.

-Tinha umas meninas sendo comidas num canto – Alexandra disse dando risada.

-Garota, eu estou sendo responsável por você – Andrew era meio autoritário às vezes. Sempre mandão, como todos os irmãos mais velhos. Mascarando o senso de proteção com a obsessão pelo comando.

-Onde está a puta da sua namorada e a cretina da irmã dela? – perguntou Alexandra tentando soar séria, mas deu risada logo em seguida.

-Estão esperando pela gente na frente da boate! – disse Andrew.

-Essa viagem pra Barbados está sendo demais! – disse Alexandra.

-Nós voltamos pra casa amanhã à tarde – eles alcançaram a esquina da rua e viraram para a esquerda.

-Me fazer deixar Nova York é o que vocês sempre quiseram – Alexandra olhou para os carros que passavam pela grande avenida ao lado deles. – Me privar das festas e de tudo. Me mandar pra uma cidadezinha idiota. Morar com a Amanda? Fala sério!

-O marido dela é advogado lá – Andrew abraçou a irmã e os dois caminharam juntos. – Ela disse que a cidade é ótima e que você começa na nova escola na quarta.

Pirulito Cor-de-RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora