Cap. 8 - Corazón

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MADRI

PARTE III

OLIVIA

Mal chegamos à Madri e eu quero voltar para o vinhedo. Foram as melhores duas semanas que já tive. Voltei me sentindo mais leve e esperançosa. Os passaram como se estivéssemos em uma bolha de afeto, segurança e calor. Um combinado harmônico, criado por nossos sentimentos. A cada palavra doce, toque suave ou beijo intenso. Estar com Pedro, como mulher, despertou muito em mim. Uma vontade oculta de ser querida e desejada, mas ainda não sou capaz de expressar esses sentimentos em voz alta. Existem paradigmas pessoais que preciso lidar.

Sai para almoçar com a Rosa, ela está louca querendo relatos da minha escapa com o espanhol.

- Quando parou de responder as mensagens eu imaginei, de certo que estava fazendo coisa melhor. – Ela comeu um tomatinho da salada.

- Eu realmente acabei me permitindo viver tudo por lá. – As lembranças ainda são frescas.

- Pela sua cara vai se permitir por aqui também. – A Rosa deu uma risadinha.

- Na medida do possível, por causa do trabalho não podemos nos expor. – Não tenho ideia de como vamos lidar com isso.

- Uma pena, principalmente porque ele é bonito, homem assim dá trabalho. – O casal que estava na mesa ao lado se levantou. – Fica cheio de mulher facilitando e eles aproveitando.

- Não, isso é falta de caráter, nada tem com beleza. Se está com alguém é preciso respeitar. – Tomei um pouco do vinho branco. – Especialmente se existe um acordo.

- Tem razão. – O olhar dela intrigado. – Espera, isso significa que não vai sair com outros?

- Exato, queremos fazer sem interferências. Rosa, foi tudo tão intenso que acho improvável eu querer outro. – Até me sinto boba ao confessar. – O loirinho está me conquistando.

- Que bom! – Falou minha amiga com animação. – Vou torcer por você.

- Como estão as coisas na sua casa? – Pelas tom dela quando liguei convidando para o almoço, suspeito que não estejam boas.

- Na mesma ou pior, o Miguel pegou alguns plantões extra sem me consultar. Poxa, estamos com três crianças, uma delas ainda bebê, e ele se tranca naquele hospital. – Ela bebeu.

- Assim é difícil, sobrecarrega você. – Sempre o achei um pouco egocêntrico. – E a babá, aquela que estava trabalhando com vocês?

- Meu amado marido a demitiu. Ele alega que não é saudável para as crianças ter uma pessoa estranha quase vivendo conosco. – Rosália revirou os olhos azuis.

- Que besteira, eles sabem que ela é a babá. – Achei a justificativa muito absurda, mas é melhor não colocar mais lenha.

- Casamento é isso, um punhado de besteiras diárias. Se puder evite! – Ela virou o xerez de uma vez.

Não gosto de vê-la assim.

***

Cheguei cedo no escritório, o Pedro não virá na parte da manhã. Ele ligou, dizendo que precisa cuidar de uns assuntos sobre a possível invasão de propriedade. Desde que chegamos não voltamos a ficar juntos, o trabalho tem dominado a rotina. Vê-lo por esses corredores e não poder me aproximar como quero é frustrante, porém aumenta o fogo que já é alto. Eu gosto dele, e muito! Isso é inegável.

- Chefe! – Falou Mateus, meu assistente. – Tem um minuto?

- Sim. – Parei ao lado dele.

- Será que podemos voltar para São Paulo essa semana? – Indagou ele.

OliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora